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Reações Distónicas

MANUAL DE URGÊNCIAS MENORES



As reações distónicas consistem em contrações musculares involuntárias e sustentadas que resultam em posturas anormais ou espasmos. Estas manifestações são, na maioria dos casos, induzidas por medicamentos, especialmente os que bloqueiam os recetores de dopamina, como os antipsicóticos e alguns antieméticos (por exemplo, a metoclopramida).


As distonias podem afetar qualquer grupo muscular, mas ocorrem com maior frequência no pescoço (torcicolo), mandíbula (trismo), olhos (crise oculógira) e membros.


Diagnóstico


O diagnóstico é clínico, baseado no início súbito de movimentos involuntários, posturas anómalas ou espasmos musculares após a administração de fármacos conhecidos por induzir distonia. Os sintomas podem surgir horas ou dias após o início da terapêutica.


O exame físico revela contrações musculares sustentadas ou espasmos dolorosos. É essencial excluir causas neurológicas ou estruturais. A história recente de uso de antipsicóticos, metoclopramida ou outros fármacos dopaminérgicos auxilia na confirmação do diagnóstico.


Diagnóstico Diferencial

Patologia

Características

Síndrome neuroléptico maligno

Rigidez muscular, hipertermia, alterações do estado mental; associado a antipsicóticos

Crise convulsiva

Movimentos musculares rítmicos com perda de consciência

Tétano

Espasmos musculares generalizados, geralmente com história de ferida contaminada

Espasmo hemifacial

Movimentos involuntários faciais, sem relação medicamentosa

Enxaqueca basilar

Cefaleia com crise oculógira, sem associação com medicamentos

Abordagem em Urgência


O tratamento imediato consiste na administração de um anticolinérgico, como biperideno ou benztropina, que geralmente reverte os sintomas de forma rápida. Diazepam ou lorazepam também podem ser utilizados como adjuvantes para o alívio dos espasmos musculares.


É fundamental suspender o medicamento causador. O paciente deve ser monitorizado até à resolução completa do quadro, de forma a prevenir recorrências.


Tratamento Definitivo


O tratamento definitivo consiste na suspensão ou ajuste da dose do fármaco responsável pela reação distónica. Caso o uso de antipsicóticos seja indispensável, poderá ser necessário recorrer a medicamentos com menor risco de efeitos extrapiramidais ou ajustar o regime terapêutico.


Em determinadas situações, pode justificar-se a profilaxia com anticolinérgicos ou benzodiazepinas se a suspensão do agente não for viável. É fundamental educar o paciente quanto à identificação precoce dos sintomas, permitindo a intervenção atempada e evitando episódios futuros.

 
 
 

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