Ferida Punctiforme no Pé

MANUAL DE EMERGÊNCIAS MENORES

Uma ferida punctiforme no pé ocorre quando um objeto afiado ou pontiagudo penetra a pele e os tecidos subjacentes, como pregos, fragmentos de vidro ou outros materiais. Estas lesões são frequentes e podem complicar-se devido à possível introdução de bactérias, risco de infeção e, nalguns casos, lesão de estruturas profundas como tendões, nervos ou ossos.

Quando a perfuração ocorre através do calçado, existe um risco particular de infeção por bactérias como Pseudomonas aeruginosa.

Diagnóstico

O diagnóstico baseia-se na descrição do acidente, geralmente associada a dor localizada, hemorragia e possível edema ao redor do local da lesão. É fundamental avaliar a profundidade da ferida e verificar a presença de corpos estranhos retidos no pé.

Radiografias podem ser solicitadas para excluir fraturas ou detetar corpos estranhos radiopacos. Em feridas mais complexas, a ecografia ou a tomografia computorizada (TC) podem ser úteis na avaliação.

Diagnóstico Diferencial

Condição	Diferença Principal
Ferida incisa	Bordos mais definidos e menor profundidade em comparação com uma ferida punctiforme.
Infeção por corpo estranho	Edema progressivo e exsudado, geralmente com história de objeto retido.
Abcesso no pé	Acumulação subcutânea de pus que pode surgir após uma infeção não tratada.
Fratura exposta	Lesão óssea com exposição do osso, visível em radiografias.

Abordagem em Urgência

Na urgência, a ferida deve ser cuidadosamente lavada com soro fisiológico e sabão antisséptico para prevenir infeções. Qualquer corpo estranho visível deve ser removido, e deve ser avaliada a profundidade da ferida, bem como o possível envolvimento de estruturas profundas.

Consoante a gravidade da lesão e o risco de infeção, deve ser iniciada antibioterapia profilática, especialmente se o objeto tiver penetrado através do calçado. Caso o doente não tenha recebido recentemente uma dose de reforço da vacina antitetânica, é fundamental administrar o toxoide tetânico.

Tratamento Definitivo

O tratamento definitivo consiste em encerrar a ferida se não houver sinais de infeção, ou deixá-la aberta quando há elevado risco infecioso. Em alguns casos, pode ser necessária intervenção cirúrgica para remoção de corpos estranhos ou drenagem de abcessos.

O seguimento inclui vigilância de sinais de infeção (eritema, calor local, exsudado purulento). Se necessário, ajusta-se a antibioterapia. A cicatrização completa pode demorar dias ou semanas, dependendo da gravidade da lesão e da presença de complicações.