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Lesões Oculares Penetrantes

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



As lesões oculares penetrantes constituem uma emergência oftalmológica grave que exige intervenção médica imediata. Envolvem a ruptura da integridade do globo ocular, o que pode causar danos graves e potencial perda de visão se não forem tratadas adequadamente[1][3].


Sintomas


Os doentes podem apresentar:


  • Dor ocular intensa


  • Redução súbita da acuidade visual


  • Sensação de corpo estranho


  • Fotofobia (sensibilidade à luz)


  • Lacrimejo excessivo


  • Visão turva ou distorcida[1][5]


Sinais Clínicos


A avaliação pode revelar:


  • Laceração visível na córnea ou esclera


  • Perda de humor aquoso (teste de Seidel positivo)


  • Câmara anterior muito rasa ou profunda


  • Pupila irregular (possível hérnia do íris)


  • Ausência de reflexo vermelho (sugere hemorragia vítrea ou lesão retiniana)


  • Hifema (sangue na câmara anterior)


  • Prolapso de conteúdo ocular (tecido uveal, cristalino, humor vítreo ou retina)[1][3][7]


Exame Clínico


Deve ser realizado com cautela a fim de evitar aumento da pressão intraocular:


  • Avaliação da acuidade visual em cada olho


  • Teste de campo visual por confrontação


  • Avaliação da reflexão pupilar direta e consensual


  • Inspeção da conjuntiva e córnea à procura de corpos estranhos e cortes


  • Exame com lâmpada de fenda (se disponível)


  • Avaliação da motilidade ocular


  • Exame do fundo de olho, se possível[1][3][7]


Exames Diagnósticos


Podem incluir:


  • TAC (tomografia computorizada): método preferencial para avaliar lesões de globo ocular aberto, com sensibilidade entre 56–100%[6]


  • Ecografia ocular: útil para detetar lesões retinianas e corpos estranhos intraoculares quando os meios ópticos estão opacos[2]


  • Estudos eletrofisiológicos do nervo óptico (electrorretinograma ou potenciais evocados): úteis para excluir avulsão do nervo óptico[6]


  • Radiografia orbital: indicada para identificar corpos estranhos radiopacos[3]


Maneio de Emergência


O manejo inicial deve incluir:


  1. Não exercer pressão sobre o globo ocular


  2. Aplicar proteção ocular rígida (tipo escudo), sem compressão


  3. Evitar administração de colírios ou pomadas tópicas


  4. Administrar analgesia sistémica e antieméticos para prevenir aumento da pressão intraocular


  5. Iniciar antibiótico profilático sistémico


  6. Atualizar vacinação antitetânica, se necessário


  7. Urgência de avaliação oftalmológica


  8. Preparar o doente para intervenção cirúrgica urgente[1][3][6]


O tratamento definitivo, com fecho primário da lesão, deve ser realizado idealmente nas primeiras 24 horas, podendo preservar a visão em até 75% dos casos[6].


Considerações Finais


As lesões oculares penetrantes exigem diagnóstico célere e preciso, seguidos de um manejo rápido e cuidadoso. A colaboração entre serviços de urgência e oftalmologia é fundamental para otimizar resultados visuais e prevenir complicações graves como endoftalmite.


Citações


 
 
 

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