Trauma torácico
- EmergenciasUNO
- 10 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
As lesões torácicas são frequentemente extremamente dolorosas. Uma boa analgesia é essencial nestes casos.O alívio da dor no trauma representa uma parte essencial e urgente do tratamento, não devendo ser esquecido nem adiado.
Métodos e Considerações para a Analgesia em Lesões Torácicas
Opioides Intravenosos (IV)
Embora se evite a administração de opioides fortes em doentes com traumatismo crânio-encefálico, devido ao risco de sedação e depressão respiratória, em casos de dor intensa deve ser administrada morfina IV em incrementos pequenos.
Nas lesões torácicas, a morfina deve ser administrada lentamente por via intravenosa, com monitorização respiratória cuidadosa.
A administração IV de opioides é apropriada para doentes com dor intensa secundária a trauma torácico.
A analgesia IV deve ser titulada conforme a resposta do paciente.
Evitar o uso de analgésicos IM ou SC em crianças traumatizadas.
Para a colocação de um dreno torácico, que pode ser um procedimento doloroso, é fundamental administrar analgesia opioide IV adequada a doentes conscientes.
Técnicas de Bloqueio Nervoso Regional e Anestesia Local
Os bloqueios intercostais podem oferecer boa analgesia em casos de fraturas costais.
No entanto, requerem formação específica e experiência clínica.
Não devem ser realizados em regime ambulatório.
Não realizar bilateralmente, devido ao risco acrescido de pneumotórax.
Devem ser utilizados apenas em doentes que irão ser internados.
Doentes com obesidade ou doença obstrutiva pulmonar grave apresentam maior risco de complicações com estes bloqueios.
Outras técnicas alternativas em contexto de UCI incluem a analgesia interpleural e epidural torácica, mas não são adequadas no serviço de urgência (SU).
Anestesia Epidural Torácica
Em lesões torácicas graves, a anestesia epidural torácica pode, por vezes, evitar a necessidade de ventilação com pressão positiva intermitente (IPPV).
Este procedimento exige o envolvimento de anestesia ou da unidade de cuidados intensivos (UCI).
Em contexto de UCI, doentes selecionados com segmento flutuante (flail chest) podem beneficiar desta abordagem.
Antes da realização de uma epidural torácica, é fundamental avaliar as radiografias da coluna torácica para excluir fraturas vertebrais.
Entonox®
O Entonox® deve ser evitado na presença (ou suspeita) de pneumotórax, até que este tenha sido excluído ou devidamente drenado.
Permite apenas a administração de 50% de oxigénio, o que pode ser insuficiente em doentes com compromisso respiratório.
Outras Considerações e Suportes Complementares
Administrar oxigénio com alta concentração o mais precocemente possível.
Verificar a saturação periférica de oxigénio (SpO₂) por oximetria de pulso e realizar gases arteriais (GA) se necessário.
Monitorizar a função respiratória, especialmente quando se administra morfina.
Fraturas costais isoladas e não complicadas podem ser tratadas com analgésicos orais (ex.: paracetamol + opioide fraco ± AINE).
Fraturas costais múltiplas não complicadas podem requerer internamento hospitalar para analgesia contínua e fisioterapia, dependendo da presença de outras lesões e de comorbilidades.
O segmento flutuante (flail segment) indica habitualmente uma lesão pulmonar subjacente significativa, como contusões pulmonares.
Deve ser garantida analgesia adequada para lesões torácicas associadas, como fraturas do esterno ou lesões traumáticas da aorta, frequentemente presentes em traumatismos torácicos graves.
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