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Laceração perineal

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



A laceração perineal é uma complicação frequente durante o parto vaginal, caracterizada por lesões nos tecidos ao redor da vagina e do ânus. Este artigo académico aborda os aspetos essenciais da laceração perineal, incluindo sintomas, sinais clínicos, exame, exames complementares e abordagem em situações de emergência.


Classificação


A laceração perineal define-se como uma rotura da pele e dos músculos situados ao redor do introito vaginal[1]. É classificada em quatro graus conforme a gravidade:


  • Primeiro grau: Atinge apenas a pele do períneo e a mucosa vaginal.


  • Segundo grau: Envolve os músculos perineais, sem afetar o esfíncter anal.


  • Terceiro grau: Estende-se ao músculo do esfíncter anal.


  • Quarto grau: Envolve o esfíncter anal e a mucosa retal[2].


Sintomas


Os sintomas variam de acordo com a gravidade da lesão, sendo os mais comuns:


  • Dor na região perineal


  • Hemorragia vaginal


  • Edema na região perineal


  • Sensibilidade local


  • Ardor ao urinar, sobretudo em lacerações de primeiro grau[1][2]


Nos casos mais graves, podem ocorrer:


  • Incontinência de gases


  • Urgência fecal


  • Incontinência fecal (nos graus terceiro e quarto)[2][3]


Sinais clínicos


Os sinais clínicos típicos incluem:


  • Solução de continuidade visível na pele perineal


  • Edema e eritema locais


  • Hemorragia ativa


  • Alterações anatómicas do períneo


  • Exposição do esfíncter anal ou da mucosa retal nas lesões graves[2][3]


Exame físico


A avaliação da laceração perineal é essencial para o diagnóstico e conduta adequada. Recomenda-se:


  • Posição de litotomia


  • Boa iluminação


  • Analgesia apropriada


  • Inspeção visual minuciosa do períneo


  • Toque retal com o dedo indicador e palpação digital externa do esfíncter entre o dedo no reto e o polegar no períneo[3]


Deve-se também procurar sinais de lesão do músculo levantador do ânus através da palpação das paredes vaginais laterais. A presença de gordura entre fibras musculares é indicativa de rotura[3].


Exames complementares


Embora o diagnóstico seja sobretudo clínico, em alguns casos pode-se recorrer a:


  • Ecografia endoanal: útil para avaliar a integridade do esfíncter anal em lacerações de grau III e IV


  • Manometria anorretal: avalia a função esfincteriana


  • Ressonância magnética: em casos complexos ou com suspeita de lesões adicionais não visíveis[2][3]


Conduta em Emergência


O tratamento imediato inclui:


  • Controlo da hemorragia com compressão direta


  • Aplicação de gaze estéril ou pano limpo sobre a área lesada


  • Compressas frias para redução do edema[4]


Reparação das lacerações:


  • Primeiro grau: Pode não requerer sutura ou ser reparada na sala de partos


  • Segundo grau: Geralmente suturada na sala de partos


  • Terceiro e quarto grau: Normalmente requerem reparação em bloco operatório com técnicas mais elaboradas e, por vezes, antibióticos profiláticos[2][3]


É essencial que os profissionais de saúde estejam devidamente capacitados para diagnosticar e tratar lacerações perineais. Um diagnóstico preciso e uma reparação adequada são fundamentais para evitar complicações futuras como incontinência urinária ou fecal[2][3].


A laceração perineal é uma complicação obstétrica que exige uma abordagem sistemática para diagnóstico e tratamento. A correta identificação do grau da lesão e a sua gestão adequada são cruciais para garantir uma boa recuperação e prevenir sequelas a longo prazo.


Citações


 
 
 

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