Febre Reumática
- EmergenciasUNO

- 15 de jul.
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MANUAL DE EMERGÊNCIAS MENORES
A febre reumática é uma doença inflamatória multissistémica que ocorre como complicação de uma infeção faríngea causada por Streptococcus pyogenes (estreptococo beta-hemolítico do grupo A).
Afeta principalmente crianças e adolescentes, e a sua manifestação mais característica é a artrite migratória, acompanhada de outros sinais como cardite, coreia (movimentos involuntários), eritema marginado e nódulos subcutâneos. A febre reumática pode levar a lesões permanentes das válvulas cardíacas, conhecidas como cardiopatia reumática.
Diagnóstico
O diagnóstico baseia-se nos critérios modificados de Jones, que incluem:
Critérios maiores: artrite migratória, cardite, coreia, eritema marginado e nódulos subcutâneos.
Critérios menores: febre, artralgia, elevação dos marcadores inflamatórios (VSG, PCR) e prolongamento do intervalo PR no ECG.
Além disso, é necessária evidência de infeção estreptocócica recente, como:
Teste rápido positivo,
Cultura faríngea positiva,
Títulos elevados de anticorpos anti-estreptolisina O (ASO).
Diagnóstico Diferencial
Condição | Características Distintivas |
Artrite idiopática juvenil | Poliartrite crónica, ausência de infeção estreptocócica prévia, serologias específicas (FR, anti-CCP) |
Lúpus eritematoso sistémico | Afeção multissistémica, autoanticorpos positivos (ANA, anti-DNA), exantema em asa de borboleta |
Doença de Kawasaki | Febre prolongada, exantema, alterações das artérias coronárias |
Artrite reativa | História de infeção gastrointestinal ou urinária, sem envolvimento cardíaco |
Endocardite infeciosa | Febre prolongada, novo sopro cardíaco, hemoculturas positivas, lesões de Janeway |
Abordagem na Urgência
O tratamento de emergência da febre reumática inclui:
Antibioterapia para erradicação do Streptococcus pyogenes (geralmente penicilina; eritromicina em casos de alergia).
Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) como o naproxeno ou ibuprofeno, para controlo da dor articular e da febre.
Em casos de cardite severa, pode ser necessária a administração de corticosteroides. Recomenda-se repouso absoluto em doentes com cardite até que a inflamação cardíaca esteja controlada. A internamento hospitalar pode ser necessário em casos graves ou com envolvimento cardíaco significativo.
Tratamento Definitivo
O tratamento a longo prazo inclui:
Profilaxia antibiótica prolongada com penicilina, com o objetivo de prevenir recidivas e novas infeções estreptocócicas que poderiam agravar a cardiopatia reumática.
Em doentes com comprometimento cardíaco significativo, pode ser necessário tratamento específico, incluindo cirurgia valvular em fases avançadas.
A reabilitação e o acompanhamento regular com cardiologia são fundamentais para o controlo das sequelas cardíacas.

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