Síndrome de Abstinência Alcoólica
- EmergenciasUNO
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MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
A síndrome de abstinência alcoólica (SAA) é uma condição clínica que ocorre em indivíduos com dependência física do álcool quando reduzem ou suspendem abruptamente o seu consumo[1][6]. Esta síndrome representa um desafio significativo nos cuidados médicos de urgência devido à sua potencial gravidade e à necessidade de uma intervenção oportuna e eficaz.
Sintomas
Os sintomas da SAA tendem a surgir entre 6 e 24 horas após a última ingestão de álcool[1]. A apresentação clínica pode variar desde manifestações ligeiras até complicações potencialmente fatais. Os sintomas mais comuns incluem:
Ansiedade e irritabilidade
Náuseas e vómitos
Sudorese intensa
Tremores, especialmente nas mãos
Insónia
Taquicardia
Hipertensão arterial
Alterações do humor
Cefaleias
Nos casos mais graves, podem ocorrer alucinações visuais, auditivas ou tácteis, assim como crises convulsivas[1][5].
Sinais clínicos
Os sinais clínicos da SAA refletem hiperatividade do sistema nervoso autónomo e alterações neurológicas. Os principais sinais incluem:
Hipertermia
Taquicardia
Hipertensão arterial
Tremor visível, sobretudo nos membros superiores
Sudorese excessiva
Midríase
Hiperreflexia
Agitação psicomotora
Nos casos de delirium tremens, a forma mais grave da SAA, observa-se ainda desorientação, confusão severa e alterações do estado de consciência[1][5].
Avaliação
A avaliação clínica do paciente com suspeita de SAA deve ser exaustiva e incluir:
Anamnese detalhada, incluindo padrão de consumo de álcool e outras substâncias, antecedentes de episódios anteriores de abstinência e comorbilidades
Exame físico completo, com especial atenção aos sinais vitais, estado neurológico e sinais de complicações
Avaliação do estado mental e nível de consciência
Aplicação de escalas clínicas, como a CIWA-Ar (Clinical Institute Withdrawal Assessment for Alcohol, revised), que permite quantificar a gravidade da SAA[1]
Provas diagnósticas
Embora o diagnóstico da SAA seja essencialmente clínico, recomendam-se os seguintes exames complementares:
Hemograma completo
Eletrólitos séricos, incluindo magnésio
Provas de função hepática
Tempo de protrombina e tempo parcial de tromboplastina
Glicemia
Níveis de álcool no sangue
Gasometria arterial
Em casos selecionados, pode ser necessária neuroimagem (TC ou RM cerebral) e punção lombar para excluir patologias do sistema nervoso central que possam simular ou complicar o quadro clínico da SAA[3][5].
Abordagem em Urgência
O tratamento da SAA no serviço de urgência deve ser imediato e dirigido ao controlo dos sintomas, prevenção de complicações e suporte adequado. Os princípios fundamentais incluem:
Avaliação inicial e monitorização contínua dos sinais vitais e do estado neurológico
Hidratação adequada, preferencialmente por via intravenosa
Correção de alterações eletrolíticas e metabólicas
Administração de tiamina para prevenir encefalopatia de Wernicke
Tratamento farmacológico:
As benzodiazepinas constituem a base do tratamento, com o diazepam e o lorazepam como opções mais utilizadas[1][4]
Em casos refratários ou complicados, pode ser necessário utilizar outros fármacos como propofol ou dexmedetomidina[2]
Prevenção e gestão de complicações como convulsões ou delirium tremens
Avaliação da necessidade de internamento hospitalar versus tratamento ambulatório, com base na gravidade do quadro e nos fatores de risco do paciente
A SAA representa um desafio clínico significativo que exige uma abordagem multidisciplinar e um maneio cuidadoso. A identificação precoce, a avaliação rigorosa e o tratamento atempado são cruciais para melhorar o prognóstico e reduzir a morbilidade e mortalidade associadas a esta condição.
Citações
[3] https://www.msdmanuals.com/es/professional/temas-especiales/drogas-ilícitas-y-tóxicas/intoxicación-y-abstinencia-alcóholica
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