Gonorreia
- EmergenciasUNO
- 13 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
A gonorreia é uma infeção sexualmente transmissível causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae. Esta doença representa um problema relevante de saúde pública devido à sua elevada prevalência e crescente resistência aos antibióticos [7]. A seguir, analisam-se os aspetos mais importantes desta patologia numa perspetiva clínica e de emergência.
Sintomas
Os sintomas da gonorreia podem variar entre homens e mulheres, e em muitos casos a infeção pode ser assintomática.
Nos homens, os sintomas mais comuns incluem:
Dor ou ardor ao urinar
Secreção uretral purulenta de cor branca, amarela ou esverdeada
Dor ou inflamação testicular [1][4]
Nas mulheres, os sintomas tendem a ser mais ligeiros ou inespecíficos:
Aumento do corrimento vaginal
Dor ou ardor ao urinar
Hemorragia vaginal anormal
Dor abdominal ou pélvica [4]
É importante salientar que até 50% das mulheres infetadas podem ser assintomáticas [5].
Sinais Clínicos
Durante o exame físico, os sinais clínicos mais relevantes são:
Nos homens: secreção uretral purulenta, eritema ou inflamação do meato uretral [1]
Nas mulheres: secreção cervical mucopurulenta, friabilidade cervical
Em ambos os sexos: sinais de infeção retal como corrimento, hemorragia ou dor [2]
Em casos de infeção disseminada, podem observar-se lesões cutâneas, artrite ou febre [4].
Exame Físico
A avaliação física deve incluir:
Inspeção visual dos genitais externos
Nas mulheres, exame com espéculo para avaliar o colo do útero
Palpação abdominal para detetar dor ou massas
Exame retal se houver suspeita de infeção nessa localização
Avaliação da orofaringe em casos de possível infeção oral [3]
Exames Diagnósticos
O diagnóstico definitivo da gonorreia baseia-se em exames laboratoriais:
Testes de amplificação de ácidos nucleicos (NAAT): são o método de eleição devido à sua elevada sensibilidade e especificidade. Podem ser realizados em amostras de urina ou zaragatoas genitais [3][6]
Cultura bacteriana: permite identificar o microrganismo e realizar testes de sensibilidade antimicrobiana [7]
Coloração de Gram: pode ser usada como teste rápido em homens sintomáticos, mas tem baixa sensibilidade em mulheres [1]
Testes bioquímicos: ajudam a confirmar a identificação de N. gonorrhoeae [7]
Abordagem em Situações de Emergência
O tratamento da gonorreia no serviço de urgência deve seguir os seguintes passos:
Avaliação clínica e colheita de amostras para diagnóstico
Início imediato de tratamento empírico em caso de forte suspeita clínica, sem esperar pelos resultados laboratoriais
Administração de antibióticos conforme as diretrizes atuais. A OMS recomenda:
Ceftriaxona 250 mg por via intramuscular em dose única mais azitromicina 1 g por via oral em dose única, ou
Cefixima 400 mg por via oral em dose única mais azitromicina 1 g por via oral em dose única [5]
Educação do paciente sobre a necessidade de abstinência sexual até completar o tratamento e sobre a importância de notificar os parceiros sexuais
Realização de testes para outras infeções sexualmente transmissíveis, incluindo VIH
Agendamento de seguimento para confirmar a cura e excluir complicações [2][5]
É fundamental considerar a crescente resistência antimicrobiana da N. gonorrhoeae, o que pode exigir ajustes nos esquemas terapêuticos com base nos padrões locais de resistência [7].
Citações
[1] https://www.who.int/es/news-room/fact-sheets/detail/gonorrhoea-(neisseria-gonorrhoeae-infection)
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