Insuficiência Renal Crónica (IRC)
- EmergenciasUNO
- 17 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
A insuficiência renal crónica (IRC) é uma condição caracterizada pela deterioração progressiva e irreversível da função renal ao longo do tempo. Define-se como uma taxa de filtração glomerular (TFG) inferior a 60 ml/min/1,73 m² por um período mínimo de 3 meses, ou pela presença de lesão renal estrutural ou funcional[1][4]. Esta patologia constitui um problema de saúde pública relevante, afetando cerca de 10% da população adulta em Espanha e mais de 20% dos indivíduos com mais de 60 anos[6].
Sintomatologia
Os sintomas da IRC desenvolvem-se gradualmente e variam consoante a gravidade da doença. Nos estádios iniciais, os doentes podem ser assintomáticos ou apresentar sintomas inespecíficos. Com a progressão da disfunção renal, os sintomas tornam-se mais evidentes, incluindo:
Fadiga e astenia
Anorexia e perda de peso
Náuseas e vómitos
Prurido
Perturbações do sono, incluindo insónia e síndrome das pernas inquietas
Dificuldade de concentração
Edemas (particularmente em membros inferiores)
Dispneia
Dores ósseas e musculares[1][3][7]
Sinais clínicos
Os sinais clínicos mais comuns incluem:
Hipertensão arterial (presente em até 80% dos casos de IRC avançada)
Palidez cutâneo-mucosa devido a anemia
Edema periférico
Gelo urémico (depósitos brancos na pele)
Sinais de desnutrição
Alterações neurológicas como asterixis ou mioclonias
Pericardite urémica em estádios avançados[1][3][6]
Exame físico
A avaliação clínica deve abranger:
Medição da pressão arterial
Avaliação do estado de hidratação
Auscultação cardio-pulmonar
Palpação abdominal (pesquisa de massas renais ou vesicais)
Avaliação de edemas periféricos
Exame neurológico (pesquisa de neuropatia urémica)
Avaliação do estado nutricional[3][6]
Meios complementares de diagnóstico
O diagnóstico da IRC baseia-se em exames laboratoriais e de imagem:
Exames de sangue:
Creatinina e ureia
Eletrólitos (sódio, potássio, cálcio, fósforo)
Hemograma completo
Perfil lipídico
Paratormona (PTH)
Vitamina D
Exames de urina:
Exame sumário de urina
Proteinúria quantitativa (relação proteína/creatinina na urina ou proteinúria de 24 horas)
Microalbuminúria (em diabéticos)
Estudos de imagem:
Ecografia renal
Tomografia computorizada (em casos selecionados)
Ressonância magnética (casos específicos)
Biópsia renal (para esclarecer etiologia)[1][3][6][7]
Abordagem em contexto de emergência
A gestão da IRC nas urgências centra-se no tratamento das complicações agudas e estabilização do doente:
Avaliação inicial:
ABC (vias aéreas, ventilação, circulação), sinais vitais, estado mental
Tratamento das alterações eletrolíticas:
Hipercaliemia: gluconato de cálcio, insulina com glicose, bicarbonato de sódio, resinas de troca iónica
Acidose metabólica: correção com bicarbonato de sódio, se grave
Controlo da volemia:
Hipervolemia: restrição hídrica, diuréticos de ansa, diálise urgente se houver edema pulmonar
Hipovolemia: reposição cuidadosa de fluidos
Tratamento da hipertensão arterial severa
Tratamento da anemia sintomática: transfusão de concentrado de eritrócitos se necessário
Controlo dos sintomas urémicos: antieméticos, analgésicos
Indicações para diálise de urgência:
Hipercaliemia refratária
Acidose metabólica grave
Sobrecarga hídrica não responsiva a diuréticos
Encefalopatia urémica
Pericardite urémica[1][3][8]
A gestão eficaz da IRC exige uma abordagem multidisciplinar e seguimento rigoroso para prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida dos doentes.
Citações
[2] https://www.elsevier.es/es-revista-revista-medica-clinica-las-condes-202-articulo-prevencion-tratamiento-enfermedad-renal-cronica-S0716864010706003
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