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Parotidite bilateral aguda

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



A parotidite bilateral aguda é uma inflamação das glândulas parótidas, geralmente causada por agentes infeciosos, sendo o vírus Paramyxoviridae o mais comum na parotidite viral epidémica, também conhecida como papeira[4]. Este artigo académico aborda os aspetos essenciais desta condição, incluindo sintomas, sinais clínicos, avaliação, exames diagnósticos e manejo em contexto de emergência.


Sintomas


A parotidite bilateral aguda caracteriza-se por um conjunto de sintomas que costumam surgir após um período de incubação de 12 a 24 dias[2]. Os sintomas iniciais incluem:


  • Mal-estar geral


  • Mialgias


  • Cefaleia


  • Anorexia


  • Febrícula ou febre moderada


Estes sintomas prodrómicos duram habitualmente entre 1 a 3 dias[1]. Posteriormente, surgem queixas na região parotídea, que podem começar unilateralmente, mas na maioria dos casos tornam-se bilaterais[1][2]. A dor agrava-se com a mastigação e a deglutição, especialmente ao ingerir líquidos ácidos[2].


Sinais clínicos


Os sinais clínicos mais relevantes da parotidite bilateral aguda incluem:


  • Tumefação bilateral das parótidas, atingindo o pico máximo em 2-3 dias[1][2]


  • Perda do ângulo mandibular devido à inflamação[1]


  • Elevação do lóbulo da orelha[5]


  • Febre que pode atingir 39,5 a 40 °C e persistir durante 24 a 72 horas[2]


  • Possível envolvimento de outras glândulas salivares, principalmente a submandibular[1]

A inflamação glandular geralmente dura entre 5 e 7 dias[2].


Avaliação


A avaliação física nos casos de parotidite bilateral aguda deve incluir:


  • Palpação da região parotídea para avaliar a textura e o tamanho das glândulas afetadas, bem como sinais de infeção externa (calor, rubor e edema)[4]


  • Observação da cavidade oral, incluindo o canal de Stenon, com massagem da glândula e tentativa de drenagem de saliva ou material purulento[4]


  • Palpação cervical em busca de adenopatias[4]


  • Avaliação do conduto auditivo[4]


  • Avaliação neurológica, com ênfase nos pares cranianos trigémio (V) e facial (VII)[4]


É importante realizar uma avaliação sistémica por aparelhos para detetar complicações possíveis como orquite, ooforite, pancreatite ou mastite[4].


Exames diagnósticos


Embora o diagnóstico da parotidite bilateral aguda seja principalmente clínico, podem ser realizados os seguintes exames:


  • Hemograma e bioquímica com função hepática, PCR, LDH, ácido úrico e amilase[3]


  • Deteção viral por cultura de tecidos ou RT-PCR (transcrição reversa-PCR)[2]


  • Testes serológicos para deteção de anticorpos específicos[2]


  • Ecografia, que se tornou o exame de eleição para diagnóstico e seguimento[1]


  • Ressonância magnética (RM) ou tomografia computorizada (TC) nos casos em que se detetem lesões sólidas na ecografia[1]


A PCR é considerada o melhor método diagnóstico disponível para identificar a infeção pelo vírus da parotidite, tanto em indivíduos vacinados como não vacinados[4].


Manejo em Emergências


A abordagem da parotidite bilateral aguda no serviço de urgência centra-se principalmente no tratamento sintomático e na prevenção de complicações:


  • Hidratação abundante, fundamental para o controlo da doença[4]


  • Administração de analgésicos e antipiréticos para alívio da dor e da febre


  • Aplicação de compressas frias ou quentes na região parotídea para reduzir a inflamação e a dor


  • Em casos de suspeita de parotidite, devem ser colhidas amostras de sangue, urina e zaragatoa da saída do canal de Stenon para análise microbiológica[3]


  • Realização de exames complementares como hemograma, bioquímica e radiografia torácica conforme o quadro clínico[3]


É importante sublinhar que a maioria dos casos de parotidite bilateral aguda são autolimitados e não requerem tratamento específico além do manejo sintomático[4]. Contudo, deve manter-se vigilância para detetar eventuais complicações e encaminhar o paciente para avaliação especializada se houver suspeita de agravamento ou ausência de resposta ao tratamento inicial.


Citações


 
 
 

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