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Luxação de uma Prótese da Anca

MANUAL DE EMERGÊNCIAS MENORES



A luxação de uma prótese da anca é uma complicação relativamente comum após uma artroplastia total da anca, em que a cabeça protésica se desloca para fora do acetábulo protésico.


Esta situação ocorre geralmente nas primeiras semanas ou meses após a cirurgia, quando os tecidos moles ainda não cicatrizaram completamente, embora também possa surgir mais tardiamente devido a traumatismos ou desgaste dos componentes protésicos.


Diagnóstico


O paciente apresenta-se tipicamente com:


  • Dor aguda na anca


  • Incapacidade de mobilizar o membro inferior afetado


  • Deformidade visível


A perna pode estar:


  • Encurtada e em rotação interna (luxação posterior)


  • Encurtada e em rotação externa (luxação anterior)


O diagnóstico confirma-se através de radiografias da anca, que mostram a deslocação da cabeça protésica. Pode ser necessário realizar tomografia computorizada (TC) para avaliar a posição dos componentes protésicos e excluir outras lesões.


Diagnóstico Diferencial

Condição

Diferença Clínica Principal

Infeção protésica

Dor crónica, sinais inflamatórios locais e febre; sem deslocação visível na radiografia.

Fratura periprotésica

Dor súbita com fratura visível e possível deslocamento dos componentes protésicos.

Afrouxamento protésico

Dor progressiva com sinais de instabilidade nas imagens; sem luxação completa.

Necrose avascular (NAV)

Não aplicável em artroplastia total; possível em hemiartroplastias.

Tendinite trocantérica

Dor lateral localizada; sem instabilidade ou alterações nas radiografias.


Abordagem de Urgência


  • Estabilização inicial do paciente


  • Analgesia eficaz


  • Redução fechada urgente, realizada sob sedação profunda ou anestesia geral


A técnica de redução varia consoante a direção da luxação (anterior ou posterior).

Se a redução fechada falhar ou se houver suspeita de instabilidade da prótese, é necessária uma redução cirúrgica aberta. Após a redução, devem ser realizadas radiografias de controlo para confirmar a posição dos componentes.


Tratamento Definitivo


  • Redução fechada é suficiente nos casos em que a prótese está funcional e bem posicionada.


  • Cuidados pós-redução:


    • Evitar flexão da anca > 90°


    • Evitar adução e rotação interna (em luxações posteriores)


    • Utilizar órteses ou suportes, se necessário.


Nos casos de luxações recidivantes, pode ser necessário realizar cirurgia de revisão protésica, com troca de componentes, utilização de cabeças femorais maiores ou insertos de dupla mobilidade para aumentar a estabilidade articular.


Reabilitação


A fisioterapia pós-redução é essencial e foca-se em:


  • Fortalecimento dos músculos abdutores


  • Treino de estabilidade articular


  • Reeducação funcional da marcha


É necessário um acompanhamento clínico e imagiológico regular para monitorizar a estabilidade e a durabilidade da prótese.

 
 
 

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