Trauma na Gravidez
- EmergenciasUNO
- 23 de jun.
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MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
O trauma durante a gravidez representa uma causa importante de morbilidade e mortalidade materno-fetal não obstétrica. Aproximadamente 6–7% das gestações são complicadas por algum tipo de traumatismo, sendo os acidentes rodoviários a causa mais comum[1][2]. A abordagem a estas pacientes exige um tratamento multidisciplinar que considere as alterações fisiológicas da gravidez e os riscos tanto para a mãe como para o feto.
Sintomas
Os sintomas variam de acordo com o tipo e a gravidade do trauma. Manifestações frequentes incluem:
Dor abdominal ou pélvica
Contrações uterinas
Hemorragia vaginal
Redução ou ausência de movimentos fetais
Tonturas ou síncope
Importa salientar que a ausência de sintomas maternos não exclui complicações fetais[3].
Sinais Clínicos
A avaliação clínica deve focar-se na identificação de:
Sinais de choque hipovolémico: taquicardia, hipotensão, palidez, sudorese
Evidência de trauma abdominal: equimoses, hematomas, lacerações
Contrações uterinas
Perda de líquido amniótico
Hemorragia vaginal ativa
Alterações na frequência cardíaca fetal
Avaliação
O exame físico deve incluir:
Avaliação do estado hemodinâmico materno
Palpação abdominal cuidadosa, incluindo avaliação da altura uterina e tónus
Exame pélvico para deteção de hemorragia ou perda de líquido amniótico
Auscultação da frequência cardíaca fetal
Avaliação da atividade uterina
As manobras de Leopold devem ser realizadas para determinação da apresentação fetal[4].
Exames Diagnósticos
Os exames recomendados incluem:
Ecografia obstétrica: para avaliar a viabilidade fetal, localização da placenta, quantidade de líquido amniótico e despiste de descolamento placentário[5]
Monitorização fetal eletrónica: para avaliação do bem-estar fetal e deteção de contrações
Teste de Kleihauer-Betke: para quantificação de hemorragia feto-materna
Hemograma completo, tipagem sanguínea e provas cruzadas
Estudo da coagulação
Outros exames imagiológicos (radiografia, TAC), conforme indicação clínica, ponderando risco-benefício
Abordagem em Situações de Emergência
A abordagem inicial deve seguir o protocolo ABCDE, priorizando a estabilização materna:
Colocar a paciente em decúbito lateral esquerdo para evitar compressão aortocava[6]
Garantir via aérea permeável e oxigenação adequada
Controlar hemorragias e iniciar reposição volémica
Monitorização contínua dos sinais vitais maternos e da frequência cardíaca fetal
Avaliação rápida da idade gestacional e viabilidade fetal
Administrar imunoglobulina anti-D em mulheres Rh negativas
Considerar tocólise em caso de contrações uterinas prematuras
Avaliação obstétrica urgente e considerar cesariana de emergência se houver comprometimento materno ou fetal[7]
O tratamento subsequente dependerá dos achados clínicos, exigindo uma abordagem multidisciplinar entre trauma, cirurgia, obstetrícia e neonatologia.
O trauma na gravidez representa um desafio clínico significativo, exigindo elevado índice de suspeição e gestão estruturada, respeitando a fisiologia materna e assegurando o bem-estar fetal.
Citações
[7] https://repository.ces.edu.co/bitstream/handle/10946/8677/Guía para el manejo adecuado de la mujer gestante con shock hemorrágico secundario a trauma por accidente de tránsito.pdf?isAllowed=y&sequence=1
[9] https://www.healthychildren.org/Spanish/ages-stages/prenatal/Paginas/tests-during-pregnancy.aspx
[10] https://www.msdmanuals.com/es-ec/professional/ginecología-y-obstetricia/abordaje-de-la-mujer-embarazada-y-atención-prenatal/evaluación-de-la-paciente-obstétrica
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