Taquicardias de Complexo Estreito
- EmergenciasUNO
- 11 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
As taquicardias de complexo estreito são ritmos cardíacos rápidos com frequência superior a 100 batimentos por minuto, caracterizados pela presença de complexos QRS estreitos no eletrocardiograma (ECG)[1]. Estas arritmias têm geralmente origem supraventricular, ou seja, acima da bifurcação do feixe de His, embora existam exceções raras de taquiarritmias ventriculares com QRS estreito[1].
Sintomas
Os doentes com taquicardias de complexo estreito podem apresentar:
Palpitações[1]
Ansiedade[1]
Preocupação[1]
É importante referir que alguns doentes podem não apresentar dispneia nem dor torácica[1].
Sinais Clínicos
Os sinais clínicos observáveis incluem:
Taquicardia (frequência cardíaca elevada, geralmente superior a 100 bpm)[1][2]
Ritmo cardíaco regular ou irregular, dependendo do tipo de taquicardia[2]
Ausência de sinais de insuficiência cardíaca em casos não complicados[1]
Exame Físico
Durante a avaliação clínica, podem ser observados os seguintes achados:
Auscultação cardíaca: tons cardíacos rítmicos, taquicárdicos, geralmente sem sopros[1]
Auscultação pulmonar: murmúrio vesicular presente, sem ruídos adventícios[1]
Ausência de ingurgitamento jugular[1]
Ausência de edemas maleolares[1]
Sem sinais de trombose venosa profunda[1]
Meios Complementares de Diagnóstico
O diagnóstico baseia-se principalmente em:
Eletrocardiograma (ECG): exame essencial, que deve ser realizado durante o episódio:
Complexos QRS estreitos (< 120 ms)[2]
Frequência cardíaca aumentada[1][2]
Presença ou ausência de ondas P[1][2]
Análise do ECG: segundo as recomendações da American Heart Association (AHA), devem ser feitas três perguntas chave:
Existem complexos QRS com aparência normal?
Existem ondas P com aparência normal?
Qual é a relação entre as ondas P e os complexos QRS?[2]
Manobras diagnósticas:
Manobras vagais (massagem do seio carotídeo, manobra de Valsalva)[1]
Administração de fármacos bloqueadores do nó auriculoventricular (ex.: adenosina)[1]
Abordagem na Urgência
O tratamento das taquicardias de complexo estreito em contexto de emergência inclui:
Avaliação inicial:
Monitorização contínua por ECG[1]
Medição de sinais vitais (PA, SpO₂, FC)[1]
Estabilização:
Acesso venoso periférico[1]
Administração de soro fisiológico[1]
Manobras vagais:
Tentativa de reversão da taquicardia com manobras vagais[1][3]
Tratamento farmacológico:
Se ineficácia das manobras vagais, administrar adenosina[1]
Dose inicial habitual: 6 mg em bolus rápido[1]
Monitorização pós-tratamento:
Observação da resposta terapêutica[1]
Realização de ECG de controlo[1]
Decisão de alta ou referenciação:
Se a taquicardia reverter e o doente estiver assintomático, pode ser considerado para alta[1]
Aconselhar seguimento em consulta de Cardiologia (Unidade de arritmias)[1]
É fundamental recordar que a abordagem às taquicardias de complexo estreito exige diagnóstico rápido e preciso, seguido de tratamento adequado. A correta interpretação do ECG, bem como a aplicação de manobras diagnósticas e terapêuticas, são essenciais para o sucesso do tratamento destes doentes em ambiente de urgência.
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