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Mononucleose infeciosa (febre glandular)

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



A mononucleose infeciosa, também conhecida como “febre glandular” ou “doença do beijo”, é uma infeção viral causada principalmente pelo vírus de Epstein–Barr (VEB). Esta doença afeta adolescentes e adultos jovens, embora possa ocorrer em qualquer faixa etária[1][2].


Sintomas


Os sintomas geralmente surgem entre 4 e 6 semanas após a infeção inicial. Os mais comuns incluem:


  • Fadiga extrema


  • Febre, geralmente elevada


  • Dor de garganta intensa


  • Cefaleias e dores no corpo


  • Perda de apetite


  • Mal-estar geral


É importante salientar que a fadiga pode persistir durante várias semanas ou até meses após os restantes sintomas terem desaparecido[2][3].


Sinais clínicos


Os sinais mais característicos incluem:


  • Linfadenopatia: aumento dos gânglios linfáticos, especialmente no pescoço e axilas


  • Esplenomegalia: aumento do baço


  • Hepatomegalia: aumento do fígado


  • Faringoamigdalite exsudativa


  • Petéquias no palato


  • Edema periorbital


  • Ocasionalmente, erupção maculopapular[1][4]


Exame físico


Durante o exame físico, o médico deverá observar:


  • Gânglios linfáticos inflamados, especialmente nas cadeias cervicais anteriores e posteriores


  • Amígdalas inflamadas com exsudado


  • Hepatomegalia ligeira, sensível à percussão


  • Esplenomegalia, mais evidente na segunda e terceira semanas


  • Possível icterícia em casos menos frequentes[4][5]


Exames diagnósticos


O diagnóstico baseia-se na combinação de achados clínicos e laboratoriais:


  • Hemograma completo: geralmente revela linfocitose com >10% de linfócitos atípicos[4]


  • Teste de anticorpos heterófilos (Paul–Bunnell ou Monotest):


    • Deteta anticorpos heterófilos, nomeadamente IgM


    • Elevada sensibilidade e especificidade para VEB


    • Útil em pacientes com >5 anos[5]


  • Sorologia específica para VEB:


    • IgM contra o antígeno de cápside viral (VCA)


    • IgG contra VCA e EBNA[1][5]


  • Exames da função hepática:


    • Elevação de transaminases


    • Aumento de fosfatase alcalina e LDH


    • Ocasionalmente, hiperbilirrubinemia[5]


Manejo em urgências


O tratamento centra-se nos sintomas e na avaliação de complicações:


Avaliação inicial:


  • Avaliar o estado geral


  • Descartar obstrução da via aérea superior


  • Avaliar sinais de desidratação


Tratamento sintomático:


  • Analgésicos e antipiréticos (paracetamol ou ibuprofeno)


  • Hidratação adequada


  • Repouso relativo


Identificação de complicações:


  • Obstrução da via aérea: considerar corticosteroides em casos graves


  • Ruptura esplénica: vigiar dor abdominal súbita


  • Complicações hematológicas: anemia hemolítica, trombocitopenia


Critérios de internamento:


  • Obstrução grave de via aérea


  • Desidratação significativa


  • Complicações hematológicas relevantes


  • Suspeita de ruptura esplénica[5][6]


É essencial lembrar que os antibióticos não estão indicados na mononucleose infeciosa, salvo suspeita de sobreinfeção bacteriana[3][6].


A mononucleose infeciosa é em geral uma doença viral autolimitada que exige sobretudo manejo sintomático. O reconhecimento precoce das suas manifestações e possíveis complicações é fundamental para um atendimento adequado no serviço de urgência.


Citações:


 
 
 

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