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Gastroenterite / intoxicação alimentar

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



A gastroenterite aguda (GEA) é uma inflamação e/ou disfunção do intestino causada por um agente infecioso ou pelas suas toxinas, que altera a capacidade do intestino em regular a absorção e secreção de sais e água, provocando diarreia[1][3]. Este artigo aborda os aspetos centrais da GEA, incluindo sintomas, sinais clínicos, exame, testes diagnósticos e gestão na urgência.


Sintomas


Os principais sintomas da GEA incluem:


  • Diarreia: definida como fezes mais líquidas ou ≥ 3 deposições em 24 h[2][3].


  • Vómitos: podem surgir antes ou depois da diarreia[1].


  • Dor abdominal: frequentemente em cólico[3].


  • Febre: nem sempre presente, mas comum em infeções bacterianas[1][2].


  • Anorexia e mal-estar geral[1].


A duração típica é de 3 a 5 dias, podendo prolongar-se até 14 dias[3].


Sinais Clínicos


Variam consoante a causa e gravidade:


  • Desidratação: sinal mais relevante e perigoso[2].


  • Distensão abdominal[1].


  • Ruidos hidroaéreos hiperativos à auscultação[1].


  • Hipotensão e taquicardia em casos graves de desidratação[1].


  • Sinais de choque hipovolémico[1].


Exame


Deve concentrar-se em:


  • Estado de hidratação: avaliar turgência cutânea, mucosas e estado mental[2][4].


  • Sinais vitais: frequência cardíaca, pressão arterial, frequência respiratória[4].


  • Exame abdominal: palpação para dor, distensão ou defesa muscular[1].


  • Auscultação dos ruídos intestinais[1].


  • Estado geral e consciência[2][4].


Testes Diagnósticos


O diagnóstico é geralmente clínico e não requer testes complementares[2]. Porém, em casos selecionados podem realizar-se:


  • Coprocultura: em diarreia persistente, suspeita bacteriana ou immunocomprometidos[2].


  • Deteção de antigénios virais nas fezes: rotavírus, adenovírus, astrovírus[2].


  • Análises sanguíneas: em desidratação moderada a grave (hemograma, eletrólitos, função renal, gasometria)[2].


  • Deteção de toxina de Clostridium difficile: em pacientes com fatores de risco[2].


Gestão na Urgência


O foco é na hidratação e suporte:


  • Avaliação da desidratação: classificar como mínima, leve a moderada ou grave[4].

Reposição hidroeletrolítica:


  • Leve a moderada: reidratação oral com solução de sais e açúcares[3][4]


  • Grave: reidratação intravenosa[4]


Suporte sintomático:


  • Anti-eméticos (p. ex., ondansetrona) para vómitos[4]


  • Antidiarreicos como racecadotrilo, evitando em diarreia invasiva[3][4]


  • Probióticos (Lactobacillus GG, Saccharomyces boulardii) para sintomas[4]


  • Antibióticos apenas em casos selecionados (invasiva ou imunosuprimidos)[3][4]


Educação ao doente: higiene, manipulação de alimentos, sinais de alarme[4]


Prevenção: vacinação contra rotavírus em grupos de risco[4]


O manejo correto e atempado da GEA na urgência é crucial para evitar complicações e reduzir a morbilidade associada a esta condição frequente, mas potencialmente grave.


Citações


 
 
 

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