Mordeduras de Serpente

MANUAL DE EMERGÊNCIAS MENORES

As mordeduras de serpente podem ser venenosas ou não venenosas, sendo que as espécies venenosas podem provocar um envenenamento grave se não forem tratadas atempadamente.

Os venenos ofídicos contêm toxinas capazes de lesar tecidos, interferir com a coagulação sanguínea ou causar paralisia muscular. A gravidade da mordedura depende da espécie da serpente, da quantidade de veneno inoculado e da localização da lesão.

Diagnóstico

O diagnóstico baseia-se no historial de contacto com uma serpente, associado à presença de duas marcas de perfuração na pele (sinais de mordedura). Os sintomas locais incluem dor intensa, edema, eritema e, em alguns casos, necrose tecidular.

Os sintomas sistémicos variam consoante o tipo de veneno e podem incluir vertigens, náuseas, dispneia, alterações da coagulação, paralisia muscular ou choque.

Os exames laboratoriais podem revelar distúrbios da coagulação e outros indicadores de envenenamento.

Diagnóstico Diferencial

Condição	Diferença Principal
Picada de inseto	Dor e inchaço, mas sem marcas de perfuração nem efeitos sistémicos graves.
Celulite	Infeção cutânea com eritema e edema, sem relação com mordedura de serpente.
Arranhão de animal	Lesão linear, sem veneno nem manifestações sistémicas como nas mordeduras.
Reação alérgica	Sintomatologia generalizada como urticária ou anafilaxia, sem mordedura envolvida.

Abordagem de Emergência

A abordagem inicial envolve a imobilização do membro afetado para limitar a disseminação do veneno. O doente deve permanecer em repouso e ser transportado imediatamente para uma unidade de saúde. Não se devem aplicar torniquetes, realizar incisões ou sucções na ferida. A área da mordedura deve ser lavada com água e sabão.

Se for confirmada ou suspeita a presença de veneno, o tratamento de eleição é a administração de antiveneno específico. A dor pode ser aliviada com analgésicos, devendo-se evitar anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) devido ao risco de hemorragia.

Tratamento Definitivo

O tratamento definitivo dependerá da gravidade da mordedura e da quantidade de veneno inoculado. Nos casos de envenenamento grave, o antiveneno é administrado por via intravenosa. O seguimento clínico inclui monitorização rigorosa da coagulação, da função renal e de outros sistemas potencialmente afetados.

A utilização de antibióticos não é recomendada de forma rotineira, mas poderá ser necessária em caso de infeção secundária. Em determinadas situações, pode ser indicada cirurgia para desbridamento de tecido necrótico ou para o tratamento de complicações locais, como o síndrome compartimental.

A reabilitação a longo prazo poderá ser necessária para restabelecer a função do membro afetado.