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Sintomas sem explicação médica

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



Os sintomas sem explicação médica, também conhecidos como sintomas medicamente inexplicáveis (SMI) ou perturbações somatoformes, representam um desafio significativo na prática clínica. Estes sintomas caracterizam-se por queixas somáticas persistentes para as quais os exames e esforços diagnósticos não revelam uma patologia orgânica subjacente[2]. A prevalência destes sintomas nos cuidados de saúde primários varia entre 40,2% e 49,0%, o que sublinha a importância da sua compreensão e abordagem adequada[2].


Sintomas


Os sintomas sem explicação médica podem manifestar-se de várias formas e afetar múltiplos sistemas do corpo. Alguns dos sintomas mais comuns incluem:


  • Dor crónica em várias partes do corpo


  • Fadiga persistente


  • Problemas gastrointestinais (como cólicas e diarreia)


  • Dificuldades respiratórias


  • Tonturas e vertigens


  • Zumbidos (tinnitus)


  • Anorgasmia


  • Dor torácica não cardíaca


  • Dor pélvica crónica[1][5]


É importante salientar que estes sintomas são reais para o paciente e podem causar um sofrimento emocional significativo[1].


Sinais clínicos


Embora os sinais clínicos objetivos possam ser limitados nos casos de sintomas sem explicação médica, alguns indicadores incluem:


  • Ansiedade generalizada sobre a saúde


  • Preocupação excessiva com os sintomas somáticos


  • Crenças exageradas acerca da gravidade dos sintomas


  • Dificuldade em encontrar soluções no sistema de saúde


  • Incapacidade desproporcional em relação aos achados objetivos


  • Emoções negativas dirigidas ao médico ou à equipa de saúde[1]


Exame clínico


O exame físico tem um papel crucial na avaliação dos sintomas sem explicação médica. O médico deve realizar uma avaliação completa que inclua:


  • Avaliação dos sinais vitais


  • Observação do aspeto geral do paciente


  • Exame detalhado das áreas relacionadas com os sintomas relatados


  • Pesquisa de sinais gerais de doença, como fraqueza, palidez ou dificuldade respiratória[3]


É fundamental que o exame seja minucioso para excluir causas orgânicas e estabelecer uma relação de confiança com o paciente.


Exames complementares


Os exames diagnósticos em casos de sintomas sem explicação médica devem ser criteriosamente selecionados para evitar procedimentos desnecessários. A abordagem deve incluir:


  • Análises sanguíneas básicas


  • Exames de imagem não invasivos, como radiografias ou ecografias


  • Exames mais específicos apenas quando claramente indicados


Os médicos devem considerar a precisão dos exames, os riscos envolvidos e o custo económico ao decidir as provas a realizar[3]. É crucial evitar exames “por precaução”, pois podem aumentar a ansiedade do paciente e o risco de resultados falsamente positivos[3].


Abordagem em Emergência


A abordagem de pacientes com sintomas sem explicação médica em contexto de emergência requer equilíbrio:


  • Avaliação inicial rápida para excluir condições potencialmente fatais


  • Tratamento de sintomas agudos que possam requerer intervenção imediata


  • Tranquilização e apoio emocional ao paciente


  • Evitar procedimentos invasivos desnecessários


  • Coordenação do seguimento com o médico de cuidados primários para uma abordagem a longo prazo[4][9]


É essencial que a equipa de urgência esteja treinada para reconhecer os sinais de perturbações somatoformes e prestar cuidados compassivos sem desvalorizar as preocupações do paciente[8].


Os sintomas sem explicação médica representam um desafio importante que exige uma abordagem integral, centrada no paciente e baseada na evidência.


A colaboração entre diferentes especialidades médicas e a consideração de fatores psicossociais são essenciais para oferecer cuidados eficazes e melhorar a qualidade de vida destes pacientes.


Citações


 
 
 

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