Fraqueza Aguda Generalizada
- EmergenciasUNO
- 19 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
A fraqueza aguda generalizada é uma síndrome clínica caracterizada pela perda rápida e difusa da força muscular, que se desenvolve num período de horas a dias, sem ultrapassar as 4 semanas[1][3]. Este quadro constitui uma urgência médica potencialmente grave, sobretudo quando afeta a musculatura orofaríngea e respiratória[5].
Sintomas
Os principais sintomas da fraqueza aguda generalizada incluem:
Incapacidade para manter a posição ortostática
Quedas frequentes
Recusa em deambular
Prostração e incapacidade para realizar movimentos[3]
Dificuldade respiratória
Dificuldade para mastigar, falar ou engolir[1]
Nalguns casos, os doentes podem ainda apresentar:
Mialgias
Alterações sensitivas
Problemas no controlo esfincteriano[3][4]
Sinais Clínicos
Os sinais clínicos mais relevantes são:
Fraqueza muscular simétrica, predominantemente nos músculos proximais
Reflexos osteotendinosos abolidos ou diminuídos
Possível envolvimento de pares cranianos, especialmente em casos de botulismo[3]
Alterações pupilares bilaterais em alguns casos
Sinais de dificuldade respiratória: respiração rápida e superficial, uso de musculatura acessória, movimentos abdominais paradoxais[5]
Exame Físico
O exame físico deve ser minucioso e sistemático, incluindo:
Avaliação da força muscular com a escala do Medical Research Council:
0: Sem contração muscular evidente
1: Contrações visíveis sem movimento
2: Movimento que não vence a gravidade
3: Movimento contra a gravidade, mas não contra resistência adicional
4: Movimento contra resistência moderada
5: Força normal[3]
Avaliação dos reflexos osteotendinosos
Exame da sensibilidade
Avaliação dos pares cranianos
Avaliação da função respiratória, incluindo capacidade vital e força da tosse[1][5]
Exames Diagnósticos
Os exames complementares devem ser escolhidos com base na suspeita clínica:
Análises laboratoriais: hemograma completo, glicemia, eletrólitos, função renal, creatina quinase (CK)[3]
Neuroimagem:
TC craniana sem contraste em casos de fraqueza hemicorporal
RMN medular em caso de suspeita de mielopatia[3][4]
Punção lombar: nos casos de febre ou suspeita de síndrome de Guillain-Barré[4]
Estudos neurofisiológicos: eletromiografia e estudos de condução nervosa[1]
Provas de função pulmonar: capacidade vital, pressões inspiratória e expiratória máximas[5]
Abordagem nas Urgências
A abordagem inicial no serviço de urgência deve incluir:
Avaliação rápida da função respiratória e necessidade de suporte ventilatório
Monitorização cardiorrespiratória contínua
Realização de exames diagnósticos urgentes conforme a hipótese clínica
Início de tratamento específico caso se identifique a causa (ex.: imunoglobulinas no Guillain-Barré)
Avaliação para Internamento Hospitalar:
Em enfermaria: maioria dos casos de fraqueza aguda generalizada
Em UCI: doentes com insuficiência respiratória, fraqueza de progressão rápida ou disfunção autonómica grave[4]
É essencial uma abordagem multidisciplinar, com a participação de neurologia, medicina intensiva e, por vezes, outras especialidades, consoante a etiologia subjacente.
A fraqueza aguda generalizada representa um desafio diagnóstico e terapêutico nas urgências. Uma avaliação sistemática e um tratamento adequado são cruciais para evitar complicações potencialmente fatais e melhorar o prognóstico destes doentes.
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