Gastroenterite / intoxicação alimentar
- EmergenciasUNO
- 13 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
A gastroenterite aguda (GEA) é uma inflamação e/ou disfunção do intestino causada por um agente infecioso ou pelas suas toxinas, que altera a capacidade do intestino em regular a absorção e secreção de sais e água, provocando diarreia[1][3]. Este artigo aborda os aspetos centrais da GEA, incluindo sintomas, sinais clínicos, exame, testes diagnósticos e gestão na urgência.
Sintomas
Os principais sintomas da GEA incluem:
Diarreia: definida como fezes mais líquidas ou ≥ 3 deposições em 24 h[2][3].
Vómitos: podem surgir antes ou depois da diarreia[1].
Dor abdominal: frequentemente em cólico[3].
Febre: nem sempre presente, mas comum em infeções bacterianas[1][2].
Anorexia e mal-estar geral[1].
A duração típica é de 3 a 5 dias, podendo prolongar-se até 14 dias[3].
Sinais Clínicos
Variam consoante a causa e gravidade:
Desidratação: sinal mais relevante e perigoso[2].
Distensão abdominal[1].
Ruidos hidroaéreos hiperativos à auscultação[1].
Hipotensão e taquicardia em casos graves de desidratação[1].
Sinais de choque hipovolémico[1].
Exame
Deve concentrar-se em:
Estado de hidratação: avaliar turgência cutânea, mucosas e estado mental[2][4].
Sinais vitais: frequência cardíaca, pressão arterial, frequência respiratória[4].
Exame abdominal: palpação para dor, distensão ou defesa muscular[1].
Auscultação dos ruídos intestinais[1].
Estado geral e consciência[2][4].
Testes Diagnósticos
O diagnóstico é geralmente clínico e não requer testes complementares[2]. Porém, em casos selecionados podem realizar-se:
Coprocultura: em diarreia persistente, suspeita bacteriana ou immunocomprometidos[2].
Deteção de antigénios virais nas fezes: rotavírus, adenovírus, astrovírus[2].
Análises sanguíneas: em desidratação moderada a grave (hemograma, eletrólitos, função renal, gasometria)[2].
Deteção de toxina de Clostridium difficile: em pacientes com fatores de risco[2].
Gestão na Urgência
O foco é na hidratação e suporte:
Avaliação da desidratação: classificar como mínima, leve a moderada ou grave[4].
Reposição hidroeletrolítica:
Leve a moderada: reidratação oral com solução de sais e açúcares[3][4]
Grave: reidratação intravenosa[4]
Suporte sintomático:
Anti-eméticos (p. ex., ondansetrona) para vómitos[4]
Antidiarreicos como racecadotrilo, evitando em diarreia invasiva[3][4]
Probióticos (Lactobacillus GG, Saccharomyces boulardii) para sintomas[4]
Antibióticos apenas em casos selecionados (invasiva ou imunosuprimidos)[3][4]
Educação ao doente: higiene, manipulação de alimentos, sinais de alarme[4]
Prevenção: vacinação contra rotavírus em grupos de risco[4]
O manejo correto e atempado da GEA na urgência é crucial para evitar complicações e reduzir a morbilidade associada a esta condição frequente, mas potencialmente grave.
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