Malária
- EmergenciasUNO
- 16 de jun.
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MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
Manejo da Malária
Tratamento:O tratamento da malária depende de vários fatores: espécie de Plasmodium, gravidade da doença, idade, gravidez e comorbilidades. As opções incluem:
Artesunato intravenoso: indicado para malária grave ou complicada, especialmente por Plasmodium falciparum.
Terapia combinada com artemisininas (ACT): tratamento de primeira linha para malária não complicada e infeção mista.
Atovaquona–proguanil: alternativa para malária não complicada por P. falciparum.
Quinina com doxiciclina ou clindamicina: utilizada se ACT não estiver disponível. Doxiciclina não é recomendada em menores de 12 anos.
Cloroquina: para malária por P. vivax, P. malariae ou P. ovale em regiões sem resistência.
Primaquina: elimina hipnozoítos hepáticos de P. vivax e P. ovale, prevenindo recaídas. Requer teste de deficiência de G6PD antes do uso devido ao risco de hemólise.
Hospitalização:Internamento urgente indicado para:
Malária por P. falciparum
Gravidez
Crianças
Idosos (>65 anos)
Sinais de gravidade: alteração do estado mental, insuficiência renal ou complicações respiratórias.
Casos não complicados podem ser tratados em regime ambulatório, com monitorização diária.
Monitorização e seguimento:Nos casos graves, monitorizar continuamente para identificar complicações como hipoglicemia, insuficiência renal, respiratória ou hemólise.Após alta, seguir para detetar recaídas, especialmente em infeções por P. vivax e P. ovale.
Educação do paciente:Explicar que um episódio agudo não confere imunidade e que devem adotar medidas preventivas (mosquiteiros, repelentes, profilaxia antes de viagens). Informar sobre recaídas e necessidade de atenção urgente se os sintomas retornarem.
Notificação obrigatória:A malária é doença de notificação obrigatória; todos os casos devem ser reportados às autoridades de saúde.
Diagnóstico
Sospeita clínica:Suspeitar de malária em qualquer pessoa que tenha viajado a região endémica e apresente febre ou história de febre, mesmo com profilaxia tomada.Sintomas frequentes: febre alta, calafrios, sudação, cefaleia, mal-estar, fadiga, mialgias, náuseas, vómitos e diarreia.Em crianças: sonolência, hepatomegalia ou esplenomegalia.
Testes laboratoriais:Diagnóstico confirmado por microscopia de sangue (gota espessa + frotis) — padrão-ouro.Testes rápidos de antígeno são úteis em emergências onde a microscopia não está disponível.Se o teste inicial for negativo e houver forte suspeita clínica, repetir cada 12‑24 h por pelo menos 3 dias.
Avaliação de risco:Inquirir sobre uso de quimioprofilaxia: tipo de medicamento, adesão, e uso de medidas preventivas, como mosquiteiros ou repelentes.
Avaliação clínica:Detectar sinais de gravidade: alteração do estado mental, insuficiência renal, acidose metabólica, anemia grave ou sintomas respiratórios — indicam necessidade de atendimento urgente.
Diagnóstico diferencial
Doenças com sintomas semelhantes incluem:
Infeções virais: gripe, COVID‑19, Epstein‑Barr, citomegalovírus
Meningite ou encefalite
Infeções respiratórias inferiores
Gastroenterites
Hepatites virais
HIV em seroconversão
E ainda:
Febres hemorrágicas (Ébola, Lassa, Marburgo)
Febre tifóide
Dengue e outros arbovírus
Riquetsioses e tripanossomíase
Definição
A malária é uma doença infecciosa grave causada pela invasão dos glóbulos vermelhos por parasitas do género Plasmodium, transmitida pela picada de mosquitos Anopheles. As principais espécies que afetam humanos são:
P. falciparum: responsável pela maioria das mortes; causa formas graves.
P. vivax e P. ovale: podem formar hipnozoítos hepáticos, causando recaídas.
P. malariae: pode resultar em infeção crónica de longa duração.
P. knowlesi: parasita de macacos no sudeste asiático que também infeta humanos e causa doença grave.
A malária é endémica em regiões tropicais e subtropicais, com maior incidência na África subsahariana, sudeste asiático e partes da América do Sul e Central.
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