Raiva
- EmergenciasUNO
- 16 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
A raiva é uma doença viral zoonótica que afeta o sistema nervoso central, causada por um vírus do género Lyssavirus. Esta doença, se não tratada atempadamente, é quase sempre fatal. A seguir, apresenta-se uma análise detalhada dos aspetos mais relevantes da raiva.
Sintomas
Os sintomas iniciais da raiva são inespecíficos e podem confundir-se com os de uma gripe comum, incluindo:
Febre
Cefaleia
Mal-estar geral
Fraqueza
Ansiedade
Confusão
À medida que a doença progride, surgem sintomas mais característicos como:
Insónia
Agitação
Comportamento estranho ou bizarro
Alucinações
Hidrofobia (medo da água)
Aerofobia (medo das correntes de ar)
Secreção salivar excessiva[1][2]
Sinais clínicos
A raiva pode manifestar-se de duas formas clínicas principais:
Raiva furiosa (80% dos casos):
Hiperatividade
Excitação extrema
Hidrofobia
Aerofobia
Espasmos musculares
Convulsões
Raiva paralítica (20% dos casos):
Paralisia muscular gradual
Fraqueza progressiva
Coma[3][4]
Em ambos os casos, a doença progride rapidamente para coma e morte por falência cardiorrespiratória, normalmente entre 2 a 10 dias após o início dos sintomas[3].
Exame físico
A avaliação clínica em pacientes com suspeita de raiva deve incluir:
Avaliação neurológica completa
Pesquisa de sinais de mordeduras ou arranhões de animais
Avaliação do estado mental e do comportamento
Exame da função motora e sensorial
Avaliação de reflexos, especialmente faríngeos e laríngeos[4]
É importante notar que, nas fases iniciais, os sinais podem ser normais.
Testes diagnósticos
O diagnóstico definitivo baseia-se em testes laboratoriais. As principais análises incluem:
Biópsia cutânea na nuca com teste direto de anticorpos fluorescentes – método de eleição
PCR em LCR, saliva ou tecido
Deteção de anticorpos anti-raiva no soro e LCR
Neuroimagem (TC ou RM) – pode ser normal ou mostrar alterações inespecíficas[4][5]
Manejo em emergências
Em contexto de urgência, o enfoque na raiva recai na profilaxia pós‑exposição, pois, após surgirem sintomas, a doença é quase sempre letal. O protocolo inclui:
Limpeza imediata e profunda da ferida com água e sabão, durante pelo menos 15 minutos
Aplicação de antisséptico, como cloreto de benzalcónio
Administração de imunoglobulina anti‑rábica humana (HRIG) na zona da ferida
Início da vacinação anti‑rábica: 4 doses nos dias 0, 3, 7 e 14 após a exposição
Em imunossuprimidos, adicionar uma dose no dia 28
Profilaxia antibiótica e antitetânica, conforme necessário[1][6]
É crucial iniciar o tratamento o mais rapidamente possível, de preferência nas primeiras 24 horas após a exposição.
A raiva é uma doença grave que exige elevada vigilância e intervenção imediata. A prevenção por vacinação em animais domésticos e a profilaxia pós‑exposição em humanos são as estratégias mais eficazes para combater esta doença potencialmente mortal.
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