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Violação e Agressão Sexual

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



A violação e agressão sexual são formas graves de violência com profundas consequências físicas e psicológicas para as vítimas. Este artigo aborda os aspetos clínicos essenciais para o seu adequado manejo médico.


Sintomas


As vítimas podem apresentar um vasto elenco de sintomas psicológicos, incluindo:


  • Medo, ansiedade e pesadelos[1]


  • Sentimentos de culpa, vergonha e baixa autoestima[1][3]


  • Depressão e ideação suicida[1][3]


  • Perturbação de stress pós-traumático (PSPT)[2]


  • Alterações no sono e apetite[1][11]


  • Dificuldades nas relações interpessoais[11]


  • Abuso de álcool ou outras substâncias[11][12]


Importa reforçar que a inexistência de sintomas psicológicos evidentes não exclui a ocorrência de agressão sexual.


Sinais Clínicos


Os sinais físicos podem incluir:


  • Lesões genitais: lacerações, equimoses ou fissuras[1][4]


  • Lesões extragenitais: hematomas, marcas de contenção ou mordeduras[4][8]


  • Hemorragia vaginal, anal ou oral[1][4]


  • Dor ou desconforto ao urinar ou evacuar[1][11]


  • Presença de fluidos corporais do agressor[5]


  • Gravidez indesejada[2][12]


  • Infeções de transmissão sexual (ITS)[2][12]


A ausência de lesões físicas não descarta a agressão sexual[2].


Exploração


A avaliação deve ser cuidadosa e empática, incluindo:


  • Anamnese pormenorizada do evento, evitando revitimização[5][6]


  • Exame físico completo com documentação de todas as lesões[5][8]


  • Inspeção genital e anal minuciosa, preferencialmente com colposcópio[5][8]


  • Fotografia forense das lesões, com consentimento da vítima[5][8]


  • Recolha de evidência (roupa, fluidos) segundo protocolos forenses[5][6]


O consentimento informado é obrigatório antes de cada passo.


Exames Diagnósticos


Recomenda-se realizar:


  • Teste de gravidez[5][6]


  • Colheitas e serologias para ITS (HIV, sífilis, hepatite B, gonorreia, clamídia)[5][6]


  • Testes toxicológicos se houver suspeita de submissão química[8]


  • Análise de DNA em amostras biológicas colhidas[5][8]


Estas análises devem ser repetidas conforme protocolos para cobrir períodos de janela infecciosa[6].


Maneio de Emergência


Na urgência, as prioridades incluem:


  1. Estabilização de lesões com risco de vida[6][10]


  2. Apoio psicológico imediato e primeiros socorros emocionais[6][10]


  3. Profilaxia para ITS, incluindo para HIV (até 72 h)[6][10]


  4. Anticoncepção de emergência (ideal até 72 h, aceitável até 120 h)[6][10]


  5. Vacinação contra hepatite B e tétano, se necessário[6][10]


  6. Recolha de prova forense (até 7 dias após o evento)[6][10]


  7. Encaminhamento aos serviços legais e apoio social[6][10]


O atendimento deve ser centrado na vítima, respeitando sempre a sua autonomia e decisões[5][6][10].


O correto manejo destas situações exige uma abordagem multidisciplinar, sensível e fundamentada em evidência. A formação contínua dos profissionais de saúde é crucial para garantir cuidados apropriados e apoiar a recuperação das vítimas.


Citações


 
 
 

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