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Tétano

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



O tétano é uma doença infecciosa grave causada pela bactéria Clostridium tetani, que afeta o sistema nervoso e pode ser potencialmente letal. Este artigo aborda os aspetos fundamentais do tétano, incluindo sintomas, sinais clínicos, avaliação, testes diagnósticos e manejo em situações de emergência.


Sintomas


O tétano apresenta sintomas gradualmente, entre 3 e 21 dias após a infeção, com média de 10 dias[2]. Os sintomas mais frequentes são:


  • Rigidez muscular, especialmente na mandíbula (trismo)


  • Dificuldade em engolir (disfagia)


  • Inquietação e irritabilidade


  • Rigidez no pescoço, braços e pernas


  • Espasmos musculares dolorosos


  • Dificuldade em respirar


  • Febre


  • Suor excessivo


  • Taquicardia


Em casos avançados, os pacientes podem sofrer espasmos musculares generalizados e dolorosos que duram vários minutos, frequentemente provocados por estímulos leves como ruídos altos ou contacto físico[2].


Sinais Clínicos


Os principais sinais clínicos incluem:


  • Trismo ou “mandíbula fechada”


  • Risus sardónico, expressão típica com sorriso fixo e elevação das sobrancelhas[1]


  • Opistótono, rigidez corporal com curvatura da coluna e nuca[1]


  • Espasmos musculares tônicos generalizados


  • Dificuldade respiratória


  • Alterações na pressão arterial e frequência cardíaca


  • Retenção urinária ou obstipação devido a espasmo dos esfíncteres[1]


Avaliação Clínica


A avaliação física deve incluir:


  • Avaliação da rigidez muscular, especialmente na mandíbula e pescoço


  • Pesquisa de feridas ou lesões que possam ser a porta de entrada da bactéria


  • Avaliação da função respiratória


  • Exame neurológico para avaliar o estado mental e reflexos


  • Monitorização de sinais vitais, incluíndo tensão arterial, frequência cardíaca e temperatura[1][2]


Testes Diagnósticos


O diagnóstico do tétano baseia-se principalmente na avaliação clínica. Contudo, alguns testes complementares podem ser realizados:


  • Cultura da ferida: apenas 30% dos casos resultam no isolamento da bactéria[3]


  • Deteção molecular (PCR) de cepas toxigénicas de C. tetani[3]


  • Teste de inoculação em ratinho (MIT) para detectar toxina tetânica[3]


  • Testes gerais de laboratório para avaliar a condição do paciente


É importante salientar que não existe um teste laboratorial amplamente disponível para o diagnóstico definitivo do tétano[8].


Manejo em Emergência


O tétano é uma urgência médica que exige hospitalização imediata. O protocolo de emergência inclui:


  1. Estabilização do paciente


    • Garantir a via aérea e suporte respiratório, se necessário


    • Monitorização de sinais vitais


    • Controlo de espasmos musculares com sedativos como diazepam ou midazolam[7]


  2. Administração de imunoglobulina antitetânica


    • Deve ser administrada imediatamente para neutralizar a toxina circulante[6][7]


  3. Limpeza e desbridamento da ferida


    • Remoção de tecido necrótico e corpos estranhos para reduzir produção de toxinas[7]


  4. Antibiótico-terapia


    • Metronidazol ou penicilina para erradicar C. tetani[1][7]


  5. Manejo de complicações


    • Controlo da disfunção autonómica com betabloqueantes ou magnésio


    • Prevenção de tromboembolismo venoso


    • Suporte nutricional


  6. Imunização ativa


    • Iniciar ou completar a vacinação antitetânica[6]


O tratamento do tétano exige um enfoque multidisciplinar numa unidade de cuidados intensivos, com atenção especial à prevenção e tratamento de complicações como insuficiência respiratória, disautonomia e fracturas[1][7].


O tétano continua a ser uma doença grave com elevada taxa de mortalidade se não tratado devidamente. O diagnóstico precoce e o manejo rápido e agressivo em situação de emergência são cruciais para melhorar o prognóstico dos doentes — uma condição que, felizmente, é prevenível através da vacinação.


Citações:


 
 
 

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