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Síndrome Respiratório Agudo Severo (SARS)

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



O síndrome respiratório agudo severo (SARS) é uma doença respiratória viral potencialmente mortal causada pelo coronavírus SARS‑CoV. Foi reconhecida como uma ameaça global em março de 2003, surgindo no sul da China em novembro de 2002 e espalhando‑se rapidamente por mais de 24 países[1][2]. Embora não se tenham detetado casos desde 2004, o SARS mostrou o quão rapidamente uma infeção pode espalhar‑se num mundo altamente móvel e interconectado[2].


Sintomas


Os sintomas do SARS surgem geralmente entre 2 e 10 dias após o contacto com o vírus[4]. Inicialmente, apresenta‑se uma fase febril com sintomas semelhantes aos da gripe:


  • Febre elevada (> 38 °C), muitas vezes até 40 °C


  • Calafrios e arrepios


  • Cefaleia


  • Mal‑estar geral


  • Mialgias


  • Fadiga


Em alguns casos, também se verifica:


  • Anorexia


  • Tonturas


  • Odinofagia


  • Náuseas e vómitos[3]


Após 3 a 7 dias, os doentes entram na fase respiratória, caracterizada por:


  • Tosse seca


  • Dispneia


  • Hipoxemia, que pode progredir rapidamente para insuficiência respiratória[2][3]


Sinais Clínicos


Os sinais clínicos mais relevantes incluem:


  • Febre persistente (> 38 °C)


  • Taquipneia


  • Taquicardia


  • Hipoxemia


  • Em casos graves, desenvolvimento de síndrome de desconforto respiratório agudo (SDRA)[1][5]


Exame Físico


O exame pode revelar:


  • Respiração curta


  • Sons respiratórios anormais, especialmente nas bases pulmonares


  • Crepitações


  • Transmissão aumentada das vibrações vocais


  • Sopro tubárico


  • Matidez à percussão


  • Egofonia[3][6]


Importa salientar que os achados ao exame físico podem ser mínimos em comparação com anormalidades radiológicas[3].


Exames Diagnósticos


O diagnóstico baseia-se numa combinação de critérios clínicos, epidemiológicos e laboratoriais:


  • Radiografia torácica: infiltrações pulmonares compatíveis com pneumonia ou SDRA[1][5]


  • Tomografia computorizada (TC): pode mostrar opacidades em vidro fosco e consolidações, predominantemente subpleurais e posteriores[3]


  • Exames laboratoriais:


    • Hemograma: leucopenia, linfopenia, trombocitopenia[3]


    • Bioquímica: elevação de LDH, CPK, transaminases hepáticas[3]


    • Coagulação: TTPA prolongado, elevação de D‑dímeros[3]


  • Testes específicos para SARS‑CoV:


    • PCR: deteção de ARN viral[3][5]


    • Serologia: ELISA ou imunofluorescência indireta para anticorpos[3][5]


    • Isolamento viral em cultura celular[3][5]


Manejo em Emergência


O manejo do SARS em contexto de emergência assenta em suporte clínico e prevenção da transmissão:


  • Isolamento imediato em quarto com pressão negativa[1][2]


  • Uso de equipamento de proteção individual (EPI) pelo pessoal clínico[1]


  • Oxigenoterapia para garantir saturações adequadas[2][6]


  • Ventilação mecânica em casos graves[2][6]


  • Tratamento sintomático: antipiréticos para febre e fluidoterapia[6]


  • Antibióticos de amplo espectro para complicações bacterianas secundárias[4][6]


  • Monitorização estreita de sinais vitais e função respiratória[6]


  • Notificação imediata às autoridades de Saúde Pública[1][2]


Embora não exista tratamento específico comprovado para o SARS, foram usados antivirais como ribavirina e corticosteroides em alguns casos, sem evidência clara de eficácia[2][4].


O SARS representa um desafio significativo para os sistemas de saúde devido à sua propagação rápida e potencial gravidade. A deteção precoce, isolamento e suporte clínico são cruciais para o seu manejo eficaz.


Citações:


 
 
 

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