Febre entérica (Febre tifoide e paratifoide)
- EmergenciasUNO
- 13 de jun.
- 2 min de leitura
MANUAL DE EMERGÊNCIAS 2025
A febre entérica é uma infeção sistémica causada por bactérias do género Salmonella, especificamente Salmonella enterica serotipo Typhi (S. Typhi) no caso da febre tifoide, e Salmonella enterica serotipos Paratyphi A, B ou C (S. Paratyphi) no caso da febre paratifoide[1][3].
Estas doenças são endémicas em regiões com condições sanitárias deficientes, principalmente na Ásia Central e do Sul, Sudeste Asiático, África subsaariana e, em menor grau, América Latina[5].
Sintomas
Os sintomas surgem gradualmente, geralmente entre 8 e 14 dias após a infeção[1]. Os doentes apresentam:
Febre alta prolongada (39–40 °C)
Cefaleia
Mal-estar geral
Dor de garganta
Dores musculares e articulares
Dor abdominal
Perda de apetite
Náuseas
Obstipação inicial, seguida de diarreia ao fim de ~2 semanas
Tosse seca
Em alguns casos, pode ocorrer delírio ou estado comatoso[1][3].
Sinais Clínicos
No exame físico, podem observar-se:
Febre crescente durante a 1.ª semana, estável na 2.ª e em descida na 3.ª–4.ª semana[5]
Bradicardia relativa (dissociação pulso-temperatura)
Exantema maculopapular rosado no tórax e abdómen (5–30 % dos casos)[1][2]
Hepatoesplenomegalia
Língua saburral
Distensão abdominal
Exploração Física
A avaliação deve incluir:
Medição de sinais vitais, com atenção à temperatura e frequência cardíaca
Palpação abdominal para identificar dor, distensão ou hepatoesplenomegalia
Observação da pele para exantema característico
Avaliação do estado mental e nível de consciência
Auscultação pulmonar para possíveis complicações respiratórias
Provas Diagnósticas
O diagnóstico definitivo baseia-se em:
Culturas bacterianas:
Hemocultura (mais sensível nas 2 primeiras semanas)
Coprocultura (mais sensível entre a 3.ª e 5.ª semana)
Cultura da medula óssea (mais sensível, porém invasiva)[1][2]
Testes de sensibilidade a antibióticos – essenciais devido à resistência crescente[2][3]
Em zonas endémicas de malária, recomenda‑se teste rápido para esta infeção[5]
A prova de Widal e outros testes serológicos ou rápidos não são recomendados devido à baixa sensibilidade e especificidade[5].
Manejo em Urgências
O protocolo inclui:
Avaliação rápida do estado geral, sinais vitais e nível de consciência
Reposição hídrica: iniciar fluidoterapia IV em desidratação ou intolerância oral[5]
Controlo da febre com antipiréticos (paracetamol)
Coleta de amostras para cultura de sangue e fezes antes do início da antibioterapia
Início de antibioterapia empírica:
Escolha baseada na sensibilidade local e guias nacionais
Tratamento parenteral em casos graves[5]
Monitorização próxima por risco de complicações como perfuração intestinal ou hemorragia
Isolamento e medidas de controlo de infeções para prevenir transmissão
Educação do utente e familiares para completar o tratamento antibiótico e manter higiene
O manejo atempado e adequado reduz significativamente o risco de complicações e mortalidade associadas à febre entérica[3][5].
Citações
[2] https://www.msdmanuals.com/es/professional/enfermedades-infecciosas/bacilos-gramnegativos/fiebre-tifoidea
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