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Hemorragia Subaracnoideia

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



A hemorragia subaracnoideia (HSA) é uma emergência médica potencialmente fatal, caracterizada por sangramento no espaço entre o cérebro e a membrana que o envolve, conhecido como espaço subaracnoideu[1][2]. Esta condição representa um desafio significativo tanto para o diagnóstico como para o tratamento, exigindo uma intervenção rápida e multidisciplinar para melhorar o prognóstico do doente.


Sintomas


O sintoma cardinal da HSA é uma cefaleia súbita e intensa, frequentemente descrita pelos doentes como “a pior dor de cabeça da sua vida”[3][4]. Esta cefaleia, muitas vezes referida como “cefaleia em trovoada”, atinge a sua intensidade máxima em segundos[1]. Outros sintomas comuns incluem:


  • Náuseas e vómitos


  • Rigidez da nuca


  • Fotofobia


  • Alterações visuais, incluindo diplopia


  • Confusão ou diminuição do nível de consciência


  • Convulsões


Sinais Clínicos


O exame físico pode revelar vários sinais clínicos indicativos de HSA:


  • Redução do nível de consciência ou coma


  • Sinais de irritação meníngea, como rigidez da nuca


  • Défices neurológicos focais


  • Hemorragias retinianas (sinal de Terson)


  • Hipertensão arterial


  • Bradicardia (em casos de aumento da pressão intracraniana)


Avaliação Clínica


A avaliação inicial deve incluir:


  • Avaliação do nível de consciência com a Escala de Coma de Glasgow


  • Exame neurológico completo, incluindo pares cranianos e função motora


  • Avaliação de sinais vitais, com atenção à pressão arterial e frequência cardíaca


  • Fundoscopia para detetar hemorragias retinianas


Exames Diagnósticos


O diagnóstico de HSA baseia-se principalmente em exames de imagem e na análise do líquido cefalorraquidiano[5]:


  • Tomografia Computorizada (TC) sem contraste: Exame inicial de escolha, com sensibilidade próxima de 100% nas primeiras 6 horas[2][5].


  • Ressonância Magnética (RM): Útil em casos de TC negativa com forte suspeita clínica[5].


  • Punção Lombar: Indicada se a TC for negativa e a suspeita clínica persistir. A presença de xantocromia no LCR é diagnóstica[2][5].


  • Angiografia cerebral: Padrão-ouro para identificar e caracterizar aneurismas cerebrais[5][6].


  • Angiografia por TC ou RM: Alternativas menos invasivas à angiografia convencional[6].


Abordagem em Urgência


O tratamento inicial no serviço de urgência é essencial e deve incluir[7][8]:


  • Estabilização do doente: Garantir via aérea, respiração e circulação


  • Controlo da pressão arterial: Manter PAS abaixo de 160 mmHg para reduzir risco de ressangramento


  • Controlo da dor: Administração de analgésicos, evitando aqueles que possam mascarar o estado neurológico


  • Prevenção de complicações: Início de profilaxia anticonvulsiva e administração de nimodipino para prevenir vasospasmo cerebral


  • Coordenação com Neurocirurgia e Radiologia de Intervenção: Planeamento do tratamento definitivo do aneurisma (clipagem cirúrgica ou embolização endovascular)


  • Monitorização neurológica contínua: Para detetar precocemente sinais de deterioração


A HSA continua a ser uma condição com elevada morbimortalidade, com uma taxa de mortalidade que pode atingir os 50%[7]. O reconhecimento precoce dos sintomas, o diagnóstico rápido e preciso, e uma abordagem multidisciplinar são fundamentais para melhorar o prognóstico dos doentes afetados por esta grave condição neurológica.


Citações


[8] 

 
 
 

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