Hemorragia Digestiva Alta
- EmergenciasUNO
- 12 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
A hemorragia digestiva alta (HDA) é uma condição médica caracterizada por sangramento que se origina no trato gastrointestinal superior, especificamente no esófago, estômago ou duodeno. Esta patologia representa uma das urgências mais frequentes em gastroenterologia e requer atenção médica imediata devido à sua potencial gravidade.
Sintomas
Os sintomas da HDA variam segundo a quantidade e rapidez do sangramento, sendo os mais comuns:
Hematemese: vómitos com sangue fresco ou com “borra de café”[1][3]
Melena: fezes negras, pegajosas e de odor fétido[1][3]
Hematoquezia: nos casos de sangramento massivo, fezes com sangue vermelho vivo[2]
Sinais de hipovolemia: tonturas, fraqueza, palidez, taquicardia e hipotensão[3][4]
Em casos crónicos, pode surgir anemia, manifestando-se por fadiga e dispneia progressiva[5].
Sinais Clínicos
Na avaliação clínica podem identificar-se:
Palidez cutâneo-mucosa
Taquicardia e hipotensão (em perdas importantes de sangue)
Sinais de hipoperfusão periférica
Melena ao toque retal[4]
Nos casos mais graves, observam-se sinais de choque hipovolémico, como alterações do estado de consciência e oligúria[5].
Avaliação Inicial
A abordagem deve incluir:
Anamnese detalhada: história de doença ulcerosa, uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINE), anticoagulantes ou antiagregantes[4]
Exame físico completo:
Avaliação hemodinâmica: pressão arterial, frequência cardíaca
Pesquisa de sinais de hepatopatia crónica
Toque retal para confirmar melena[4]
Colocação de vias venosas de grande calibre (16G ou 18G) para reposição volémica[4]
Exames Diagnósticos
Exames essenciais:
Analítica sanguínea: hemograma, coagulação, função renal e hepática[4]
Endoscopia digestiva alta: é o padrão de ouro para diagnóstico e tratamento da HDA[1][4]
Tipagem sanguínea e reserva de hemoderivados[4]
Em situações selecionadas, podem ser solicitados exames complementares como:
Angio-TC
Gammagrafia com hemácias marcadas
Cápsula endoscópica[2]
Maneio em Urgência
O protocolo no serviço de urgência inclui:
Avaliação rápida do estado hemodinâmico e estabilização do doente[4]
Reposição de volume com cristaloides e transfusão de hemoderivados, se necessário[4]
Estratificação de risco, usando escalas como a de Glasgow‑Blatchford[1]
Início de tratamento farmacológico:
Inibidores da bomba de protões por via intravenosa[1][4]
Considerar procinéticos antes da endoscopia[4]
Realização de endoscopia digestiva alta urgente (nas primeiras 24 horas) para diagnóstico e terapêutica[1][4]
Gestão de comorbilidades e ajuste de medicação (anticoagulantes, antiagregantes)[4]
Monitorização rigorosa dos sinais vitais e parâmetros analíticos[4]
A identificação precoce dos sintomas, estabilização hemodinâmica e endoscopia precoce são cruciais para melhorar o prognóstico destes doentes.
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