Infeção do Trato Urinário
- EmergenciasUNO
- 17 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
A infeção do trato urinário (ITU) é uma patologia frequente que afeta crianças e adultos, sendo mais prevalente nas mulheres devido a fatores anatómicos[1][3]. Define-se como a presença e proliferação de microrganismos, geralmente bactérias, no trato urinário, que em condições normais deve ser estéril[4]. Esta condição pode afetar diversas partes do sistema urinário, incluindo a uretra, a bexiga, os ureteres e os rins[1].
Sintomatologia
Os sintomas da ITU variam conforme a localização e a gravidade da infeção. Os mais frequentes incluem:
Disúria (dor ou ardor ao urinar)
Polaquiúria (aumento da frequência urinária)
Urgência miccional
Dor ou pressão na região hipogástrica
Urina turva ou hemática
Odor urinário intenso
Febre (especialmente em infeções do trato urinário superior)
Náuseas e vómitos (em casos graves)[1][3][6]
Em idosos ou doentes com bexiga neurogénica, os sintomas podem ser inespecíficos, como delírio ou quadro séptico[6].
Sinais clínicos
Os sinais clínicos possíveis incluem:
Febre (>38,3°C)
Taquicardia
Dor à palpação da região suprapúbica
Dor no ângulo costovertebral (sinal de Giordano positivo), sugestivo de pielonefrite
Sinais de desidratação
Alterações do estado mental em idosos[4][6]
Exame físico
A exploração física deve ser completa e incluir:
Avaliação do estado geral do doente
Medição dos sinais vitais (temperatura, FC, PA)
Palpação abdominal, com foco na região suprapúbica e flancos
Percussão do ângulo costovertebral para pesquisa de dor renal
No sexo masculino, exame prostático se houver suspeita de prostatite[4][6]
Meios complementares de diagnóstico
O diagnóstico baseia-se na combinação de sinais clínicos e exames laboratoriais:
Análise sumária de urina: Inclui microscopia e tira-teste para leucócitos, nitritos e hematúria[1][2].
Urocultura: Padrão-ouro. Considera-se positiva se houver >100.000 UFC/mL numa amostra corretamente colhida[2].
Hemograma completo: Pode mostrar leucocitose em infeções severas[4].
Função renal: Avaliação de creatinina e ureia[4].
Hemoculturas: Indicadas em casos de sepsis ou pielonefrite[4][6].
Imagiologia: Ecografia renal ou TC pode ser necessária em suspeita de complicações ou infeções recorrentes[1][4].
Abordagem em contexto de emergência
A abordagem nas urgências deve incluir:
Avaliação inicial: Determinar a gravidade e necessidade de internamento[7].
Colheita de amostras: Antes do início da antibioterapia, colher urina para análise e cultura[2][7].
Terapêutica antibiótica empírica: Baseada nos perfis locais de resistência. Opções comuns: cefalosporinas de 3.ª geração ou fluoroquinolonas[4][7].
Controlo sintomático: Uso de analgésicos e antipiréticos conforme necessário[3].
Hidratação: Garantir ingestão adequada de líquidos (oral ou IV)[3][7].
Decisão de internamento: Indicado para pielonefrite, sepsis, ou intolerância à via oral[4][7].
Seguimento: Planeamento de consulta e ajuste da terapêutica segundo os resultados da urocultura[7].
O tratamento adequado e atempado das ITUs nas urgências é essencial para prevenir complicações e garantir a recuperação rápida do doente. A avaliação clínica rigorosa, os exames apropriados e o início precoce de antibióticos dirigidos constituem os pilares fundamentais do sucesso terapêutico.
Citações
[4] https://www.mayoclinic.org/es/diseases-conditions/urinary-tract-infection/diagnosis-treatment/drc-20353453
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