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Mastoidite Aguda

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



A mastoidite aguda é uma infeção bacteriana das células aéreas da apófise mastoideia, geralmente como complicação de uma otite média aguda. Este artigo académico abordará os aspetos-chave desta condição, incluindo os seus sintomas, sinais clínicos, exame físico, exames complementares de diagnóstico e abordagem em contexto de urgência.


Sintomas


Os sintomas da mastoidite aguda tendem a surgir dias ou semanas após o início de uma otite média aguda[1][2]. Os pacientes podem apresentar:


  • Febre, que pode ser elevada ou aumentar subitamente[2]


  • Otalgia intensa e persistente[1]


  • Cefaleia[2]


  • Perda auditiva progressiva[4]


É importante salientar que a dor tende a ser persistente e pulsátil, o que pode diferenciá-la de outras patologias otológicas[4].


Sinais


Os sinais clínicos mais característicos da mastoidite aguda incluem:


  • Eritema sobre a apófise mastoideia[1]


  • Edema retroauricular, presente em aproximadamente 90% dos casos[5]


  • Deslocamento lateral e inferior do pavilhão auricular[1][2]


  • Otorreia purulenta[1]


  • Flutuação sobre a apófise mastoideia[1]


Estes sinais são cruciais para o diagnóstico clínico e devem ser cuidadosamente avaliados durante o exame físico.


Exame Físico


A avaliação física em casos de mastoidite aguda deve incluir:


  • Inspeção visual do ouvido externo e da região mastoideia.


  • Palpação da apófise mastoideia para avaliar dor, edema e flutuação[1].


  • Otoscopia para identificar sinais de otite média e possível perfuração timpânica[1].


  • Avaliação do deslocamento do pavilhão auricular[1][2]


É fundamental realizar uma avaliação minuciosa para detetar possíveis complicações como abcessos subperiósticos ou extensão intracraniana da infeção.


Exames Complementares de Diagnóstico


Embora o diagnóstico de mastoidite aguda seja maioritariamente clínico, recomendam-se os seguintes exames:


  • Tomografia Computorizada (TC) com contraste: Para confirmar o diagnóstico e definir a extensão da infeção, especialmente se houver suspeita de complicações intracranianas[1][3]


  • Cultura e antibiograma do exsudado ótico: Essencial para orientar a terapêutica antibiótica[1][3]


  • Hemograma completo e marcadores inflamatórios: Embora inespecíficos, podem apoiar o diagnóstico[1][3]


  • Hemocultura: Especialmente em casos de suspeita de sépsis[3]


Em casos complicados, pode ser necessária uma Ressonância Magnética (RM) com contraste para uma avaliação mais detalhada das estruturas intracranianas[3].


Abordagem em Urgência


A abordagem da mastoidite aguda no serviço de urgência deve ser rápida e eficaz:


  • Avaliação inicial: Realizar uma anamnese detalhada e exame físico completo.


  • Início de antibioterapia empírica intravenosa: Recomenda-se cefotaxima ou ceftriaxona como primeira linha. Como alternativa, pode considerar-se amoxicilina/ácido clavulânico[3].


  • Consulta com otorrinolaringologia: Praticamente todos os pacientes com quadro clínico compatível com mastoidite aguda devem ser avaliados por um especialista em ORL[3].


  • Procedimentos: Em alguns casos, pode ser necessária uma timpanocentese ou miringotomia com ou sem colocação de tubos de ventilação transtimpânicos[3].


  • Monitorização: Vigiar de perto a evolução clínica e a resposta ao tratamento.


  • Gestão de complicações: Manter vigilância para possíveis complicações como abcessos epidurais, meningite ou paralisia facial, que requerem intervenção urgente[2].


A mastoidite aguda é uma condição potencialmente grave que exige diagnóstico precoce e gestão adequada no serviço de urgência. A combinação de uma avaliação clínica exaustiva, exames complementares apropriados e início precoce de tratamento antibiótico é essencial para prevenir complicações e garantir um desfecho favorável para o paciente.


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