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Febre Reumática

MANUAL DE EMERGÊNCIAS MENORES



A febre reumática é uma doença inflamatória multissistémica que ocorre como complicação de uma infeção faríngea causada por Streptococcus pyogenes (estreptococo beta-hemolítico do grupo A).


Afeta principalmente crianças e adolescentes, e a sua manifestação mais característica é a artrite migratória, acompanhada de outros sinais como cardite, coreia (movimentos involuntários), eritema marginado e nódulos subcutâneos. A febre reumática pode levar a lesões permanentes das válvulas cardíacas, conhecidas como cardiopatia reumática.


Diagnóstico


O diagnóstico baseia-se nos critérios modificados de Jones, que incluem:


  • Critérios maiores: artrite migratória, cardite, coreia, eritema marginado e nódulos subcutâneos.


  • Critérios menores: febre, artralgia, elevação dos marcadores inflamatórios (VSG, PCR) e prolongamento do intervalo PR no ECG.


Além disso, é necessária evidência de infeção estreptocócica recente, como:


  • Teste rápido positivo,


  • Cultura faríngea positiva,


  • Títulos elevados de anticorpos anti-estreptolisina O (ASO).


Diagnóstico Diferencial

Condição

Características Distintivas

Artrite idiopática juvenil

Poliartrite crónica, ausência de infeção estreptocócica prévia, serologias específicas (FR, anti-CCP)

Lúpus eritematoso sistémico

Afeção multissistémica, autoanticorpos positivos (ANA, anti-DNA), exantema em asa de borboleta

Doença de Kawasaki

Febre prolongada, exantema, alterações das artérias coronárias

Artrite reativa

História de infeção gastrointestinal ou urinária, sem envolvimento cardíaco

Endocardite infeciosa

Febre prolongada, novo sopro cardíaco, hemoculturas positivas, lesões de Janeway

Abordagem na Urgência


O tratamento de emergência da febre reumática inclui:


  • Antibioterapia para erradicação do Streptococcus pyogenes (geralmente penicilina; eritromicina em casos de alergia).


  • Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) como o naproxeno ou ibuprofeno, para controlo da dor articular e da febre.


Em casos de cardite severa, pode ser necessária a administração de corticosteroides. Recomenda-se repouso absoluto em doentes com cardite até que a inflamação cardíaca esteja controlada. A internamento hospitalar pode ser necessário em casos graves ou com envolvimento cardíaco significativo.


Tratamento Definitivo


O tratamento a longo prazo inclui:


  • Profilaxia antibiótica prolongada com penicilina, com o objetivo de prevenir recidivas e novas infeções estreptocócicas que poderiam agravar a cardiopatia reumática.


  • Em doentes com comprometimento cardíaco significativo, pode ser necessário tratamento específico, incluindo cirurgia valvular em fases avançadas.


A reabilitação e o acompanhamento regular com cardiologia são fundamentais para o controlo das sequelas cardíacas.

 
 
 

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