Febres Hemorrágicas Virais
- EmergenciasUNO
- 13 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
As febres hemorrágicas virais (FHV) constituem um grupo de doenças infeciosas causadas por vírus pertencentes a diversas famílias, como Filoviridae, Arenaviridae, Bunyaviridae e Flaviviridae [1][2]. Estas patologias caracterizam-se por uma afetação sistémica que pode ser fatal, com taxas de mortalidade que, em alguns casos, atingem os 90% [4].
Sintomas
Os sintomas iniciais das FHV são inespecíficos e incluem:
Febre elevada (>38,3 °C)
Fadiga e fraqueza generalizada
Mal-estar geral
Tonturas
Dores articulares, musculares e ósseas
Náuseas e vómitos
Diarreia [5]
À medida que a doença progride, podem surgir sintomas mais graves, como:
Hemorragias em diversos locais (subcutâneas, mucosas, órgãos internos)
Alterações neurológicas (delírio, convulsões, coma)
Insuficiência renal, respiratória e/ou hepática [5]
Sinais Clínicos
Os sinais clínicos mais relevantes nas FHV incluem:
Febre persistente
Hipotensão e taquicardia (sinais de choque)
Petéquias, equimoses e outras manifestações hemorrágicas
Icterícia (em algumas FHV como febre amarela ou leptospirose)
Hepatomegalia e/ou esplenomegalia
Edema facial ou generalizado
Sinais de disfunção neurológica [1][3]
Exame Físico
A avaliação física deve ser minuciosa, com especial atenção a:
Sinais vitais (temperatura, pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória)
Avaliação do estado de consciência e sinais neurológicos
Procura de manifestações hemorrágicas na pele e mucosas
Palpação abdominal para deteção de hepatomegalia ou esplenomegalia
Auscultação cardíaca e pulmonar
Avaliação do estado de hidratação [3][9]
Exames Diagnósticos
O diagnóstico das FHV baseia-se numa combinação de achados clínicos e exames laboratoriais:
Hemograma completo: pode revelar leucopénia, trombocitopénia e anemia [9]
Testes de coagulação: para avaliação de alterações da hemostase
Bioquímica sanguínea: para análise da função renal e hepática
Testes específicos:
Deteção de antigénios virais
Serologia (IgM e IgG)
RT-PCR para deteção do genoma viral [1][3]
É essencial realizar estes exames em laboratórios com nível de biossegurança adequado (BSL-3 ou BSL-4) [2].
Abordagem em Situações de Emergência
O tratamento das FHV nos serviços de urgência deve centrar-se em:
Isolamento do paciente e medidas de proteção para os profissionais de saúde
Estabilização hemodinâmica:
Reposição de fluidos e eletrólitos
Gestão do choque, se presente
Tratamento sintomático:
Controlo da febre
Gestão da dor
Prevenção e tratamento de hemorragias
Suporte de órgãos em caso de falência multiorgânica
Administração de antivirais específicos, quando disponíveis (por exemplo, ribavirina para algumas FHV) [3][5]
É fundamental a notificação imediata às autoridades de saúde perante a suspeita de uma FHV, para permitir a implementação de medidas de controlo epidemiológico [1].
As febres hemorrágicas virais representam um desafio diagnóstico e terapêutico que exige uma abordagem multidisciplinar e rigorosas medidas de biossegurança. A suspeita clínica precoce e o manejo adequado são cruciais para melhorar o prognóstico e evitar a propagação destas doenças potencialmente devastadoras.
Citações
[3] https://www.mayoclinic.org/es/diseases-conditions/viral-hemorrhagic-fevers/diagnosis-treatment/drc-20351266
[5] https://www.mayoclinic.org/es/diseases-conditions/viral-hemorrhagic-fevers/symptoms-causes/syc-20351260
[6] https://www.elsevier.es/es-revista-enfermedades-infecciosas-microbiologia-clinica-28-articulo-dengue-otras-fiebres-hemorragicas-virales-13081571
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