Fraturas da Anca
- EmergenciasUNO

- 21 de jul.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS MENORES
As fraturas da anca são lesões graves que afetam a parte superior do fémur, tipicamente envolvendo o colo femoral, a região intertrocantérica ou subtrocantérica. São comuns em idosos devido à osteoporose, mas também podem ocorrer em adultos jovens após traumatismos de alta energia, como quedas ou acidentes rodoviários.
Estas fraturas comprometem severamente a mobilidade e apresentam elevado risco de complicações, especialmente em pessoas mais velhas.
Diagnóstico
A suspeita clínica surge em pacientes com dor intensa na anca ou virilha após trauma, acompanhada por incapacidade de andar ou de mobilizar o membro afetado. A perna afetada pode apresentar-se encurtada e em rotação externa.
O diagnóstico confirma-se por radiografias anteroposteriores e laterais da pelve e da anca.
Se não forem visíveis fraturas nas radiografias simples, pode ser necessária tomografia computorizada (TC) ou ressonância magnética (RM) para deteção de fraturas ocultas.
Diagnóstico Diferencial
Patologia | Características Principais |
Luxação da anca | Dor intensa e deformidade, perna em rotação interna ou externa acentuada. |
Bursite trocantérica | Dor lateral na anca, sem história de trauma ou incapacidade de deambular. |
Fratura por stress do colo femoral | Dor progressiva, mais comum em atletas ou indivíduos com baixa densidade mineral óssea. |
Artrose da anca | Dor crónica e progressiva, com redução gradual da mobilidade. |
Abordagem em Situação de Emergência
Avaliação inicial (ABC): Avaliar estabilidade hemodinâmica, particularmente em idosos com comorbilidades.
Imobilização: Manter o membro afetado imobilizado para prevenir deslocamento adicional e reduzir a dor. Usar talas ou almofadas de posicionamento.
Alívio da dor: Administrar analgésicos, como AINEs ou opioides, para controlo da dor aguda.
Radiografias imediatas: Solicitar RX de pelve e anca para confirmar e localizar a fratura.
Estabilização hemodinâmica: Em idosos, é fundamental garantir estabilidade cardiovascular antes da cirurgia — a cirurgia precoce reduz complicações.
Profilaxia tromboembólica: Iniciar tromboprofilaxia (heparina de baixo peso molecular ou dispositivos de compressão pneumática), salvo contraindicação, para prevenir trombose venosa profunda.
Tratamento Definitivo
O tratamento depende do tipo e localização da fratura:
Fraturas intracapsulares (colo femoral):
Se não deslocadas: pode-se optar por fixação interna com parafusos canulados.
Se deslocadas: em idosos, recomenda-se geralmente artroplastia parcial ou total da anca.
Fraturas intertrocantéricas:
Tratadas com redução aberta e fixação interna (RAFI), utilizando placas ou hastes intramedulares para estabilizar os fragmentos.
Fraturas subtrocantéricas:
Geralmente tratadas com hastes intramedulares ou placas de compressão.
Nos pacientes jovens com boa qualidade óssea, o objetivo é preservar a articulação através de técnicas de fixação interna.
Nos idosos, a prioridade é restaurar a mobilidade rapidamente com artroplastia, evitando complicações relacionadas à imobilização prolongada (como tromboembolismo, infeções e perda funcional).
Reabilitação Pós-operatória
A reabilitação é essencial e inclui:
Mobilização precoce, preferencialmente nas primeiras 24–48 horas após cirurgia.
Fisioterapia progressiva para recuperação da força, mobilidade e autonomia.
Monitorização contínua para prevenir complicações associadas à inatividade e para promover a cicatrização adequada.

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