Luxação Posterior do Ombro
- EmergenciasUNO

- 18 de jul.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS MENORES
A luxação posterior do ombro é um tipo menos comum de luxação desta articulação, representando aproximadamente 2 a 4% de todos os casos. Ocorre quando a cabeça do úmero se desloca posteriormente, saindo da cavidade glenoideia da escápula.
Este tipo de luxação está frequentemente associado a traumatismos indiretos, como quedas sobre o braço estendido em rotação interna ou a episódios de convulsões (epilepsia ou choque elétrico), que geram uma força que empurra a cabeça do úmero para trás.
Devido à sua apresentação menos evidente, estas luxações são frequentemente diagnosticadas tardiamente ou passam despercebidas.
Diagnóstico
O diagnóstico clínico pode ser difícil, pois a deformidade não é tão evidente como nas luxações anteriores. Os pacientes apresentam dor significativa e limitação acentuada dos movimentos do ombro, mantendo o braço em adução e rotação interna. Ao exame físico, observa-se rigidez marcada à rotação externa.
As radiografias em projeções anteroposterior e axial são essenciais para o diagnóstico, sendo também útil a incidência em “Y” da escápula. Pode observar-se o “sinal da lâmpada” (ou “sinal da lâmpada redonda”), em que a cabeça do úmero parece redonda e simétrica devido à rotação interna.
Diagnóstico Diferencial
Patologia | Características |
Luxação anterior do ombro | Deformidade visível, braço em abdução e rotação externa. |
Fratura do colo umeral | Deformidade do ombro sem luxação articular. |
Rotura da coifa dos rotadores | Dor e fraqueza no ombro, sem luxação visível. |
Luxação acromioclavicular | Deformidade na parte superior do ombro, sem deslocamento da cabeça do úmero. |
Contusão do ombro | Dor ligeira e limitação sem deformidade ou luxação significativa. |
Abordagem de Emergência
O tratamento de emergência inclui a redução fechada da luxação, geralmente realizada sob sedação ou anestesia. A redução pode ser conseguida com tração e manobras de rotação externa, embora seja tecnicamente mais difícil do que nas luxações anteriores.
É fundamental realizar uma avaliação neurovascular completa antes e após a redução, para excluir lesões do plexo braquial ou de vasos sanguíneos. Após a redução, a posição articular deve ser confirmada com radiografias, e o ombro deve ser imobilizado com tipoia ou tala durante 3 a 6 semanas.
Tratamento Definitivo
O tratamento definitivo depende da estabilidade da articulação após a redução e da presença de lesões associadas. Em luxações não complicadas, o tratamento conservador inclui imobilização seguida de fisioterapia para recuperação da mobilidade e da força muscular.
Nos casos de luxações crónicas ou recorrentes, ou quando há lesões associadas — como fraturas da cabeça do úmero ou lesões do lábrum glenoideu (lesão de Bankart invertida) — pode ser necessária cirurgia. Esta pode incluir estabilização artroscópica ou reparação capsulolabral, com o objetivo de prevenir futuras instabilidades.

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