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Febre entérica (Febre tifoide e paratifoide)

MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025



A febre entérica é uma infeção sistémica causada por bactérias do género Salmonella, especificamente Salmonella enterica serotipo Typhi (S. Typhi) no caso da febre tifoide, e Salmonella enterica serotipos Paratyphi A, B ou C (S. Paratyphi) no caso da febre paratifoide[1][3].


Estas doenças são endémicas em regiões com condições sanitárias deficientes, principalmente na Ásia Central e do Sul, Sudeste Asiático, África subsaariana e, em menor grau, América Latina[5].


Sintomas


Os sintomas surgem gradualmente, geralmente entre 8 e 14 dias após a infeção[1]. Os doentes apresentam:


  • Febre alta prolongada (39–40 °C)


  • Cefaleia


  • Mal-estar geral


  • Dor de garganta


  • Dores musculares e articulares


  • Dor abdominal


  • Perda de apetite


  • Náuseas


  • Obstipação inicial, seguida de diarreia ao fim de ~2 semanas


  • Tosse seca


Em alguns casos, pode ocorrer delírio ou estado comatoso[1][3].


Sinais Clínicos


No exame físico, podem observar-se:


  • Febre crescente durante a 1.ª semana, estável na 2.ª e em descida na 3.ª–4.ª semana[5]


  • Bradicardia relativa (dissociação pulso-temperatura)


  • Exantema maculopapular rosado no tórax e abdómen (5–30 % dos casos)[1][2]


  • Hepatoesplenomegalia


  • Língua saburral


  • Distensão abdominal


Exploração Física


A avaliação deve incluir:


  • Medição de sinais vitais, com atenção à temperatura e frequência cardíaca


  • Palpação abdominal para identificar dor, distensão ou hepatoesplenomegalia


  • Observação da pele para exantema característico


  • Avaliação do estado mental e nível de consciência


  • Auscultação pulmonar para possíveis complicações respiratórias


Provas Diagnósticas


O diagnóstico definitivo baseia-se em:


Culturas bacterianas:


  • Hemocultura (mais sensível nas 2 primeiras semanas)


  • Coprocultura (mais sensível entre a 3.ª e 5.ª semana)


  • Cultura da medula óssea (mais sensível, porém invasiva)[1][2]


Testes de sensibilidade a antibióticos – essenciais devido à resistência crescente[2][3]

Em zonas endémicas de malária, recomenda‑se teste rápido para esta infeção[5]

A prova de Widal e outros testes serológicos ou rápidos não são recomendados devido à baixa sensibilidade e especificidade[5].


Manejo em Urgências


O protocolo inclui:


  • Avaliação rápida do estado geral, sinais vitais e nível de consciência


  • Reposição hídrica: iniciar fluidoterapia IV em desidratação ou intolerância oral[5]


  • Controlo da febre com antipiréticos (paracetamol)


  • Coleta de amostras para cultura de sangue e fezes antes do início da antibioterapia


  • Início de antibioterapia empírica:


    • Escolha baseada na sensibilidade local e guias nacionais


    • Tratamento parenteral em casos graves[5]


  • Monitorização próxima por risco de complicações como perfuração intestinal ou hemorragia


  • Isolamento e medidas de controlo de infeções para prevenir transmissão


  • Educação do utente e familiares para completar o tratamento antibiótico e manter higiene


O manejo atempado e adequado reduz significativamente o risco de complicações e mortalidade associadas à febre entérica[3][5].



Citações


 
 
 

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