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Tosferina

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



A tosferina, também conhecida como coqueluche ou pertussis, é uma infeção respiratória altamente contagiosa causada principalmente pela bactéria Bordetella pertussis[1][2]. Apesar da disponibilidade de vacinas, a tosferina continua a ser um problema de saúde pública a nível mundial, com um aumento significativo de casos nas últimas décadas, mesmo em populações com elevadas taxas de vacinação[2].


Sintomas


A tosferina caracteriza-se por três fases clínicas distintas:


  • Fase catarral: Dura cerca de 1–2 semanas e apresenta sintomas semelhantes a um constipado comum, incluindo rinorreia, espirros, febrícula e tosse leve[4][8].


  • Fase paroxística: Estende-se por 2–6 semanas, caracterizada por ataques de tosse violenta e rápida (paroxismos), seguidos de estridor inspiratório típico—o chamado “galo”[4][8].


  • Fase de convalescença: Pode durar semanas ou meses, com redução gradual da frequência e gravidade dos episódios de tosse[4].


Sinais Clínicos


Os sinais clínicos mais relevantes incluem:


  • Tosse paroxística: episódios de tosse rápida e intensa, seguidos do “galo” inspiratório característico[4][8].


  • Vómitos pós-tosse: frequentemente observados após os ataques de tosse[4][11].


  • Cianose: especialmente em lactentes, pode ocorrer coloração azulada da pele durante os episódios de tosse[11].


  • Apneia: particularmente perigosa em crianças com menos de 6 meses[4][11].


Exame Clínico


A exploração médica deve incluir:


  • Avaliação do estado geral e sinais vitais.


  • Auscultação pulmonar: geralmente normal entre os paroxismos[1].


  • Observação dos episódios de tosse, para identificar o “galo” inspiratório[4].


  • Avaliação de sinais de complicações: cianose, dificuldade respiratória, sinais de desidratação[11].


Testes Diagnósticos


O diagnóstico baseia-se na combinação de achados clínicos e exames laboratoriais:


  • Cultura nasofaríngea: considerada o padrão-ouro, embora a sensibilidade diminua com a evolução da doença ou uso prévio de antibióticos[3][8].


  • PCR (reação em cadeia da polimerase): mais sensível do que a cultura, especialmente em fases tardias da doença[3][8].


  • Serologia: útil em fases tardias, mas não recomendada para diagnóstico no início da infeção[3].


  • Hemograma: pode mostrar leucocitose com linfocitose relativa[4].


  • Radiografia torácica: pode estar normal ou mostrar infiltrados perihilares em casos complicados[4].


Manejo em Emergência


O manejo da tosferina no serviço de urgência deve incluir:


  1. Avaliação rápida do estado respiratório e hemodinâmico.


  2. Isolamento respiratório para evitar a transmissão[1].


  3. Oxigenoterapia se necessário, especialmente em lactentes com apneia ou cianose[11].


  4. Início precoce de antibioterapia: eritromicina é o antibiótico de eleição, podendo também ser usadas azitromicina ou claritromicina[4][11].


  5. Manejo da tosse: evitar antitússicos, pois não são eficazes e podem ser prejudiciais[4][11].


  6. Hidratação: garantir ingestão adequada de líquidos; considerar via intravenosa se o vómito for frequente[11].


  7. Decisão de internamento hospitalar: recomendada em lactentes <6 meses, pacientes com complicações ou de alto risco de evoluir para formas graves[11].


A tosferina continua a ser uma doença de grande relevância clínica e epidemiológica. O diagnóstico precoce e o manejo adequado são essenciais para reduzir a morbilidade e mortalidade associadas, especialmente em grupos de alto risco, como os lactentes. A implementação de estratégias preventivas, incluindo vacinação das grávidas e atualização dos esquemas de vacinação em adolescentes e adultos, é crucial para controlar esta doença reemergente.


Citações:


 
 
 

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