Meningite viral
- EmergenciasUNO
- 16 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
A meningite viral é uma inflamação das meninges, as membranas que revestem o cérebro e a medula espinal, causada por diversos agentes virais. Esta condição representa uma causa significativa de morbilidade, sendo mais frequente do que a meningite bacteriana nos países ocidentais[1][2].
Os vírus são a principal causa de meningite em adultos em países desenvolvidos. Os agentes etiológicos mais comuns incluem:
Enterovírus (EV)
Vírus do herpes simples tipo 2 (VHS‑2)
Vírus varicela‑zóster (VZV)[1][5]
Contudo, em aproximadamente 50–60% dos casos suspeitos de meningite viral, a causa específica permanece sem identificação[5].
Sintomas
Os sintomas da meningite viral tendem a surgir de forma aguda e podem incluir:
Febre
Cefaleia frontal ou retroorbital intensa
Fotofobia
Rigidez de nuca
Mal-estar geral
Náuseas e vómitos
Fadiga
Alterações do estado mental (menos comuns do que na meningite bacteriana)[1][3]
Em alguns casos, pode haver um curso bifásico da doença[2].
Sinais clínicos
Durante o exame físico, os sinais clínicos mais relevantes são:
Febre
Rigidez de nuca
Sinais de Kernig e Brudzinski positivos
Fotofobia
Alteração do estado de consciência (em casos graves)
Exantema (em alguns casos específicos, como infeção por enterovírus)[1][3]
Exame neurológico
A avaliação neurológica deve ser minuciosa e incluir:
Avaliação do nível de consciência
Exame de pares cranianos
Avaliação da força e sensibilidade
Reflexos osteotendinosos
Sinais de focalidade neurológica
Avaliação de sinais meníngeos[3][4]
Testes diagnósticos
O diagnóstico definitivo de meningite viral requer:
Punção lombar: o LCR apresenta aproximadamente:
Pleocitose linfocítica (25–500 células/µL)
Proteínas ligeiramente aumentadas (20–80 mg/100 mL)
Glucose normal[2][4]
TAAN (PCR): para detetar vírus específicos no LCR[2][4]
Testes serológicos: deteção de anticorpos no sangue ou LCR[2]
Neuroimagem: TC ou RM cerebral para excluir complicações ou diagnósticos alternativos[3][4]
Manejo em urgências
O manejo inicial em emergência deve incluir:
Avaliação rápida do estado geral e neurológico do paciente
Estabilização hemodinâmica, se necessária
Colheita de amostras para cultura (sangue e LCR) antes de iniciar tratamento antimicrobiano
Realização de punção lombar, após TC cerebral se houver sinais de hipertensão intracraniana ou focalidade neurológica
Tratamento sintomático:
Analgésicos para controlar a dor e febre
Antieméticos se houver náuseas ou vómitos
Hidratação adequada
Em casos suspeitos de meningite por vírus herpes, iniciar aciclovir empírico enquanto se aguardam os resultados da PCR.
Monitorização estreita dos sinais vitais e do estado neurológico
Isolamento do paciente até excluir etiologias transmissíveis[1][3][4]
A meningite viral geralmente segue um curso benigno e autolimitado, com resolução dos sintomas em 7–10 dias. Contudo, é crucial um diagnóstico e manejo adequados para evitar complicações e fornecer o tratamento específico quando necessário[1][3].
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