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Fissura Anal

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



A fissura anal é uma patologia proctológica frequente, caracterizada por uma laceração linear da mucosa anal, distal à linha pectínea[6]. Esta condição afeta principalmente pessoas de meia-idade, sendo mais comum em mulheres do que em homens[8]. A seguir, abordam-se os aspetos-chave desta patologia.


Sintomas


Os sintomas característicos da fissura anal incluem:


  • Dor intensa, aguda e cortante durante a defecação[1][4].


  • Dor persistente após a evacuação, que pode durar de minutos a horas[1][9].


  • Hemorragia, geralmente escassa e de cor vermelho-vivo, visível no papel higiénico ou nas fezes[1][9].


  • Prurido ou ardor anal[1].


  • Obstipação, que pode ser tanto causa como consequência da fissura[1].


  • Espasmos musculares do esfíncter anal[4].


Sinais Clínicos


Os sinais clínicos observáveis em doentes com fissura anal incluem:


  • Presença de uma lesão linear ou em forma de pêra no anodermo[5].


  • Em lesões crónicas, podem observar-se fibras musculares do esfíncter anal interno expostas[6].


  • Prega cutânea sentinela e papilas hipertróficas em casos crónicos[6].


  • Localização predominante na linha média posterior (90%) ou anterior (10%)[6].


Exploração


A exploração física para diagnóstico de fissura anal inclui:


  • Posicionamento do doente em posição genupeitoral ou de Sims (decúbito lateral com joelhos fletidos)[5].


  • Separação cuidadosa das nádegas para visualizar a fissura[5][10].


  • Inspeção visual do ânus e da área perianal[10].


  • Em alguns casos, pode ser necessário toque retal, embora frequentemente seja difícil devido à dor[5].


É importante notar que a exploração através de toque retal ou proctoscópio pode ser impossível devido à dor intensa[5].


Exames Diagnósticos


O diagnóstico da fissura anal baseia-se principalmente na história clínica e no exame físico. Contudo, em certos casos, podem ser necessários exames adicionais:


  • Anuscopia: para visualizar o canal anal, embora possa ser difícil devido à dor[2].


  • Manometria anal: para medir a pressão do esfíncter anal interno, geralmente aumentada em doentes com fissura anal[8].


  • Ecografia anal: pode ser útil para delimitar com maior precisão a intervenção cirúrgica em casos que requeiram cirurgia[10].


Abordagem em Situação de Emergência


O tratamento inicial da fissura anal no serviço de urgência centra-se no alívio da dor e prevenção de complicações:


  • Banhos de assento com água morna durante 10–15 minutos, 2–3 vezes por dia[3].


  • Prescrição de analgésicos para controlo da dor


  • Recomendação de dieta rica em fibras e aumento da ingestão de líquidos para prevenir obstipação[3].


  • Aplicação de cremes anestésicos tópicos para alívio da dor[3].


  • Em casos graves, pode considerar-se a aplicação de nitroglicerina tópica ou bloqueadores dos canais de cálcio para relaxar o esfíncter anal[3][10].


  • Educação do doente sobre a importância de manter uma boa higiene anal e evitar esforço excessivo durante a defecação.


É importante salientar que a maioria das fissuras anais agudas responde bem ao tratamento conservador. No entanto, se os sintomas persistirem ou se tornarem crónicos, deve ser considerada a referenciação para um especialista em coloproctologia, a fim de avaliar a necessidade de tratamentos mais avançados, incluindo a possibilidade de intervenção cirúrgica[10].


Citações


 
 
 

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