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Fratura Suspeita com Radiografia Normal

MANUAL DE EMERGÊNCIAS MENORES



Um cenário clínico comum é a suspeita de fratura, mesmo quando as radiografias iniciais não revelam alterações ósseas visíveis. Isso pode ocorrer devido à presença de fraturas que não são facilmente detetáveis em estudos radiológicos convencionais, especialmente nas fases iniciais da lesão.


Exemplos incluem fraturas por stress, fraturas ocultas ou fraturas em zonas de difícil visualização, como o escafóide (punho), colo femoral, tálus ou costelas. Os pacientes apresentam dor localizada, edema e dificuldade em suportar peso, mas a radiografia inicial pode ser negativa.


Diagnóstico


O diagnóstico de uma fratura suspeita com radiografia normal baseia-se principalmente na apresentação clínica. Os sinais típicos incluem dor localizada intensa, sensibilidade à palpação na zona suspeita, edema e, em alguns casos, limitação funcional.


As radiografias são o primeiro exame de imagem a realizar, mas as fraturas podem não ser visíveis imediatamente após o trauma. Caso a suspeita clínica seja elevada, deve repetir-se a radiografia passados 10 a 14 dias ou optar por exames de imagem mais sensíveis

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Exames Adicionais


  • Tomografia Computorizada (TC): Utilizada para detetar fraturas complexas ou ocultas, especialmente em áreas como a coluna vertebral, bacia ou articulações.


  • Ressonância Magnética (RM): É o exame mais sensível para identificar fraturas por stress, fraturas ocultas ou lesões associadas dos tecidos moles. É útil na deteção precoce de alterações ósseas pós-trauma.


  • Cintilografia Óssea: Pode ser usada em casos de fraturas por stress ou quando a RM não está disponível; deteta aumento da actividade metabólica óssea secundária à fratura.


Diagnóstico Diferencial


Condição

Diferenciação Chave

Contusão óssea

Dor localizada após o trauma, sem fratura visível na radiografia.

Entorse ou distensão ligamentar

Dor articular localizada, sem fratura, associada frequentemente a instabilidade articular.

Fratura por stress

Dor progressiva que agrava com o esforço físico, visível na RM ou cintilografia, não na RX inicial.

Lesão da cartilagem articular

Dor articular, sem fratura na imagem, com limitação do movimento.

Osteomielite (infecção óssea)

Dor e inflamação crónicas, frequentemente com febre; detetável por RM ou cintilografia.


Abordagem de Urgência


Na presença de suspeita clínica de fratura com radiografia normal, não se deve excluir o diagnóstico apenas com base na imagem negativa. A zona afectada deve ser imobilizada de imediato com tala ou dispositivo ortopédico, a fim de prevenir agravamento da lesão.


Recomenda-se repouso do membro afectado, aplicação de gelo e administração de AINEs para controlo sintomático. Se a suspeita persistir, o paciente deve ser referenciado para exames complementares ou avaliação ortopédica especializada.


Tratamento Definitivo


O tratamento depende do diagnóstico definitivo e da localização anatómica da lesão:


  • Fraturas por stress: Requerem repouso, imobilização e, por vezes, uso de bota ortopédica ou tala. A actividade física deve ser evitada por um período mínimo de 6 a 8 semanas. Fraturas por stress em áreas com vascularização limitada (ex. escafóide ou colo femoral) podem necessitar de intervenção cirúrgica.


  • Fraturas ocultas: Uma vez confirmadas por RM ou TC, o tratamento varia entre conservador e cirúrgico, consoante o tipo de fratura. A imobilização é sempre necessária.


  • Contusões ósseas e lesões ligamentares: Tratadas de forma conservadora com repouso, imobilização temporária e fisioterapia, conforme a gravidade.


Seguimento


O seguimento clínico e imagiológico é essencial para monitorizar a evolução da lesão. Se os sintomas persistirem ou se agravarem, devem ser repetidos os exames de imagem ou solicitados estudos adicionais para confirmar fraturas ou identificar complicações associadas.


 
 
 

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