Luxatio Erecta
- EmergenciasUNO

- 18 de jul.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS MENORES
A luxatio erecta é uma luxação inferior do ombro extremamente rara, na qual a cabeça do úmero se desloca inferiormente, saindo da cavidade glenoideia da escápula.
Esta lesão ocorre tipicamente devido a um movimento de hiperabdução extrema do braço, em que o úmero é forçado para cima e se desloca inferiormente da articulação.
É uma condição grave, frequentemente associada a lesões neurovasculares, nomeadamente do plexo braquial e da artéria axilar, e requer atendimento médico urgente.
Diagnóstico
O diagnóstico é sugerido pela posição característica do braço: o paciente apresenta o braço elevado, completamente abduzido e colocado acima da cabeça, como se estivesse permanentemente a fazer um gesto de "braço levantado".
Além da dor intensa e da impossibilidade de mobilizar o braço, observa-se uma deformidade visível no ombro. As radiografias nas projeções anteroposterior e axial confirmam a luxação inferior, com a cabeça do úmero localizada abaixo da cavidade glenoideia.
Diagnóstico Diferencial
Patologia | Características |
Luxação anterior do ombro | Braço em abdução e rotação externa, com deformidade anterior visível. |
Luxação posterior do ombro | Braço em adução e rotação interna, com deformidade menos evidente. |
Fratura do colo umeral | Deformidade do ombro sem perda completa do contacto articular. |
Rotura da coifa dos rotadores | Dor e fraqueza no ombro, sem luxação ou deformidade visível. |
Lesão do plexo braquial | Dor e fraqueza no braço, sem deslocamento ósseo. |
Abordagem de Emergência
O tratamento de emergência consiste na redução urgente da luxação para prevenir danos adicionais aos nervos e vasos sanguíneos. A redução é geralmente realizada sob sedação ou anestesia, utilizando técnicas suaves de tração para reposicionar a cabeça do úmero na cavidade glenoideia.
Após a redução, é fundamental avaliar a função neurovascular do membro, com atenção especial ao plexo braquial e à artéria axilar, que podem estar comprometidos. Devem também ser realizadas radiografias pós-redução para confirmar o realinhamento adequado e excluir fraturas associadas.
Tratamento Definitivo
O tratamento definitivo depende da estabilidade da articulação após a redução e da presença de lesões associadas. Após uma redução bem-sucedida, o ombro deve ser imobilizado com tipoia ou tala durante 2 a 4 semanas, seguido de fisioterapia para recuperação da amplitude de movimento e força muscular.
Em casos de instabilidade persistente ou lesão significativa dos tecidos moles, pode ser necessária cirurgia reparadora, como a estabilização do lábrum ou dos ligamentos glenoumerais. A reabilitação é essencial para prevenir recidivas e restaurar plenamente a função do ombro.

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