Paralisia do nervo facial
- EmergenciasUNO
- 2 de jul.
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MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
A paralisia do nervo facial é uma condição neurológica que afeta o VII par craniano, resultando na perda temporária ou permanente da função motora dos músculos faciais. Este distúrbio pode ter diversas etiologias, sendo a mais comum a paralisia de Bell ou paralisia facial idiopática[1][2].
Sintomas
Os sintomas da paralisia do nervo facial geralmente surgem de forma súbita e podem incluir:
Fraqueza ou paralisia unilateral dos músculos faciais
Dificuldade em realizar expressões faciais como sorrir ou fechar o olho
Dor atrás da orelha que pode preceder a paresia facial
Dormência ou sensação de peso no rosto
Alterações no lacrimejo
Alterações no paladar
Sialorreia ou baba involuntária[1][2][3]
Em alguns casos, os pacientes podem apresentar hiperacusia (aumento da sensibilidade aos sons) e disgeusia (alteração do paladar)[4].
Sinais clínicos
O exame físico revela sinais característicos da paralisia do nervo facial:
Assimetria facial em repouso e durante movimentos voluntários
Incapacidade de levantar a sobrancelha do lado afetado
Incapacidade de fechar completamente o olho (lagoftalmia)
Desvio do canto labial para o lado são
Aplanamento do sulco nasogeniano no lado afetado
Fenómeno de Bell: movimento do globo ocular para cima e para fora ao tentar fechar a pálpebra[1][2][4]
É importante distinguir entre uma paralisia facial periférica e uma central, sendo que esta última afeta geralmente apenas a parte inferior do rosto, poupando a função do músculo frontal[2].
Avaliação
A avaliação clínica de um paciente com suspeita de paralisia do nervo facial deve incluir:
Inspeção da simetria facial em repouso e durante movimentos voluntários
Avaliação da capacidade de fechar os olhos e franzir a testa
Valorização do tónus muscular facial
Exame da função das glândulas salivares e lacrimais
Otoscopia para excluir patologias do ouvido médio
Palpação da região parotídea e cervical à procura de adenopatias[2][3]
Exames diagnósticos
Embora o diagnóstico seja principalmente clínico, podem ser realizados exames complementares para avaliar a extensão da lesão e excluir outras causas:
Teste de Schirmer para medir a produção lacrimal
Teste de salivação
Avaliação auditiva
Estudos eletrofisiológicos para avaliar o envolvimento do nervo
Técnicas de imagem como TAC ou Ressonância Magnética (RM) para excluir lesões estruturais[1][2]
Em casos específicos, podem ser solicitados exames adicionais como:
Radiografia torácica
Dosagem da enzima conversora da angiotensina (ECA) sérica
Testes para a doença de Lyme
Glicemia sérica[2]
Manejo em Emergências
A abordagem inicial da paralisia do nervo facial no serviço de urgência deve focar-se em:
Proteção ocular: é crucial prevenir a secura e lesões da córnea. Deve-se indicar:
Lubrificação ocular frequente
Uso de penso ocular durante a noite
Óculos protetores durante o dia[1][2]
Tratamento farmacológico:
Corticosteroides: demonstrou-se que a administração precoce é benéfica na paralisia de Bell. O tratamento deve ser iniciado nas primeiras 72 horas após o início dos sintomas[2]
Antivirais: embora a sua eficácia seja debatida, alguns protocolos incluem antivirais, especialmente se houver suspeita de etiologia herpética[2]
Avaliação da necessidade de exames complementares para excluir causas secundárias
Educação do paciente sobre a evolução esperada da doença e a importância do seguimento
Encaminhamento para especialistas (otorrinolaringologia, neurologia) para seguimento e tratamento a longo prazo, se necessário
É importante lembrar que a maioria dos casos de paralisia de Bell é autolimitada e tem bom prognóstico, com recuperação geralmente em 1 a 3 semanas[4]. No entanto, o manejo adequado na fase aguda pode melhorar os resultados e prevenir complicações.
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