Neurite óptica
- EmergenciasUNO
- 24 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
A neurite óptica é uma patologia inflamatória do nervo óptico, constituindo a causa mais comum de perda visual aguda em adultos jovens. Pode manifestar-se isoladamente ou estar associada a doenças desmielinizantes como a esclerose múltipla (EM). Segue-se uma revisão dos aspetos clínicos mais relevantes desta condição.
Sintomas
Os sintomas característicos incluem:
Perda súbita e aguda da visão num olho, podendo progredir em horas ou dias
Dor ocular ou periocular, agravada com os movimentos oculares
Alteração na perceção das cores, especialmente do vermelho
Redução da sensibilidade ao contraste
Fotopsias (luzes cintilantes) associadas ao movimento ocular
A maioria dos casos apresenta-se unilateralmente, embora formas bilaterais também possam ocorrer.
Sinais clínicos
Os sinais clínicos mais relevantes incluem:
Redução da acuidade visual, variando de ligeira a cegueira completa
Defeito pupilar aferente relativo no olho afetado
Edema do disco óptico (papilite), embora na forma retrobulbar o fundo ocular possa inicialmente parecer normal
Defeitos no campo visual, geralmente escotoma central ou paracentral
Exame clínico
A avaliação oftalmológica deve incluir:
Medição da acuidade visual e da sensibilidade ao contraste
Avaliação dos reflexos pupilares para deteção de defeito pupilar aferente relativo
Oftalmoscopia para examinar o disco óptico
Campimetria para avaliação do campo visual
Teste de visão cromática
Exames complementares
Ressonância magnética (RM) cerebral e orbitária com gadolínio: essencial para o diagnóstico e prognóstico, podendo revelar realce do nervo óptico e lesões desmielinizantes cerebrais
Tomografia de coerência ótica (OCT): permite medir a espessura da camada de fibras nervosas da retina
Potenciais evocados visuais: evidenciam atraso na condução pelo nervo óptico
Análises laboratoriais: para exclusão de causas infecciosas ou autoimunes
Punção lombar: pode revelar bandas oligoclonais em casos associados à EM
Abordagem de emergência
Avaliação oftalmológica completa para confirmação diagnóstica
Solicitação urgente de RM cerebral e orbitária com gadolínio
Início de corticoterapia intravenosa em doses elevadas:
Metilprednisolona 1000 mg/dia IV durante 3 dias
Seguido de prednisona oral 1 mg/kg/dia durante 11 dias
Evitar corticosteroides orais em monoterapia inicial com doses baixas
Em casos graves ou refratários, considerar plasmaférese
Encaminhamento para neurologia para avaliação de risco de EM e seguimento
Embora os corticosteroides acelerem a recuperação visual, não alteram o prognóstico visual a longo prazo na maioria dos casos. O tratamento deve ser adaptado à apresentação clínica e etiologia suspeita.
A neurite óptica exige uma abordagem diagnóstica e terapêutica célere. O conhecimento dos seus sinais e sintomas, bem como a aplicação adequada dos exames, são essenciais para otimizar o tratamento e os resultados visuais dos doentes.
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