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Queratite por Acanthamoeba

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



A queratite por Acanthamoeba é uma infeção corneal rara, mas potencialmente devastadora, causada por este parasita. Afeta sobretudo utilizadores de lentes de contacto e pode levar a perda permanente da visão se não for tratada adequadamente[1][3].


Sintomas


Os pacientes geralmente manifestam:


  • Dor ocular intensa, muitas vezes desproporcionada às alterações observadas[1][3]


  • Sensação de corpo estranho no olho[3][9]


  • Fotofobia (sensibilidade à luz)[1][3][9]


  • Visão turva[3][9]


  • Lacrimejo excessivo[1][9]


  • Hiperemia conjuntival[3][9]


É relevante notar que os sintomas podem variar em intensidade e persistir por semanas a meses[1][9].


Sinais Clínicos


A apresentação clínica pode depender da fase da infeção:


Fase precoce:


  • Epitélio corneal com aspeto sujo e acinzentado[1][8]


  • Pseudodendrites epiteliais[1][8]


  • Queratoneurite radial[1][4]


  • Infiltrados estromais multifocais[1][8]


Fase avançada:


  • Infiltrado em anel típico[1][4]


  • Adelgaçamento estromal[1]


  • Esclerite[1][8]


  • Uveíte anterior com hipopião[1]


  • Sinéquias anteriores periféricas[1][8]


  • Atrofia do iris[1][8]


  • Glaucoma secundário[1][8]


  • Catarata madura[8]


  • Coriorretinite[8]


Exame Oftalmológico


Deve incluir:


  • Avaliação com lâmpada de fenda para análise detalhada da córnea[4]


  • Medição da acuidade visual[3]


  • Avaliação da sensibilidade corneal[1]


  • Exame do fundo de olho para despiste de complicações posteriores[8]


Exames Diagnósticos


O diagnóstico é exigente e combina várias técnicas:


  • Raspado corneal para cultura em ágar não nutritivo com E. coli[1][4]


  • Tinte corneal por Giemsa ou calcofluor branco[4]


  • Microscopia confocal in vivo para deteção de quistos e trofozoítos[2][4][8]


  • Reação em cadeia da polimerase (PCR) para identificação de Acanthamoeba[2][4]


  • Biopsia corneal em casos de suspeita forte com resultados iniciais negativos[4]


Abordagem em Situação de Emergência


O manejo imediato deve abranger:


  • Suspensão imediata de lentes de contacto[3]


  • Colheita de amostras corneais para cultura e tincção antes de iniciar tratamento[4][7]


  • Terapia tópica dual com clorexidina a 0,02% e propamidina a 0,1%, cada hora nas primeiras 48–72 horas[7]


  • Controle da dor com cicloplégicos tópicos e anti‑inflamatórios não esteroides orais[4]


  • Evitar corticosteróides tópicos, pois podem agravar a infeção[4]


  • Encaminhamento urgente a um oftalmologista especializado em córnea para acompanhamento e tratamento continuado[3][7]


A queratite por Acanthamoeba representa um desafio diagnóstico e terapêutico de grande importância. O reconhecimento precoce dos sinais e sintomas, combinado com diagnóstico exato e tratamento agressivo, é essencial para melhor prognóstico visual nos doentes afetados por esta grave infeção corneal.


Citações


 
 
 

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