Mononucleose infeciosa (febre glandular)
- EmergenciasUNO
- 16 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
A mononucleose infeciosa, também conhecida como “febre glandular” ou “doença do beijo”, é uma infeção viral causada principalmente pelo vírus de Epstein–Barr (VEB). Esta doença afeta adolescentes e adultos jovens, embora possa ocorrer em qualquer faixa etária[1][2].
Sintomas
Os sintomas geralmente surgem entre 4 e 6 semanas após a infeção inicial. Os mais comuns incluem:
Fadiga extrema
Febre, geralmente elevada
Dor de garganta intensa
Cefaleias e dores no corpo
Perda de apetite
Mal-estar geral
É importante salientar que a fadiga pode persistir durante várias semanas ou até meses após os restantes sintomas terem desaparecido[2][3].
Sinais clínicos
Os sinais mais característicos incluem:
Linfadenopatia: aumento dos gânglios linfáticos, especialmente no pescoço e axilas
Esplenomegalia: aumento do baço
Hepatomegalia: aumento do fígado
Faringoamigdalite exsudativa
Petéquias no palato
Edema periorbital
Ocasionalmente, erupção maculopapular[1][4]
Exame físico
Durante o exame físico, o médico deverá observar:
Gânglios linfáticos inflamados, especialmente nas cadeias cervicais anteriores e posteriores
Amígdalas inflamadas com exsudado
Hepatomegalia ligeira, sensível à percussão
Esplenomegalia, mais evidente na segunda e terceira semanas
Possível icterícia em casos menos frequentes[4][5]
Exames diagnósticos
O diagnóstico baseia-se na combinação de achados clínicos e laboratoriais:
Hemograma completo: geralmente revela linfocitose com >10% de linfócitos atípicos[4]
Teste de anticorpos heterófilos (Paul–Bunnell ou Monotest):
Deteta anticorpos heterófilos, nomeadamente IgM
Elevada sensibilidade e especificidade para VEB
Útil em pacientes com >5 anos[5]
Sorologia específica para VEB:
IgM contra o antígeno de cápside viral (VCA)
IgG contra VCA e EBNA[1][5]
Exames da função hepática:
Elevação de transaminases
Aumento de fosfatase alcalina e LDH
Ocasionalmente, hiperbilirrubinemia[5]
Manejo em urgências
O tratamento centra-se nos sintomas e na avaliação de complicações:
Avaliação inicial:
Avaliar o estado geral
Descartar obstrução da via aérea superior
Avaliar sinais de desidratação
Tratamento sintomático:
Analgésicos e antipiréticos (paracetamol ou ibuprofeno)
Hidratação adequada
Repouso relativo
Identificação de complicações:
Obstrução da via aérea: considerar corticosteroides em casos graves
Ruptura esplénica: vigiar dor abdominal súbita
Complicações hematológicas: anemia hemolítica, trombocitopenia
Critérios de internamento:
Obstrução grave de via aérea
Desidratação significativa
Complicações hematológicas relevantes
Suspeita de ruptura esplénica[5][6]
É essencial lembrar que os antibióticos não estão indicados na mononucleose infeciosa, salvo suspeita de sobreinfeção bacteriana[3][6].
A mononucleose infeciosa é em geral uma doença viral autolimitada que exige sobretudo manejo sintomático. O reconhecimento precoce das suas manifestações e possíveis complicações é fundamental para um atendimento adequado no serviço de urgência.
Citações:
[5] https://www.msdmanuals.com/es/professional/enfermedades-infecciosas/virus-herpes/mononucleosis-infecciosa?ruleredirectid=755
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