Meningite
- EmergenciasUNO
- 16 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
A meningite é uma inflamação das meninges, as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinal. É uma condição potencialmente fatal que requer atenção médica imediata. Este artigo aborda os aspetos-chave da meningite, incluindo sintomas, sinais clínicos, exame físico, exames diagnósticos e manejo em contexto de urgência, com foco na profilaxia.
Sintomas
Os sintomas da meningite podem variar com a idade e causa subjacente. Em adultos e crianças com mais de 2 anos, os sintomas comuns incluem:
Febre alta súbita
Cefaleia intensa
Rigidez de nuca
Náuseas e vómitos
Confusão ou dificuldade de concentração
Fotofobia
Sonolência ou dificuldade em acordar[3][6]
Em recém-nascidos e lactentes, os sintomas podem ser menos específicos e incluir:
Febre alta
Choro constante ou irritabilidade
Sonolência excessiva
Recusa alimentar
Palidez da fontanela[6]
Sinais Clínicos
O exame físico pode revelar:
Febre (presente em 90% dos casos)
Taquicardia
Rigidez de nuca (80% dos casos)
Alterações do estado mental (95% dos casos)
Sinais de Kernig e Brudzinski positivos
Petéquias ou púrpura (na meningite meningocócica)
Fotofobia[2][3]
Exame físico
A avaliação neurológica é essencial e deve incluir:
Avaliação do nível de consciência (escala de Glasgow)
Pesquisa de sinais de localizações neurológicas focais
Exame do fundo do olho para despiste de papiledema
Avaliação de sinais meníngeos
Avaliação de pares cranianos[2][7]
Exames Diagnósticos
O diagnóstico definitivo requer a análise do líquido cefalorraquidiano (LCR) obtido por punção lombar. Os exames incluem:
Análise do LCR:
Bioquímica e contagem celular
Tinción de Gram e cultura
Deteção de antígenos bacterianos
PCR para identificação de patógenos
Hemoculturas (positivas em 50–80% dos casos)
Imagiologia:
TC ou RM crânio (se houver suspeita de hipertensão intracraniana)
Ecografia transfontanelar em lactentes
Exames sanguíneos:
Hemograma completo
Coagulação
Bioquímica básica
Marcadores inflamatórios (PCR, procalcitonina)[2][3][7]
Manejo em situações de urgência
A meningite bacteriana é uma emergência que requer ação imediata:
Iniciar antibioterapia empírica nas primeiras 30 min após suspeita clínica, mesmo antes da punção se esta estiver atrasada
Administrar corticosteroides (dexametasona) com a primeira dose de antibiótico
Garantir estabilidade hemodinâmica e respiratória
Realizar punção lombar se não houver contraindicação
Monitorizar e tratar complicações como convulsões ou hipertensão intracraniana
Iniciar profilaxia antibiótica em contactos próximos em casos de meningite meningocócica[1][2][7]
Profilaxia
A profilaxia é crucial para prevenir casos secundários e surtos de meningite, sobretudo meningocócica. As estratégias principais incluem:
Vacinação: medida mais eficaz. Vacinas disponíveis protegem contra Neisseria meningitidis, Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae tipo b[4][5]
Quimioprofilaxia: administração de antibióticos a contactos próximos de pacientes com meningite meningocócica, idealmente nas primeiras 24 h após diagnóstico do caso índice[5][6]
Higiene: lavagem frequente das mãos, evitar partilha de utensílios pessoais e reforçar a higiene respiratória[6]
A meningite é uma condição grave que exige diagnóstico rápido e tratamento imediato. A prevenção — através de vacinação e, quando indicado, quimioprofilaxia — é fundamental para controlar casos e surtos. O conhecimento dos sintomas, sinais clínicos e maneio adequado em urgências é essencial para melhorar o prognóstico dos pacientes.
Citações:
Comentários