Pericardite
- EmergenciasUNO
- 11 de jun.
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MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
A pericardite é a inflamação do pericárdio, a membrana que envolve o coração. Esta condição pode apresentar-se de forma aguda ou crónica, com diversas etiologias, sendo a causa idiopática ou viral a mais comum nos países desenvolvidos[1][2].
Sintomas
Os sintomas característicos da pericardite aguda incluem:
Dor torácica: Tipicamente aguda, localizada na região precordial ou retroesternal. Pode irradiar para o pescoço, ombros, costas ou braços[1][4].
Dispneia: Dificuldade em respirar, especialmente na inspiração profunda[1][4].
Febre: Frequente, especialmente em casos de etiologia infeciosa[1][6].
Tosse: Geralmente seca e não produtiva[1].
Disfagia: Dor ao engolir em alguns doentes[4].
Importa referir que a dor pode agravar-se em decúbito dorsal e aliviar ao sentar-se ou inclinar-se para a frente[4].
Sinais Clínicos
Os sinais clínicos mais relevantes na pericardite incluem:
Atrito pericárdico: Som característico auscultado na área cardíaca, descrito como crepitação ou fricção[1][3].
Taquicardia: Frequência cardíaca aumentada, comum como resposta inflamatória[1][4].
Sinais de tamponamento cardíaco: Em casos graves, podem observar-se sinais de compromisso hemodinâmico como hipotensão e pulso paradoxal[1].
Exame Físico
A avaliação física de um doente com suspeita de pericardite deve incluir:
Auscultação cardíaca: Procura de atrito pericárdico, que pode ser trifásico ou bifásico[1][3].
Avaliação dos sinais vitais: Com especial atenção à frequência cardíaca e à pressão arterial[6].
Exame pulmonar: Pesquisa de sinais de derrame pleural associado[6].
Avaliação da pressão venosa jugular: Pode estar elevada em casos de tamponamento cardíaco[1].
Exames Complementares
O diagnóstico da pericardite baseia-se na combinação de achados clínicos e exames complementares:
Electrocardiograma (ECG): Mostra alterações características em 4 fases, sendo a elevação difusa do segmento ST o achado mais precoce[1][2].
Ecocardiograma: Fundamental para avaliar a presença e gravidade de derrame pericárdico, bem como sinais de tamponamento[1][3].
Radiografia do tórax: Pode mostrar cardiomegalia em casos de derrame pericárdico volumoso[3][6].
Análises laboratoriais: Incluem marcadores inflamatórios (PCR, VSG) e troponinas para excluir envolvimento miocárdico[3][6].
Ressonância magnética cardíaca: Útil em casos duvidosos ou na avaliação de complicações[3][6].
Abordagem na Urgência
A abordagem inicial da pericardite no serviço de urgência deve incluir:
Avaliação rápida da estabilidade hemodinâmica e exclusão de tamponamento cardíaco[1].
Analgesia: Os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) são a primeira linha de tratamento. A aspirina ou o ibuprofeno são opções comuns[1][2].
Colchicina: Recomendada em associação aos AINEs para reduzir o risco de recorrências[2].
Monitorização cardíaca: Para deteção de arritmias ou alterações no ECG[6].
Ecocardiograma urgente: Em casos de suspeita de derrame significativo ou tamponamento[3].
Pericardiocentese: Procedimento de emergência em situações de tamponamento cardíaco[1][3].
Tratamento da causa subjacente: Se for identificada uma etiologia específica[2].
A pericardite é uma condição que requer um elevado índice de suspeição clínica para diagnóstico atempado. Uma abordagem adequada em contexto de urgência pode prevenir complicações graves e melhorar significativamente o prognóstico do doente.
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