Laceração perineal
- EmergenciasUNO
- 22 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
A laceração perineal é uma complicação frequente durante o parto vaginal, caracterizada por lesões nos tecidos ao redor da vagina e do ânus. Este artigo académico aborda os aspetos essenciais da laceração perineal, incluindo sintomas, sinais clínicos, exame, exames complementares e abordagem em situações de emergência.
Classificação
A laceração perineal define-se como uma rotura da pele e dos músculos situados ao redor do introito vaginal[1]. É classificada em quatro graus conforme a gravidade:
Primeiro grau: Atinge apenas a pele do períneo e a mucosa vaginal.
Segundo grau: Envolve os músculos perineais, sem afetar o esfíncter anal.
Terceiro grau: Estende-se ao músculo do esfíncter anal.
Quarto grau: Envolve o esfíncter anal e a mucosa retal[2].
Sintomas
Os sintomas variam de acordo com a gravidade da lesão, sendo os mais comuns:
Dor na região perineal
Hemorragia vaginal
Edema na região perineal
Sensibilidade local
Ardor ao urinar, sobretudo em lacerações de primeiro grau[1][2]
Nos casos mais graves, podem ocorrer:
Incontinência de gases
Urgência fecal
Incontinência fecal (nos graus terceiro e quarto)[2][3]
Sinais clínicos
Os sinais clínicos típicos incluem:
Solução de continuidade visível na pele perineal
Edema e eritema locais
Hemorragia ativa
Alterações anatómicas do períneo
Exposição do esfíncter anal ou da mucosa retal nas lesões graves[2][3]
Exame físico
A avaliação da laceração perineal é essencial para o diagnóstico e conduta adequada. Recomenda-se:
Posição de litotomia
Boa iluminação
Analgesia apropriada
Inspeção visual minuciosa do períneo
Toque retal com o dedo indicador e palpação digital externa do esfíncter entre o dedo no reto e o polegar no períneo[3]
Deve-se também procurar sinais de lesão do músculo levantador do ânus através da palpação das paredes vaginais laterais. A presença de gordura entre fibras musculares é indicativa de rotura[3].
Exames complementares
Embora o diagnóstico seja sobretudo clínico, em alguns casos pode-se recorrer a:
Ecografia endoanal: útil para avaliar a integridade do esfíncter anal em lacerações de grau III e IV
Manometria anorretal: avalia a função esfincteriana
Ressonância magnética: em casos complexos ou com suspeita de lesões adicionais não visíveis[2][3]
Conduta em Emergência
O tratamento imediato inclui:
Controlo da hemorragia com compressão direta
Aplicação de gaze estéril ou pano limpo sobre a área lesada
Compressas frias para redução do edema[4]
Reparação das lacerações:
Primeiro grau: Pode não requerer sutura ou ser reparada na sala de partos
Segundo grau: Geralmente suturada na sala de partos
Terceiro e quarto grau: Normalmente requerem reparação em bloco operatório com técnicas mais elaboradas e, por vezes, antibióticos profiláticos[2][3]
É essencial que os profissionais de saúde estejam devidamente capacitados para diagnosticar e tratar lacerações perineais. Um diagnóstico preciso e uma reparação adequada são fundamentais para evitar complicações futuras como incontinência urinária ou fecal[2][3].
A laceração perineal é uma complicação obstétrica que exige uma abordagem sistemática para diagnóstico e tratamento. A correta identificação do grau da lesão e a sua gestão adequada são cruciais para garantir uma boa recuperação e prevenir sequelas a longo prazo.
Citações
[2] https://www.mayoclinic.org/es/healthy-lifestyle/labor-and-delivery/in-depth/vaginal-tears/art-20546855
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