Manejo da Utente Grávida Acidentada
- EmergenciasUNO
- 23 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
O manejo da utente grávida que sofreu um acidente constitui um desafio singular para os profissionais de saúde, pois implica a atenção simultânea a dois pacientes: a mãe e o feto. A prioridade inicial deve ser sempre a estabilização materna, uma vez que o bem-estar fetal depende diretamente da sobrevivência da mãe[1][2].
Sintomas
A utente grávida acidentada pode apresentar:
Dor abdominal intensa
Náuseas e vómitos
Tonturas ou perda de consciência
Dificuldade respiratória
Ansiedade e preocupação quanto ao bem-estar fetal[1][3]
É importante considerar que, devido às alterações fisiológicas da gravidez, alguns sinais de choque podem surgir tardiamente[4].
Sinais Clínicos
Na avaliação, deve considerar-se:
Alterações nos sinais vitais: frequência cardíaca, pressão arterial e frequência respiratória
Hemorragia vaginal
Contrações uterinas
Perda de líquido amniótico
Redução ou ausência de movimentos fetais
Evidência de trauma externo: contusões, lacerações, fraturas[1][3][5]
Exploração
A avaliação deve incluir:
Avaliação primária segundo o protocolo ABCDE (via aérea, respiração, circulação, déficit neurológico, exposição)
Exame físico completo, atentando ao abdómen e pelve
Avaliação obstétrica: altura uterina, tônus uterino e posição fetal
Exame vaginal (idealmente por obstetra) para avaliar dilatação cervical, hemorragia ou perda de líquido amniótico[1][3][6]
Exames Diagnósticos
Estão recomendados os seguintes exames:
Ecografia abdominal e pélvica para avaliar a integridade placentária e o bem-estar fetal
Monitorização fetal contínua (a partir das 23–24 semanas de gestação)
Analítica completa, incluindo estudos de coagulação e tipagem sanguínea
Teste de Kleihauer‑Betke para detectar hemorragia feto‑materna
Radiografias ou TAC conforme necessidade, com proteção abdominal adequada[1][3][7]
Maneio em Situações de Emergência
O manejo em contexto de urgência deve seguir estes passos:
Estabilização materna conforme protocolo ABCDE
Deitar a utente em decúbito lateral esquerdo para evitar compressão aorto‑cava (se > 20 semanas de gestação)[1][3]
Administrar oxigênio suplementar
Canalizar duas vias venosas periféricas de grande calibre
Iniciar reposição volémica, reconhecendo que os sinais de choque podem surgir tardiamente devido à hiper‑volemia da gravidez[4]
Avaliar o bem-estar fetal com monitorização contínua (se a idade gestacional permitir)
Administrar imunoglobulina anti‑D em caso de incompatibilidade Rh (mãe Rh negativa)[3]
Tratar especificamente as lesões traumáticas encontradas
Avaliar a necessidade de cesariana de emergência nos casos de grave comprometimento fetal ou instabilidade materna refratária à reanimação[1][3]
Transferir a utente para um centro terciário de obstetrícia e cuidados neonatais de alta complexidade, se necessário[3]
É imprescindível uma abordagem multidisciplinar que envolva emergenciólogos, obstetras, cirurgiões e neonatologistas para otimizar o cuidado destas utentes complexas[1][2]. A reavaliação periódica é fundamental, pois as complicações podem surgir tardiamente, mesmo em casos aparentemente leves[3][5].
Citações
[3] https://hospitalcivilese.gov.co/site/images/guiasyprot/GUIASAMPH/25 trauma en embarazo 263 a 276.pdf
[5] https://manualclinico.hospitaluvrocio.es/urgencias-de- obstetricia/generalidades-urgencias-de-obstetricia/traumatismo-en-la-gestante/
[8] https://www.elsevier.es/es-revista-revista-colombiana-ortopedia-traumatologia-380-articulo-manejo-fractura-pelvica-paciente-gestante–S012088451500053X
[9] https://www.clinicaalemana.cl/articulos/detalle/2004/las-consecuencias-de-un-accidente-en-el-embarazo
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