Poliomielite
- EmergenciasUNO
- 16 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
A poliomielite, conhecida como polio, é uma doença infeciosa causada pelo poliovírus, um enterovírus que afeta principalmente o sistema nervoso central. Apesar dos esforços globais de erradicação, a pólio continua a ser uma preocupação em algumas regiões do mundo, tornando crucial a sua compreensão clínica e o seu manejo adequado.
Sintomas
Os sintomas da poliomielite podem variar significativamente em severidade, desde infeções assintomáticas até paralisia grave. Podem classificar-se em três formas principais:
Poliomielite abortiva:Aproximadamente 5% dos infetados desenvolvem sintomas ligeiros semelhantes aos da gripe, incluindo:
Febre
Cefaleias
Dor de garganta
Fadiga
Náuseas e vómitos[1][3]
Poliomielite não paralítica:Afecta cerca de 1% dos infetados, apresentando sintomas mais intensos como:
Rigidez no pescoço e costas
Dor nos membros
Meningite asséptica[1][3]
Poliomielite paralítica:A forma mais grave, ocorrendo em menos de 1% dos casos, caracterizada por:
Fraqueza muscular progressiva
Paralisia flácida, geralmente assimétrica
Dificuldade respiratória em casos severos[1][2]
Sinais clínicos
Os sinais clínicos variam conforme a forma da doença:
Febre, com possível intensidade elevada
Linfadenopatia cervical
Faringite
Rigidez no pescoço e costas
Paralisia flácida assimétrica, mais evidente nas extremidades inferiores
Reflexos tendinosos profundos diminuídos ou ausentes nas áreas afetadas
Dificuldade em engolir ou respirar em casos com envolvimento bulbar[2][4]
Exame físico
A avaliação deve focar-se em:
Avaliação neurológica completa:
Força muscular
Reflexos tendinosos profundos
Tónus muscular
Sensibilidade
Exame da função respiratória:
Frequência respiratória
Uso de músculos acessórios
Capacidade vital
Avaliação da função bulbar:
Capacidade de deglutição
Fonação
Controlo de secreções[2][4]
Testes diagnósticos
O diagnóstico baseia-se na combinação de achados clínicos e laboratoriais:
Isolamento viral:
Cultura de amostras de fezes
Colheita orofaríngea
Deteção de ácido nucleico viral:
PCR em tempo real em amostras de fezes ou líquido cefalorraquidiano
Serologia:
Detenção de anticorpos IgM e IgG específicos contra poliovírus
Punção lombar:
Análise do líquido cefalorraquidiano para detetar pleocitose e proteínas elevadas
Estudos neurofisiológicos:
Eletromiografia para avaliar a função muscular e nervosa[2][4][5]
Manejo em emergências
O tratamento da poliomielite em contexto de urgência centra-se no suporte e na prevenção de complicações:
Avaliação inicial:
ABC (via aérea, respiração, circulação)
Monitorização da função respiratória
Tratamento sintomático:
Analgésicos e antipiréticos para controlar a dor e a febre
Hidratação adequada
Suporte respiratório:
Oxigenoterapia conforme necessário
Ventilação mecânica em caso de falência respiratória
Prevenção de complicações:
Fisioterapia precoce para prevenir contraturas
Profilaxia da trombose venosa profunda
Isolamento do paciente:
Precauções de contacto e gotículas para prevenir a transmissão
Notificação às autoridades de saúde pública:
Obrigatório reportar casos suspeitos ou confirmados[2][4]
Não existe tratamento antiviral específico para a poliomielite; o manejo baseia-se, essencialmente, em medidas de suporte. A vacinação continua a ser a estratégia mais eficaz para controlar esta doença[2][5].
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