top of page

Paralisia do nervo facial

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



A paralisia do nervo facial é uma condição neurológica que afeta o VII par craniano, resultando na perda temporária ou permanente da função motora dos músculos faciais. Este distúrbio pode ter diversas etiologias, sendo a mais comum a paralisia de Bell ou paralisia facial idiopática[1][2].


Sintomas


Os sintomas da paralisia do nervo facial geralmente surgem de forma súbita e podem incluir:


  • Fraqueza ou paralisia unilateral dos músculos faciais


  • Dificuldade em realizar expressões faciais como sorrir ou fechar o olho


  • Dor atrás da orelha que pode preceder a paresia facial


  • Dormência ou sensação de peso no rosto


  • Alterações no lacrimejo


  • Alterações no paladar


  • Sialorreia ou baba involuntária[1][2][3]


Em alguns casos, os pacientes podem apresentar hiperacusia (aumento da sensibilidade aos sons) e disgeusia (alteração do paladar)[4].


Sinais clínicos


O exame físico revela sinais característicos da paralisia do nervo facial:


  • Assimetria facial em repouso e durante movimentos voluntários


  • Incapacidade de levantar a sobrancelha do lado afetado


  • Incapacidade de fechar completamente o olho (lagoftalmia)


  • Desvio do canto labial para o lado são


  • Aplanamento do sulco nasogeniano no lado afetado


  • Fenómeno de Bell: movimento do globo ocular para cima e para fora ao tentar fechar a pálpebra[1][2][4]


É importante distinguir entre uma paralisia facial periférica e uma central, sendo que esta última afeta geralmente apenas a parte inferior do rosto, poupando a função do músculo frontal[2].


Avaliação


A avaliação clínica de um paciente com suspeita de paralisia do nervo facial deve incluir:


  • Inspeção da simetria facial em repouso e durante movimentos voluntários


  • Avaliação da capacidade de fechar os olhos e franzir a testa


  • Valorização do tónus muscular facial


  • Exame da função das glândulas salivares e lacrimais


  • Otoscopia para excluir patologias do ouvido médio


  • Palpação da região parotídea e cervical à procura de adenopatias[2][3]


Exames diagnósticos


Embora o diagnóstico seja principalmente clínico, podem ser realizados exames complementares para avaliar a extensão da lesão e excluir outras causas:


  • Teste de Schirmer para medir a produção lacrimal


  • Teste de salivação


  • Avaliação auditiva


  • Estudos eletrofisiológicos para avaliar o envolvimento do nervo


  • Técnicas de imagem como TAC ou Ressonância Magnética (RM) para excluir lesões estruturais[1][2]


Em casos específicos, podem ser solicitados exames adicionais como:


  • Radiografia torácica


  • Dosagem da enzima conversora da angiotensina (ECA) sérica


  • Testes para a doença de Lyme


  • Glicemia sérica[2]


Manejo em Emergências


A abordagem inicial da paralisia do nervo facial no serviço de urgência deve focar-se em:

Proteção ocular: é crucial prevenir a secura e lesões da córnea. Deve-se indicar:


  • Lubrificação ocular frequente


  • Uso de penso ocular durante a noite


  • Óculos protetores durante o dia[1][2]


Tratamento farmacológico:


  • Corticosteroides: demonstrou-se que a administração precoce é benéfica na paralisia de Bell. O tratamento deve ser iniciado nas primeiras 72 horas após o início dos sintomas[2]


  • Antivirais: embora a sua eficácia seja debatida, alguns protocolos incluem antivirais, especialmente se houver suspeita de etiologia herpética[2]


  • Avaliação da necessidade de exames complementares para excluir causas secundárias


  • Educação do paciente sobre a evolução esperada da doença e a importância do seguimento


  • Encaminhamento para especialistas (otorrinolaringologia, neurologia) para seguimento e tratamento a longo prazo, se necessário


É importante lembrar que a maioria dos casos de paralisia de Bell é autolimitada e tem bom prognóstico, com recuperação geralmente em 1 a 3 semanas[4]. No entanto, o manejo adequado na fase aguda pode melhorar os resultados e prevenir complicações.


Citações



 
 
 

Comments


bottom of page