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Raiva

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



A raiva é uma doença viral zoonótica que afeta o sistema nervoso central, causada por um vírus do género Lyssavirus. Esta doença, se não tratada atempadamente, é quase sempre fatal. A seguir, apresenta-se uma análise detalhada dos aspetos mais relevantes da raiva.


Sintomas


Os sintomas iniciais da raiva são inespecíficos e podem confundir-se com os de uma gripe comum, incluindo:


  • Febre


  • Cefaleia


  • Mal-estar geral


  • Fraqueza


  • Ansiedade


  • Confusão


À medida que a doença progride, surgem sintomas mais característicos como:


  • Insónia


  • Agitação


  • Comportamento estranho ou bizarro


  • Alucinações


  • Hidrofobia (medo da água)


  • Aerofobia (medo das correntes de ar)


  • Secreção salivar excessiva[1][2]


Sinais clínicos


A raiva pode manifestar-se de duas formas clínicas principais:


Raiva furiosa (80% dos casos):


  • Hiperatividade


  • Excitação extrema


  • Hidrofobia


  • Aerofobia


  • Espasmos musculares


  • Convulsões


Raiva paralítica (20% dos casos):


  • Paralisia muscular gradual


  • Fraqueza progressiva


  • Coma[3][4]


Em ambos os casos, a doença progride rapidamente para coma e morte por falência cardiorrespiratória, normalmente entre 2 a 10 dias após o início dos sintomas[3].


Exame físico


A avaliação clínica em pacientes com suspeita de raiva deve incluir:


  • Avaliação neurológica completa


  • Pesquisa de sinais de mordeduras ou arranhões de animais


  • Avaliação do estado mental e do comportamento


  • Exame da função motora e sensorial


  • Avaliação de reflexos, especialmente faríngeos e laríngeos[4]


É importante notar que, nas fases iniciais, os sinais podem ser normais.


Testes diagnósticos


O diagnóstico definitivo baseia-se em testes laboratoriais. As principais análises incluem:


  • Biópsia cutânea na nuca com teste direto de anticorpos fluorescentes – método de eleição


  • PCR em LCR, saliva ou tecido


  • Deteção de anticorpos anti-raiva no soro e LCR


  • Neuroimagem (TC ou RM) – pode ser normal ou mostrar alterações inespecíficas[4][5]


Manejo em emergências


Em contexto de urgência, o enfoque na raiva recai na profilaxia pós‑exposição, pois, após surgirem sintomas, a doença é quase sempre letal. O protocolo inclui:


  1. Limpeza imediata e profunda da ferida com água e sabão, durante pelo menos 15 minutos


  2. Aplicação de antisséptico, como cloreto de benzalcónio


  3. Administração de imunoglobulina anti‑rábica humana (HRIG) na zona da ferida


  4. Início da vacinação anti‑rábica: 4 doses nos dias 0, 3, 7 e 14 após a exposição


  5. Em imunossuprimidos, adicionar uma dose no dia 28


  6. Profilaxia antibiótica e antitetânica, conforme necessário[1][6]


É crucial iniciar o tratamento o mais rapidamente possível, de preferência nas primeiras 24 horas após a exposição.


A raiva é uma doença grave que exige elevada vigilância e intervenção imediata. A prevenção por vacinação em animais domésticos e a profilaxia pós‑exposição em humanos são as estratégias mais eficazes para combater esta doença potencialmente mortal.


Citações:


 
 
 

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