Síndrome de Reiter (Artrite Reativa)
- EmergenciasUNO

- 15 de jul.
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MANUAL DE EMERGÊNCIAS MENORES
A síndrome de Reiter, atualmente conhecida como artrite reativa, é uma condição inflamatória que se desenvolve como resposta a uma infeção noutra parte do corpo, geralmente do trato gastrointestinal ou geniturinário. Os sintomas característicos incluem artrite assimétrica, uretrite (inflamação da uretra) e conjuntivite.
Afeta predominantemente homens jovens e está associada ao antigénio HLA-B27. A doença envolve com maior frequência as articulações dos membros inferiores, como joelhos, tornozelos e pés.
Diagnóstico
O diagnóstico da artrite reativa baseia-se na apresentação clínica, surgindo a artrite 1 a 4 semanas após uma infeção intestinal (por Salmonella, Shigella, Yersinia ou Campylobacter) ou geniturinária (geralmente por Chlamydia trachomatis).
Os achados clínicos incluem:
Artrite assimétrica em grandes articulações
Dactilite (dedos em “salsicha”)
Entesite (inflamação nos locais de inserção de tendões/ligamentos)
Sintomas extra-articulares, como conjuntivite ou uveíte
As análises podem revelar PCR e VSG elevadas e, nalguns casos, HLA-B27 positivo. O líquido sinovial não apresenta bactérias.
Diagnóstico Diferencial
Condição | Características Distintivas |
Artrite séptica | Infeção ativa na articulação, líquido sinovial purulento, cultura positiva, febre elevada |
Artrite gonocócica | Infeção sexual recente, tenossinovite, lesões pustulosas cutâneas, cultura gonocócica positiva |
Gota | Artrite monoarticular, cristais de urato no líquido sinovial, crises agudas, frequentemente no 1.º dedo do pé |
Espondilite anquilosante | Envolvimento axial com sacroileíte, rigidez matinal, sem infeção prévia |
Lúpus eritematoso sistémico | Afeção multissistémica, serologias positivas (ANA, anti-DNA), lesões cutâneas, sem história de infeção prévia |
Abordagem na Urgência
O tratamento de emergência da síndrome de Reiter foca-se no controlo da dor e da inflamação. São utilizados anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) como ibuprofeno ou naproxeno.
Em casos de artrite grave ou persistente, podem ser administrados corticosteroides sistémicos ou intra-articulares.
Caso a infeção desencadeante ainda esteja ativa (ex: Chlamydia), estão indicados antibióticos específicos. Os sintomas extra-articulares, como conjuntivite, são tratados de forma sintomática, por exemplo com colírios anti-inflamatórios.
Tratamento Definitivo
O tratamento a longo prazo inclui:
AINEs contínuos para controlo sintomático
Em casos persistentes/refratários, fármacos antirreumáticos modificadores da doença (DMARDs) como sulfassalazina ou metotrexato
Nos casos resistentes, podem ser necessários biológicos, como inibidores do TNF
O tratamento precoce e adequado da infeção inicial é essencial para prevenir recidivas. A fisioterapia é importante para preservar a função articular e prevenir rigidez.

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