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Outras Febres Hemorrágicas Virais

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



As febres hemorrágicas virais (FHV) são um grupo de doenças infecciosas causadas por vírus pertencentes a várias famílias, como Filoviridae, Arenaviridae, Bunyaviridae e Flaviviridae[4][8].


Estes vírus podem provocar quadros clínicos graves, caracterizados por febre e alterações na coagulação que podem levar a hemorragias potencialmente fatais[1][3]. Entre as FHV mais relevantes estão o Ébola, Marburgo, febre de Lassa, febre amarela e dengue hemorrágico[7].


Sintomas


Os sintomas iniciais das FHV são geralmente inespecíficos e incluem:


  • Febre elevada


  • Fadiga e fraqueza intensa


  • Dores musculares e articulares


  • Cefaleia


  • Náuseas e vómitos


  • Diarreia[1][7]


Com a progressão da doença, podem surgir sintomas mais graves como:


  • Dor abdominal


  • Dor torácica


  • Confusão e delírio


  • Convulsões


  • Hemorragias em diversos órgãos[2][7]


Sinais clínicos


Os principais sinais clínicos observados em doentes com FHV são:


  • Febre (>38,5 °C)


  • Taquicardia


  • Hipotensão


  • Petéquias e equimoses


  • Sangramento de mucosas (gengivas, nariz, trato gastrointestinal)


  • Icterícia (em alguns casos)


  • Edema facial e das extremidades


  • Sinais neurológicos (alteração do estado mental, ataxia)[1][2][4]


Exploração


Durante a exploração física, o médico deve prestar especial atenção a:


  • Sinais vitais (febre, taquicardia, hipotensão)


  • Estado de hidratação


  • Presença de hemorragias cutâneo-mucosas


  • Avaliação neurológica (nível de consciência, sinais meníngeos)


  • Exploração abdominal (hepatomegalia, esplenomegalia)


  • Auscultação cardiopulmonar (presença de derrame pleural ou pericárdico)[1][3]


É fundamental que o pessoal de saúde utilize equipamento de proteção individual adequado durante a exploração para evitar o contágio[5].


Provas Diagnósticas


O diagnóstico das FHV baseia-se em:


Provas serológicas:


  • ELISA para deteção de anticorpos IgM e IgG


  • Teste de neutralização


Deteção direta do vírus:


  • RT-PCR em tempo real


  • Isolamento viral em cultura celular


Provas complementares:


  • Hemograma completo (trombocitopenia, leucopenia)


  • Coagulograma (alteração dos tempos de coagulação)


  • Bioquímica (elevação de transaminases, creatinina)


  • Gasometria arterial[2][4][6]


É importante realizar o diagnóstico diferencial com outras causas de síndrome febril e distúrbios hemorrágicos[8].


Gestão em Urgências


O manejo de doentes com suspeita de FHV em serviços de urgência deve incluir:


  • Isolamento estrito do doente em quarto individual com pressão negativa[5]


  • Utilização de equipamento de proteção individual por parte da equipa de saúde


  • Estabilização hemodinâmica:


    • Reposição de fluidos e eletrólitos


    • Suporte vasopressor se necessário


  • Controlo de hemorragias:


    • Transfusão de hemoderivados conforme necessário


    • Correção da coagulopatia


  • Tratamento sintomático:


    • Antipiréticos


    • Analgésicos


    • Antieméticos


  • Início precoce de terapia antiviral específica se disponível (por exemplo, ribavirina para febre de Lassa)[1][3][7]


  • Notificação imediata às autoridades de saúde


  • Acompanhamento próximo de contactos e do pessoal de saúde exposto[5][7]


Os prognósticos das FHV variam de acordo com o agente etiológico, mas, em geral, apresentam uma elevada taxa de mortalidade, mesmo com tratamento adequado[4][8]. A prevenção, através do controlo de vetores e reservatórios, assim como da educação sanitária, é fundamental para reduzir a sua incidência em zonas endémicas[7][8].


Citações


 
 
 

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