Lesão Cerebral Traumática (LCT) Associada a Traumatismo Facial
- EmergenciasUNO

- 21 de jul.
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MANUAL DE EMERGÊNCIAS MENORES
A lesão cerebral traumática (LCT) associada a traumatismo facial ocorre quando um trauma afeta simultaneamente os ossos da face, o crânio e o encéfalo, comprometendo tanto a função neurológica como a integridade estrutural facial.
Este tipo de lesão é frequentemente observado em acidentes rodoviários, quedas de grande altura ou agressões severas, podendo ter consequências neurológicas graves, incluindo hemorragias intracranianas, fraturas faciais e perda de consciência.
Diagnóstico
O diagnóstico de uma LCT associada a traumatismo facial exige uma avaliação física e neurológica minuciosa. A avaliação neurológica deve incluir a Escala de Coma de Glasgow (GCS) para determinar o nível de consciência.
Devem também ser identificados sinais de fraturas faciais (como assimetrias, dor, crepitação óssea, equimoses). É fundamental a realização de exames de imagem, como tomografia computorizada (TC) do crânio e da face, para avaliar a extensão das fraturas e possíveis lesões intracranianas, como hemorragias ou edema cerebral.
Diagnóstico Diferencial
Patologia | Características Principais |
Fratura da base do crânio | Sinal de Battle (hematoma retroauricular), otorreia ou rinorreia de LCR. |
Concussão cerebral | Disfunção neurológica transitória sem lesão estrutural visível na TC. |
Hematoma epidural | Perda de consciência seguida de um intervalo lúcido e rápido agravamento neurológico. |
Hematoma subdural | Sintomatologia neurológica progressiva, cefaleia e alteração do estado mental. |
Abordagem em Situação de Emergência
Avaliação inicial da via aérea, respiração e circulação (ABC): Em casos de LCT, deve-se sempre priorizar a gestão da via aérea. Se o traumatismo facial comprometer a passagem aérea, considerar intubação precoce.
Imobilização cervical: Dada a possibilidade de lesão vertebro-medular associada, deve-se imobilizar a coluna cervical até exclusão de fratura.
Controlo da hemorragia facial: Aplicar pressão direta para estancar hemorragias significativas. Em casos de hemorragia massiva ou fraturas abertas, considerar compressas hemostáticas ou intervenção cirúrgica urgente.
Avaliação neurológica (GCS): Monitorizar o estado neurológico e estar atento a sinais de deterioração, como anisocoria, convulsões ou perda progressiva de consciência.
Tomografia Computorizada: Realizar TC do crânio e da face para identificar fraturas faciais, hemorragias intracranianas, edema cerebral ou outras lesões associadas.
Profilaxia antibiótica: Em fraturas faciais abertas, iniciar antibioterapia para prevenir infeções, especialmente se houver comunicação com os seios perinasais ou cavidade oral.
Gestão de fluidos e controlo da pressão intracraniana: Em casos de edema cerebral, assegurar perfusão cerebral adequada e considerar o uso de manitol ou solução salina hipertónica para controlo da hipertensão intracraniana.
Tratamento Definitivo
O tratamento definitivo envolve a estabilização cirúrgica das fraturas faciais e a intervenção neurocirúrgica em casos de hemorragia intracraniana ou fraturas complexas do crânio.
Fraturas faciais deslocadas ou que envolvem a órbita, o maxilar ou a mandíbula podem requerer redução aberta e fixação interna (RAFI).

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