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Luxatio Erecta

MANUAL DE EMERGÊNCIAS MENORES



A luxatio erecta é uma luxação inferior do ombro extremamente rara, na qual a cabeça do úmero se desloca inferiormente, saindo da cavidade glenoideia da escápula.


Esta lesão ocorre tipicamente devido a um movimento de hiperabdução extrema do braço, em que o úmero é forçado para cima e se desloca inferiormente da articulação.


É uma condição grave, frequentemente associada a lesões neurovasculares, nomeadamente do plexo braquial e da artéria axilar, e requer atendimento médico urgente.


Diagnóstico


O diagnóstico é sugerido pela posição característica do braço: o paciente apresenta o braço elevado, completamente abduzido e colocado acima da cabeça, como se estivesse permanentemente a fazer um gesto de "braço levantado".


Além da dor intensa e da impossibilidade de mobilizar o braço, observa-se uma deformidade visível no ombro. As radiografias nas projeções anteroposterior e axial confirmam a luxação inferior, com a cabeça do úmero localizada abaixo da cavidade glenoideia.


Diagnóstico Diferencial


Patologia

Características

Luxação anterior do ombro

Braço em abdução e rotação externa, com deformidade anterior visível.

Luxação posterior do ombro

Braço em adução e rotação interna, com deformidade menos evidente.

Fratura do colo umeral

Deformidade do ombro sem perda completa do contacto articular.

Rotura da coifa dos rotadores

Dor e fraqueza no ombro, sem luxação ou deformidade visível.

Lesão do plexo braquial

Dor e fraqueza no braço, sem deslocamento ósseo.

Abordagem de Emergência


O tratamento de emergência consiste na redução urgente da luxação para prevenir danos adicionais aos nervos e vasos sanguíneos. A redução é geralmente realizada sob sedação ou anestesia, utilizando técnicas suaves de tração para reposicionar a cabeça do úmero na cavidade glenoideia.


Após a redução, é fundamental avaliar a função neurovascular do membro, com atenção especial ao plexo braquial e à artéria axilar, que podem estar comprometidos. Devem também ser realizadas radiografias pós-redução para confirmar o realinhamento adequado e excluir fraturas associadas.


Tratamento Definitivo


O tratamento definitivo depende da estabilidade da articulação após a redução e da presença de lesões associadas. Após uma redução bem-sucedida, o ombro deve ser imobilizado com tipoia ou tala durante 2 a 4 semanas, seguido de fisioterapia para recuperação da amplitude de movimento e força muscular.


Em casos de instabilidade persistente ou lesão significativa dos tecidos moles, pode ser necessária cirurgia reparadora, como a estabilização do lábrum ou dos ligamentos glenoumerais. A reabilitação é essencial para prevenir recidivas e restaurar plenamente a função do ombro.

 
 
 

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