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Neurite óptica

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



A neurite óptica é uma patologia inflamatória do nervo óptico, constituindo a causa mais comum de perda visual aguda em adultos jovens. Pode manifestar-se isoladamente ou estar associada a doenças desmielinizantes como a esclerose múltipla (EM). Segue-se uma revisão dos aspetos clínicos mais relevantes desta condição.


Sintomas


Os sintomas característicos incluem:


  • Perda súbita e aguda da visão num olho, podendo progredir em horas ou dias


  • Dor ocular ou periocular, agravada com os movimentos oculares


  • Alteração na perceção das cores, especialmente do vermelho


  • Redução da sensibilidade ao contraste


  • Fotopsias (luzes cintilantes) associadas ao movimento ocular


A maioria dos casos apresenta-se unilateralmente, embora formas bilaterais também possam ocorrer.


Sinais clínicos


Os sinais clínicos mais relevantes incluem:


  • Redução da acuidade visual, variando de ligeira a cegueira completa


  • Defeito pupilar aferente relativo no olho afetado


  • Edema do disco óptico (papilite), embora na forma retrobulbar o fundo ocular possa inicialmente parecer normal


  • Defeitos no campo visual, geralmente escotoma central ou paracentral


Exame clínico


A avaliação oftalmológica deve incluir:


  • Medição da acuidade visual e da sensibilidade ao contraste


  • Avaliação dos reflexos pupilares para deteção de defeito pupilar aferente relativo


  • Oftalmoscopia para examinar o disco óptico


  • Campimetria para avaliação do campo visual


  • Teste de visão cromática


Exames complementares


  • Ressonância magnética (RM) cerebral e orbitária com gadolínio: essencial para o diagnóstico e prognóstico, podendo revelar realce do nervo óptico e lesões desmielinizantes cerebrais


  • Tomografia de coerência ótica (OCT): permite medir a espessura da camada de fibras nervosas da retina


  • Potenciais evocados visuais: evidenciam atraso na condução pelo nervo óptico


  • Análises laboratoriais: para exclusão de causas infecciosas ou autoimunes


  • Punção lombar: pode revelar bandas oligoclonais em casos associados à EM


Abordagem de emergência


  • Avaliação oftalmológica completa para confirmação diagnóstica


  • Solicitação urgente de RM cerebral e orbitária com gadolínio


  • Início de corticoterapia intravenosa em doses elevadas:


    • Metilprednisolona 1000 mg/dia IV durante 3 dias


    • Seguido de prednisona oral 1 mg/kg/dia durante 11 dias


  • Evitar corticosteroides orais em monoterapia inicial com doses baixas


  • Em casos graves ou refratários, considerar plasmaférese


  • Encaminhamento para neurologia para avaliação de risco de EM e seguimento


Embora os corticosteroides acelerem a recuperação visual, não alteram o prognóstico visual a longo prazo na maioria dos casos. O tratamento deve ser adaptado à apresentação clínica e etiologia suspeita.


A neurite óptica exige uma abordagem diagnóstica e terapêutica célere. O conhecimento dos seus sinais e sintomas, bem como a aplicação adequada dos exames, são essenciais para otimizar o tratamento e os resultados visuais dos doentes.

 
 
 

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