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Lesão cerebral relacionada com o álcool

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



O consumo excessivo de álcool está estreitamente associado às lesões cerebrais traumáticas (LCT), sendo um fator de risco significativo tanto para sofrer uma LCT como para agravar as suas consequências. Este artigo explora os aspetos-chave da lesão cerebral relacionada com o álcool, incluindo sintomas, sinais clínicos, exame, meios complementares de diagnóstico e abordagem em contexto de emergência.


Sintomas


Os sintomas da lesão cerebral relacionada com o álcool podem variar conforme a gravidade da intoxicação e da lesão cerebral. Alguns dos sintomas mais comuns incluem:


  • Alteração do estado de alerta e confusão[1]


  • Cefaleia progressiva[1]


  • Vómitos em jato[1]


  • Agitação psicomotora[1]


  • Convulsões[1]


  • Amnésia peritraumática[1]


  • Alterações cognitivas, como dificuldades de memória e raciocínio[2]


  • Mudanças comportamentais, incluindo agressividade e comportamento sexual inadequado[4]


Sinais clínicos


Os sinais clínicos observáveis em pacientes com lesão cerebral relacionada com o álcool podem incluir:


  • Défice neurológico focal, consoante a área cerebral afetada[1]


  • Alteração da coordenação e do equilíbrio[2]


  • Nistagmo[4]


  • Disartria[4]


  • Marcha instável[4]


  • Hipotermia[3]


  • Diplopia[3]


  • Alterações nos sinais vitais, como taquicardia e hipertensão arterial[4]


Exame clínico


A avaliação de um paciente com suspeita de lesão cerebral relacionada com o álcool deve ser exaustiva e incluir:


  • Avaliação do nível de consciência através da escala de Glasgow[1]


  • Pesquisa de sinais de focalização neurológica[1]


  • Identificação de disfunções vegetativas[1]


  • Avaliação cardiorrespiratória e abdominal[4]


  • Avaliação do estado de hidratação[4]


  • Pesquisa de sinais de abuso crónico de álcool (telangiectasias, eritema palmar, atrofia muscular, nevos aracniformes)[4]


É importante repetir esta avaliação periodicamente para detetar eventuais agravamentos[1].


Meios complementares de diagnóstico


Os exames mais relevantes para avaliar uma lesão cerebral relacionada com o álcool incluem:


  • Determinação da alcoolemia[4]


  • Hemograma completo[4]


  • Bioquímica básica com glicose, função renal, eletrólitos, amílase e transaminases[4]


  • Análise toxicológica urinária[4]


  • Ressonância magnética (RM) cerebral, sendo o exame de imagem mais útil para confirmação diagnóstica[3]


  • Tomografia axial computorizada (TAC) cerebral em casos de TCE moderado ou grave[1]


Abordagem em Emergência


A gestão em contexto de urgência de pacientes com lesão cerebral relacionada com o álcool deve ser rápida e eficaz:


  • Avaliação inicial dos parâmetros sistémicos, neurológicos e radiológicos para classificar a gravidade[1].


  • Realização de TAC cerebral em casos de TCE moderado ou grave[1].


  • Observação e tratamento dos pacientes com TCE moderado ou grave[1].


  • Em casos de TCE ligeiro, considerar alta hospitalar se durante 48 horas não se verificar diminuição do nível de consciência, cefaleia significativa, amnésia peritraumática ou défice neurológico focal[1].


  • Tratamento da hipertensão intracraniana com medicamentos como manitol ou solução salina hipertónica[5].


  • Monitorização contínua dos sinais vitais e do estado neurológico[4].


  • Prevenção e tratamento de possíveis complicações, como convulsões ou síndrome de abstinência alcoólica[2][4].


É fundamental lembrar que a intoxicação alcoólica pode mascarar outras patologias graves. Assim, uma avaliação completa e minuciosa é essencial para não ignorar condições potencialmente fatais[4].


A lesão cerebral relacionada com o álcool representa um desafio significativo na prática clínica de emergência. Uma abordagem sistemática e completa é essencial para garantir o melhor desfecho possível nestes pacientes.


Citações


[7] 

 
 
 

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