Mordidelas Humanas
- EmergenciasUNO

- 24 de jul.
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MANUAL DE EMERGÊNCIAS MENORES
As mordidelas humanas são lesões traumáticas que podem causar lacerações cutâneas, hematomas e, mais importante ainda, infeções resultantes das bactérias presentes na cavidade oral.
Estas mordidelas podem ocorrer durante lutas, acidentes ou comportamentos agressivos, sendo propensas a infeções por patogénios orais comuns, como Streptococcus, Staphylococcus aureus e Eikenella corrodens. Mordidelas nas mãos e dedos são particularmente perigosas devido à anatomia complexa e ao elevado risco de infeções profundas.
Diagnóstico
O diagnóstico baseia-se na história clínica da mordidela, que geralmente se apresenta como uma ferida em forma de arco, com lacerações cutâneas, hematomas ou lesões por punção. O exame físico deve avaliar o tamanho, profundidade da lesão e o estado dos tecidos adjacentes.
É fundamental identificar sinais de infeção como eritema, edema, dor local e exsudado purulento. Quando a mordidela compromete articulações ou estruturas ósseas, devem ser realizados exames radiográficos para excluir fraturas ou corpos estranhos. Se houver suspeita de infeção sistémica, podem ser necessários exames laboratoriais.
Diagnóstico Diferencial
Condição | Diferença Principal |
Mordidela de animal | Lesões semelhantes, mas com perfil microbiológico distinto; mordidelas de cão ou gato seguem geralmente outro padrão. |
Ferida incisa | Lesões mais limpas e lineares, com menor risco de infeção por flora oral. |
Ferida por punção | Lesão mais profunda mas, geralmente, com menor risco de infeção polimicrobiana comparativamente às mordidelas humanas. |
Celulite | Infeção cutânea que pode surgir após mordidela, especialmente se não tratada adequadamente. |
Abordagem de Urgência
Nos serviços de urgência, a abordagem inicial inclui uma irrigação abundante da ferida com solução salina estéril e desbridamento, se necessário, para remoção de tecido necrótico ou contaminado.
Deve ser iniciada antibioticoterapia profilática, geralmente com amoxicilina/ácido clavulânico, para cobertura dos patogénios orais comuns.
A vacinação antitetânica deve ser atualizada se não tiver sido administrada recentemente. Mordidelas em zonas de alto risco, como as mãos, exigem imobilização temporária e vigilância clínica rigorosa para deteção precoce de sinais infecciosos.
Tratamento Definitivo
O tratamento definitivo depende do risco de infeção e da localização anatómica da mordidela. Mordidelas superficiais sem sinais de infeção podem cicatrizar com cuidados locais apropriados.
Nas lesões mais profundas ou com sinais clínicos de infeção, devem ser colhidas amostras para culturas microbiológicas e ajustada a antibioticoterapia consoante os resultados. As feridas infetadas devem, habitualmente, permanecer abertas ou ser encerradas de forma diferida para permitir drenagem adequada.
Em casos graves, como infeções profundas em mãos ou articulações, pode ser necessária intervenção cirúrgica para drenagem de abcessos ou reparação de estruturas danificadas. O seguimento clínico próximo é essencial para garantir a resolução completa da infeção.

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