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Infeção do Trato Urinário

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



A infeção do trato urinário (ITU) é uma patologia frequente que afeta crianças e adultos, sendo mais prevalente nas mulheres devido a fatores anatómicos[1][3]. Define-se como a presença e proliferação de microrganismos, geralmente bactérias, no trato urinário, que em condições normais deve ser estéril[4]. Esta condição pode afetar diversas partes do sistema urinário, incluindo a uretra, a bexiga, os ureteres e os rins[1].


Sintomatologia


Os sintomas da ITU variam conforme a localização e a gravidade da infeção. Os mais frequentes incluem:


  • Disúria (dor ou ardor ao urinar)


  • Polaquiúria (aumento da frequência urinária)


  • Urgência miccional


  • Dor ou pressão na região hipogástrica


  • Urina turva ou hemática


  • Odor urinário intenso


  • Febre (especialmente em infeções do trato urinário superior)


  • Náuseas e vómitos (em casos graves)[1][3][6]


Em idosos ou doentes com bexiga neurogénica, os sintomas podem ser inespecíficos, como delírio ou quadro séptico[6].


Sinais clínicos


Os sinais clínicos possíveis incluem:


  • Febre (>38,3°C)


  • Taquicardia


  • Dor à palpação da região suprapúbica


  • Dor no ângulo costovertebral (sinal de Giordano positivo), sugestivo de pielonefrite


  • Sinais de desidratação


  • Alterações do estado mental em idosos[4][6]


Exame físico


A exploração física deve ser completa e incluir:


  • Avaliação do estado geral do doente


  • Medição dos sinais vitais (temperatura, FC, PA)


  • Palpação abdominal, com foco na região suprapúbica e flancos


  • Percussão do ângulo costovertebral para pesquisa de dor renal


  • No sexo masculino, exame prostático se houver suspeita de prostatite[4][6]


Meios complementares de diagnóstico


O diagnóstico baseia-se na combinação de sinais clínicos e exames laboratoriais:


  • Análise sumária de urina: Inclui microscopia e tira-teste para leucócitos, nitritos e hematúria[1][2].


  • Urocultura: Padrão-ouro. Considera-se positiva se houver >100.000 UFC/mL numa amostra corretamente colhida[2].


  • Hemograma completo: Pode mostrar leucocitose em infeções severas[4].


  • Função renal: Avaliação de creatinina e ureia[4].


  • Hemoculturas: Indicadas em casos de sepsis ou pielonefrite[4][6].


  • Imagiologia: Ecografia renal ou TC pode ser necessária em suspeita de complicações ou infeções recorrentes[1][4].


Abordagem em contexto de emergência


A abordagem nas urgências deve incluir:


  • Avaliação inicial: Determinar a gravidade e necessidade de internamento[7].


  • Colheita de amostras: Antes do início da antibioterapia, colher urina para análise e cultura[2][7].


  • Terapêutica antibiótica empírica: Baseada nos perfis locais de resistência. Opções comuns: cefalosporinas de 3.ª geração ou fluoroquinolonas[4][7].


  • Controlo sintomático: Uso de analgésicos e antipiréticos conforme necessário[3].


  • Hidratação: Garantir ingestão adequada de líquidos (oral ou IV)[3][7].


  • Decisão de internamento: Indicado para pielonefrite, sepsis, ou intolerância à via oral[4][7].


  • Seguimento: Planeamento de consulta e ajuste da terapêutica segundo os resultados da urocultura[7].


O tratamento adequado e atempado das ITUs nas urgências é essencial para prevenir complicações e garantir a recuperação rápida do doente. A avaliação clínica rigorosa, os exames apropriados e o início precoce de antibióticos dirigidos constituem os pilares fundamentais do sucesso terapêutico.


Citações


 
 
 

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