Luxações do Ombro
- EmergenciasUNO

- 18 de jul.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS MENORES
Uma luxação do ombro ocorre quando a cabeça do úmero se desloca para fora da cavidade glenoideia da escápula, provocando dor aguda e perda de mobilidade. É a luxação de grande articulação mais comum, representando cerca de 50% de todas as luxações articulares.
A elevada mobilidade da articulação glenoumeral torna-a inerentemente instável, predispondo-a a este tipo de lesão, especialmente durante a prática desportiva ou em acidentes. As luxações podem ser anteriores (as mais frequentes), posteriores ou inferiores, consoante a direção do deslocamento.
Diagnóstico
O diagnóstico baseia-se em antecedentes de traumatismo ou movimento brusco, associados a dor intensa, deformidade visível (o ombro apresenta-se “afundado” nas luxações anteriores) e incapacidade para mobilizar o braço.
O exame clínico revela perda do contorno arredondado do ombro. Radiografias em projeções anteroposterior e axial confirmam a luxação, identificam a direção do deslocamento e ajudam a excluir fraturas associadas, como a fratura de Bankart ou a lesão de Hill-Sachs, comuns nas luxações anteriores.
Diagnóstico Diferencial
Patologia | Características |
Fratura da cabeça umeral | Dor e deformidade semelhantes, mas sem luxação articular. |
Rotura da coifa dos rotadores | Dor e fraqueza no ombro sem deformidade visível. |
Luxação acromioclavicular | Deformidade na parte superior do ombro, sem deslocamento do úmero. |
Tendinite bicipital | Dor anterior no ombro, sem deformidade nem perda completa de mobilidade. |
Contusão do ombro | Dor após traumatismo, com mobilidade preservada e sem deslocamento ósseo. |
Abordagem de Emergência
A abordagem inicial em contexto de urgência consiste na redução imediata da luxação para restaurar o alinhamento anatómico e aliviar a dor. A redução pode ser realizada por técnicas manuais, como os métodos de Kocher ou Hipócrates, sob sedação ou anestesia local.
É fundamental avaliar o estado neurovascular do membro (particularmente o nervo axilar) antes e após a redução. Após uma redução bem-sucedida, realizam-se radiografias para confirmar o correto alinhamento e procede-se à imobilização do ombro com tipoia ou tala durante 2 a 4 semanas, permitindo a cicatrização dos tecidos moles.
Tratamento Definitivo
O tratamento definitivo depende da estabilidade da articulação após a redução e da presença de lesões associadas. Em doentes jovens com luxações recorrentes, ou em casos com lesões significativas (por exemplo, fratura de Bankart ou lesão de Hill-Sachs), pode ser necessária cirurgia para estabilizar a articulação através da reparação do lábrum ou da cápsula articular.
Em doentes mais velhos ou sem episódios recorrentes, o tratamento conservador com imobilização seguido de fisioterapia costuma ser eficaz para recuperar a força e a amplitude de movimento. A reabilitação é essencial para prevenir instabilidade crónica ou novas luxações.

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