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Utentes Anticoagulados

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



A anticoagulação é um tratamento amplamente utilizado para prevenir e tratar diversas condições tromboembólicas. Em Espanha, estima-se que 13,2 por cada 1 000 habitantes recebem anticoagulantes antagonistas da vitamina K (AVK)[7]. O manejo destes utentes requer um conhecimento aprofundado dos sintomas, sinais clínicos, métodos de exploração, provas diagnósticas e protocolos de atuação em situações de emergência.


Sintomas


Os utentes sob anticoagulação podem apresentar variados sintomas que indicam possíveis complicações do tratamento. Incluem:


  • Sangramento nas gengivas ao escovar os dentes


  • Hematomas espontâneos


  • Sangue na urina


  • Hemorragia rectal


  • Menstruação anormalmente abundante


  • Epistaxis (hemorragia nasal) frequente ou prolongada


  • Cefaleia intensa e de início súbito


  • Dificuldade súbita em falar


  • Perda súbita de força ou alterações visuais[11][9]


É essencial que os utentes estejam informados sobre estes sinais e saibam quando devem procurar assistência médica imediata.


Sinais clínicos


Os sinais em utentes anticoagulados podem variar desde manifestações leves a emergências potencialmente mortais. Destacam-se:


  • Palidez cutânea


  • Taquicardia


  • Hipotensão


  • Petéquias ou equimoses extensas


  • Hemoptise


  • Hematúria macroscópica


  • Melena ou hematoquese


  • Hematomas extensos ou em expansão


  • Sinais neurológicos focais (em caso de hemorragia intracraniana)[1][9]


A identificação precoce destes sinais é crucial para prevenir complicações graves.


Exploração física


A avaliação física deve ser meticulosa e dirigida à deteção de sinais de sangramento ou trombose, incluindo:


  • Sinais vitais (tensão arterial, frequência cardíaca, saturação de oxigénio)


  • Inspeção da pele e mucosas em busca de petéquias, equimoses ou hematomas


  • Avaliação neurológica completa


  • Auscultação cardiopulmonar


  • Palpação abdominal


  • Exame dos membros para sinais de trombose venosa profunda[2][9]


Provas diagnósticas


São essenciais para avaliar o grau de anticoagulação e detetar possíveis complicações:


  • Tempo de Protrombina (TP) e INR (International Normalized Ratio): padrão para monitorização com AVK; um INR entre 2,5‑3,5 é geralmente adequado[8].


  • Tempo de Tromboplastina Parcial ativado (TTPa): útil para monitorização com heparina.


  • Hemograma completo: avalia hemoglobina e plaquetas.


  • Função renal e hepática: importantes para ajustar dosagens.


  • Imagiologia (TAC, ecografia, ressonância): conforme suspeita, para detectar hemorragias internas ou tromboses[3][8].


Manejo na emergência


Requer ação rápida e coordenada:


  1. Avaliação inicial: ABC (via aérea, respiração, circulação).


  2. Suspensão imediata do anticoagulante.


  3. Avaliação da gravidade do sangramento e estabilização hemodinâmica.


  4. Determinação urgente do INR e outros parâmetros de coagulação.


  5. Reversão da anticoagulação:


    • AVK: vitamina K, concentrado de complexo protrombínico ou plasma fresco congelado.


    • Anticoagulantes diretos: antídotos específicos, quando disponíveis.


  6. Suporte: fluidoterapia e transfusões, se necessário.


  7. Identificação e controlo da fonte de sangramento.


  8. Monitorização contínua de parâmetros clínicos e laboratoriais[1][9][14].


O manejo de utentes anticoagulados exige uma abordagem multidisciplinar, bem como conhecimento profundo dos riscos e benefícios da terapêutica. A educação do utente, monitorização regular e ação urgente em situações críticas são fundamentais para garantir a segurança e eficácia do tratamento.


Citações:


 
 
 

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